Os fazendeiros suíços Agnes e Paul Barmettler passaram o verão cuidando de suas vacas em um pasto alpino, transformando o leite cru e gordo do rebanho em queijo amanteigado. O sabor único e forte do queijo que produzem – chamado de Sbrinz - e outros queijos orgânicos, é oriundo das ervas frescas e flores silvestres de Alp Bleiki, o pasto em que os animais ficam de maio até o final de setembro.
Este mês, depois que os rebanhos fizerem sua jornada anual para passar o inverno em pastagens mais baixas, seus queijos artesanais serão postos à venda. E eles não têm nada em comum com o “queijo suíço” genérico vendido nos supermercados dos EUA.
Embora a Suíça exporte anualmente entre 8.000 e 9.000 toneladas de queijo para os Estados Unidos, elas são principalmente variedades 'produzidas em massa'. O verdadeiro queijo alpino que utiliza apenas leite cru de vacas que pastam em gramíneas naturais em altitudes elevadas é mais difícil de encontrar. Mas graças a um programa chamado Adopt-an-Alp, que “combina” os varejistas americanos com produtores de leite suíços, dezenas de lojas especializadas nos EUA agora importam esse queijo diretamente de pastagens alpinas.
Uma delas é a Skagit Valley Food Co-op em Mount Vernon, em Washington, que “adotou” a Alp Bleiki em 2015. A loja inicialmente comprou 10 unidades de queijo (cerca de 68 quilos) do queijo Barmettlers, comprando mais nos anos seguintes. “Ser capaz de trazer um incrível queijo artesanal de pequenos produtores escondidos nos Alpes suíços é uma grande oportunidade”, disse Galen LeGrand, gerente de queijo da cooperativa. Este queijo, que a cooperativa vende por US$ 44 o quilo, "é completamente diferente do que temos nos EUA. Os clientes adoram", acrescentou.
LeGrand segurando queijo alpino de seu "adotado" suíço. (Foto: Caroline Hostettler)
Os Barmettlers também estão felizes em saber que seu produto é apreciado do outro lado do Atlântico. "Estamos honrados que o nosso queijo é amado na América", disse Agnes.
A Adopt-an-Alp é uma criação da expatriada suíça Caroline Hostettler, que administra um negócio de importação de queijos em Fort Myers, na Flórida. Ela fundou o programa em 2013 com uma missão única: "oferecer aos consumidores dos EUA a oportunidade de provar os verdadeiros queijos alpinos e dar aos produtores de leite suíços uma oportunidade de exportar seus produtos que, de outra forma, não chegariam na América do Norte".
A casa de verão dos Barmettlers e a instalação de fabricação de queijos em Alp Bleiki. (Foto: Cortesia da família Barmettler)
O “matchmaking” é feito on-line e, os americanos interessados, podem escolher e negociar diretamente com os agricultores suíços. Atualmente há 80 varejistas nos Estados Unidos que “adotaram” um ou mais - dentre 27 queijeiros alpinos - com base em que tipo de produto estão interessados. Diferentes rebanhos pastam em campos diferentes, configurando os sabores do leite, de modo que o queijo de cada produtor é único.
Mas há também um outro aspecto do Adopt-an-Alp: preservar uma antiga tradição de transumância, que significa que o gado passa meses de inverno em pastagens baixas e sobe para as terras altas na primavera para pastar em pastagens exuberantes a fim de que o leite seja mais saboroso.
Hostettler viajou pelos Estados Unidos e Suíça, encontrando-se pessoalmente com agricultores e varejistas que “são apaixonadas pelo modo como o queijo alpino é produzido”, disse ela. "Somente compreendendo a transumância podemos apreciar plenamente todo o trabalho que esses agricultores fazem”.
LeGrand ainda destacou: "foi uma experiência de mudança de vida", disse ele. "Ganhei muito respeito não apenas pelos queijeiros, mas também pela Suíça como um todo", acrescentou.
Sonja Hoffmann, proprietária da loja on-line RacletteCorner, sediada em Sioux Falls, Dakota do Sul, aderiu ao programa no início deste ano. Ela encomendou 20 unidades de sua especialidade, a raclette - um queijo semi-duro usado para derreter - da Alp Maran, uma fazenda leiteira no leste da Suíça.
Agora ela está divulgando o queijo por meio do seu blog e boletim informativo. "meus clientes estão super empolgados para comprar o excelente queijo raclette alpino da Suíça e apoiam a antuga tradição da transumância", disse ela.
As informações são do USAToday, traduzidas pela Equipe MilkPoint.