Trata-se do melhor resultado trimestral no ano até o momento. Embora a economia tenha mostrado uma aceleração entre os meses de julho e setembro, a melhora se deve principalmente à fraca base de comparação com o trimestre anterior – cujo resultado foi fortemente afetado pela greve dos caminhoneiros no final de maio.
O resultado do PIB veio dentro do esperado. A expectativa da maioria dos analistas era de uma alta entre 0,7% e 0,8% na comparação com o 2º trimestre.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2017, o PIB teve uma alta de 1,1% segundo dados revisados, após dois anos consecutivos de retração. No 1º e no 2º trimestres, a alta foi de 0,2%.
Veja os principais destaques do PIB no 3º trimestre:
- Serviços: 0,5% - melhor resultado desde o 2º tri de 2017, puxado pelo setor de transportes
- Indústria: 0,4% - primeiro resultado positivo do ano
- Agropecuária: 0,7%
- Consumo das famílias: 0,6% - melhor resultado desde o 3º tri de 2017
- Consumo do governo: 0,3% - 1ª alta após duas quedas seguidas
- Investimentos: 6,6% - melhor resultado desde o 4º trimestre de 2009
- Construção civil: 0,7%
- Exportação: 6,7% - melhor resultado desde o 1º tri de 2010
- Importação: 10,2%
Segundo Rebeca Palis, gerente da pesquisa, com este resultado, apesar da melhora, o PIB ainda se encontra no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012. “Em relação ao pico da série, que foi no 1º trimestre de 2014, a gente ainda está 5% abaixo daquele patamar”, destacou. "No trimestre passado, ainda estava no patamar de 2011. Então, aos poucos está melhorando esse patamar e se aproximando do pico antes da crise e das quedas sucessivas, que foi lá em 2014".
Entre todos os componentes do PIB, a única queda foi do segmento de eletricidade e gás, água esgoto, que recuou 1,1%. “Isso é totalmente explicado pelo aumento tarifário, já que tivemos três bandeiras vermelhas, o que significa que tivemos que acionar as térmicas, que têm um custo maior”, explicou a gerente da pesquisa, Rebeca Palis.
Recuperação lenta e efeitos extraordinários
O avanço no 3º trimestre também está ligado a motivos extraordinários como mudanças no regime de tributação no setor de óleo e gás (Repetro), que impulsionou a contabilização da importação de plataformas de petróleo como estoque de capital e influenciou significativamente a alta dos investimentos e das importações.
O resultado incorporou também os dados revisados das contas nacionais dos últimos dois anos. No início do mês, o IBGE divulgou que a retração da economia em 2016 foi menor, de 3,3%, ante 3,5% divulgado anteriormente.
Com as revisões, crescimento do PIB em 2017 foi revisado de alta de 1% para avanço de 1,1%. O IBGE também revisou o resultado do 1º trimestre, de uma alta de 0,1% para uma expansão de 0,2%,
Alta de 1,1% no acumulado no ano
No acumulado em 12 meses, o PIB cresceu 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no acumulado em 2018, o PIB cresceu 1,1%, em relação a igual período de 2017, mesmo ritmo registrado no 2º trimestre, o que mostra que o ritmo de recuperação segue lento, sem ganho de tração.
Para 2018, a média do mercado prevê que a economia brasileira irá crescer 1,39% no consolidado no ano, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, em linha com o esperado pelo governo (1,4%). Para o ano que vem, a expectativa para a expansão do PIB segue inalterada em 2,5%.
Consumo segue como motor do PIB
O consumo das famílias manteve trajetória de recuperação, com alta de 0,6%, o melhor resultado desde o 3º trimestre de 2017. O consumo das famílias continua sendo o principal motor da recuperação da economia, sustentado pela expansão da massa salarial em meio à queda da taxa de desemprego, ainda que em ritmo lento e puxada pelo aumento da informalidade.
"Mesmo você tendo um investimento acima da taxa de consumo das famílias, ela tem peso três vezes superior. O consumo das famílias pesa mais de 60% na composição do PIB, enquanto o investimento pesa menos de 20%", explicou Rebeca Palis.
“O crescimento do PIB, se deve ao crescimento da demanda interna principalmente pelo consumo das famílias, influenciado pela melhora no mercado de trabalho, no crescimento da ocupação de emprego com o crescimento da remuneração média, apesar desse crescimento ter sido de uma qualidade um pouco pior”, acrescentou.
Do lado da oferta, o grande destaque do trimestre foi transportes, que cresceu 2,6% na comparação com o trimestre anterior, e ajudou a impulsionar o desempenho do setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB.
"Isso tem relação direta com a greve dos caminhoneiros, já que tivemos um resultado depreciado no 2º trimestre. Se olharmos internamente, esse aumento foi justamente no transporte de cargas, não de passageiros", destacou.
Na lanterninha da recuperação, segue a construção civil, que apesar da alta de 0,7% na comparação com o 2º trimestre, registrou a 18ª queda seguida na comparação interanual e continua limitando a recuperação dos investimentos.
"Foi a atividade econômica mais afetada na época da crise e muito afetada pela condição dos gastos do governo, porque tem uma parte importante que é do investimento público. Além do mais, a gente tem investimento grande em infraestrutura que foi bastante afetado", avaliou Rebeca Palis.
As informações são do jornal O Globo.