Pesquisa analisa gestão de resíduos em fazendas leiteiras no Brasil, Chile e Argentina

Uma pesquisa avaliou percepções, necessidades e obstáculos para o manejo adequado de dejetos em fazendas de leite na América do Sul. O objetivo foi identificar prioridades para estratégias de gerenciamento e transferência de tecnologias para melhorar a gestão dos resíduos.

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Uma pesquisa avaliou percepções, necessidades e obstáculos para o manejo adequado de dejetos em fazendas de leite na América do Sul. O objetivo foi identificar prioridades para estratégias de gerenciamento e transferência de tecnologias para melhorar a gestão dos resíduos. A consulta foi realizada no Brasil, Chile e Argentina, entre março de 2015 e novembro de 2017, com 593 produtores de leite, técnicos, consultores, funcionários de fazendas, prestadores de serviços, estudantes, pesquisadores e representantes de instituições públicas e de laticínios.

É o primeiro estudo que analisa as percepções do público de interesse sobre o manejo de dejetos na América Latina, considerando três países diferentes, onde o setor de lácteos é uma indústria forte.

Os três possuem 70% dos rebanhos leiteiros da América do Sul e produzem 73% do leite. Dessa forma, a gestão de resíduos é importante devido ao grande volume produzido e ao impacto ambiental que práticas inadequadas podem causar.

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De acordo com o pesquisador Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), nesses países, na maioria das vezes, os resíduos da produção de leite são utilizados de forma incorreta, sem considerar as limitações ambientais, aumentando as chances de causar impactos negativos, como contaminação do solo, emissão de gases e odores para o ar e poluição das águas. “O uso como fertilizante ou para produção de biogás são alternativas para se fazer o manejo de resíduos na propriedade. Mas a falta de gestão ou aplicação em excesso pode resultar em danos ao meio ambiente”, explica Palhares.

Cerca de 90% dos entrevistados reconhece o esterco como um bom fertilizante. Em relação à produção de biogás, 60% consideram uma opção eficaz para tratamento de dejetos animais. No entanto, o manejo complexo, os altos custos e a falta de conhecimento e de leis específicas foram apontados como obstáculos para se fazer a gestão adequada. Também, os entrevistados indicaram necessidades para um melhor gerenciamento: ter um manual de com práticas para o manejo dos resíduos, disponibilidade de equipamentos e tecnologias e acesso a análises laboratoriais para caracterização dos resíduos.

Da amostra total, 52% que responderam o questionário são argentinos, 308 pessoas. Brasileiros, 37% (217) e chilenos, 11%. Em relação à profissão, 77% são produtores de leite.

Algumas diferenças aparecem de acordo com o país. Especificamente, em relação ao Brasil, quase todos os entrevistados concordaram com o uso de esterco como fertilizante e que o usariam para substituir o adubo mineral. Para 80% dos brasileiros a biodigestão é uma boa opção para o manejo. Pouco mais de 60% afirmou que os odores são poluentes e um percentual elevado acredita que não há regulamentação adequada no Brasil para esse tema.

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Palhares ressalta que apesar das semelhantes condições produtivas, culturais, econômicas e ambientais dos países, observaram-se diferenças entre o Brasil e os outros dois países. “Isso é resultado dos diferentes níveis de desenvolvimento da aplicação de regulações e programas voltados ao manejo dos resíduos leiteiros. No caso do Chile e Argentina, a discussão sobre o tema e, consequentemente, a sua internalização pelos envolvidos está mais avançada que no Brasil. Por exemplo, no Chile já há alguns anos empresas bonificam o produtor pelas suas práticas ambientais. No Brasil isso começa a ser implementado”, conta.

Os resultados podem contribuir para que esses países estabeleçam planos de manejo dos resíduos, desenvolvimento de políticas públicas e programas de pesquisa e educação.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste, Universidade de Buenos Aires, Instituto de Investigações Agropecuárias (INIA – Chile), Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA – Argentina) e Universidade Tecnológica Nacional (Argentina).

E você produtor de leite? Como vem manejando o esterco na sua propriedade? Compartilhe conosco a sua experiência! wink

As informações são da Embrapa Pecuária Sudeste.

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José Carlos Azevedo
JOSÉ CARLOS AZEVEDO

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/08/2018

Já se fazia necessário e de maneira mais efetiva a valorização do homem do campo e principalmente e do produtor de leite. Ainda não o é, infelizmente, porquanto falta o reconhecimento de alguns setores "ativos" da agropecuária. Os encargos para a manutenção de rebanho de leite, principalmente no tocante aos pequenos produtores de leite é infinitamente dispendioso. O leite, em sua concepção, vejo como situação extraordinariamente da providência divina. De um dia para outro uma matriz de qualidade ou não produz o leite. Um desafio e um estímulo a ser estudado minuciosamente. Um programa mais abrangente seria bem vindo, onde haveria a condição para compra de matrizes producentes e com o pagamento de acordo com o leite produzido por cada uma delas. Se existe tal órgão, em verdade não se propaga adequadamente para o apoio que deveria ser incondicional e de conhecimento de quem deveria. Uma outra situação aflitiva é ver as condições de curral a curral de sua possibilidade de produzir o leite que fornece. Nesta área os órgãos de condições ambientais deveriam estar atentos para trazer melhorias sensíveis evitando a contaminação do produto a ser entregue a associações ou cooperativas. Esta situação, estou levantando em relação a minha região produtora, Norte Fluminense, que conheço e vejo a falta de zelo pela entrega do lácteo.
Enfim, prego um melhor condicionamento ao produtor que está esquecido e certamente, com respaldo poderia transpor todas as dificuldades, a olhos vistos, se por parte dos órgãos criados, com este objetivo, estivessem mais atentos e sabendo que este Setor possui condições bem superiores as praticadas no momento e com tudo para deslanchar. É só uma questão de parar e pensar no quanto poderíamos melhorar um setor de ganho diário e não respeitado à altura do que merece
José Carlos Azevedo
Advogado aposentado
Pequeno produtor de Leite/ Itaperuna RJ
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