Paulo Machado, da Clínica do Leite: "adiar a IN-51 é um grande risco"

Para Paulo: "Postergar a data de vigência da alteração dos padrões da IN 51 é um grande risco para a cadeia do leite. Se a sociedade souber que se está propondo alteração na data para permitir que seja comercializado leite, que em outros países é impróprio para consumo, e que isto está sendo feito por questões econômicas, de sobrevivência no negócio de uma pequena parte da sociedade brasileira, em detrimento da grande maioria da sociedade, pode haver um boicote ao consumo de leite.

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O professor Paulo Fernando Machado, da Esalq-Usp e diretor da Clínica do Leite, em Piracicaba (SP), enviou um comentário a nossa enquete: "Você acha que os novos limites da IN51 devem ser colocados em prática?".

Para o professor Paulo, "Postergar a data de vigência da alteração dos padrões da IN 51 é um grande risco para a cadeia do leite. Se a sociedade souber (e saberá - vide a reportagem recente da Folha de São Paulo) que se está propondo alteração na data para permitir que seja comercializado leite, que em outros países é impróprio para consumo, e que isto está sendo feito por questões econômicas, de sobrevivência no negócio de uma pequena parte da sociedade brasileira, em detrimento da grande maioria da sociedade, pode haver um boicote ao consumo de leite.

Isto é extremamente perigoso, pois a competição pelo espaço promovida por outros tipos de bebidas, como refrigerantes e sucos, é imensa. Toda a credibilidade da cadeia (que hoje é alta) pode ser abalada. Os produtores não devem permitir que isto aconteça. Eles precisam lutar para que a qualidade do leite seja uma realidade para todo o leite consumido pela população.

É o mínimo que se deve exigir para quem precisa convencer alguém a comprar seu produto para fornecê-lo, como alimento, a seu filho. Muitas indústrias, também, não querem a alteração na data, mas demandam que haja uma intensa fiscalização por parte do MAPA para evitar que o leite rejeitado por uma indústria não seja destinado a outra, criando uma competição desleal no mercado."
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Arllison Barra
ARLLISON BARRA

VOLTA REDONDA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/01/2012

Esta prorrogação que vem acontecendo N51 é nada mais nada menos

que uma retardação a produção de leite de qualidade no pais,muitos  e muitos  produtores ainda não tem  responsabilidade social no que se diz respeito produção de leite. O leite é uma matéria prima que não existe possibilidade de alteração ou enriquecimento nutritivo na industria ela tem que chegar na industria com qualidade para que possamos beber realmente leite.
Kellyyusss!
KELLYYUSSS!

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/05/2011

Concordo com vários pontos dos comentários anteriores. Em especial, concordo que a Indústria deveria sim remunerar o produtor pela qualidade de seu produto. A remuneração diferenciada gera o estímulo necessário à uma produção com qualidade. O que vemos a campo, muitas vezes, não é fata de conhecimento, mas sim a falta de "ação" do produtor no seu dia a dia em primar pela qualidade. Sabemos das dificuldades enfrentadas pelos produtores no seu dia a dia. Porém, apesar de conhecerem práticas simples de produção como desprezo dos 3 primeiros jatos, caneca de fundo escuro, pré e pós dipping, CMT, etc, que são fundamentais para manutenção da qualidade do leite, o que vejo a campo são produtores que ignoram essas práticas no seu dia a dia. Será que isso ocorre apenas por falta do pagamento por qualidade? O governo e a indústria têm sim o papel e a obrigação de levar condições dignas de trabalho, assintência e conhecimento ao produtor, mas fazer a "tarefa de casa" cabe ao produtor apenas. As mudanças na IN 51 são preocupantes sim, partindo do princípio que o produtor se sente desamparado e incapaz. Porém são mudanças necessárias para se chamar a atenção de todos os brasileiros para a qualidades deste alimento tão importante que estamos produzindo com negligência, sem a devida responsabilidade.
claudio bufulin
CLAUDIO BUFULIN

CASTILHO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/03/2011

Parabens a colega Cristina Sutil Bombonato pelos argumentos usados em seu comentario. Como já disse ninguem quer produzir porcaria, mas se não for dada condições para melhorar a produção e a produtividade não havera saida. Não havera IN51 que de jeito. Falou-se muito e nada foi feito, o pequeno produtor, aquele de duas vacas, aquele que não entrega leite a dez dias, é aquele que somado a muitos outro na mesma condição que mantem os laticinios funcionando. Nada foi feito por estes laticinios ou pelo governo para mudar a situação destes, digamos assim, coitados produtores. O governo quer qualidade internacional no leite os laticinios tambem pois diminuem os custos do beneficiamento do produto contaminado que recebem, e o que ambos fizeram para mudar isto nestes anos todos? NADA. Apenas ameaçam os produtores de não mais pegar o leite e pagam pelo produto cada vez menos, tirando a cada dia a possibilidade do pequeno produtor melhorar sua qualidade, pois sem dinheiro no bolso ninguem consegue melhorar nada, e os laticinios pagando cada vez menos so jogam terra em cima do defunto produtor.
É uma vergonha querer acabar de matar o produtor de leite com a IN 51 sem que haja uma atitude de investimento por parte dos laticinios e do governo nestes produtores.
O grande já é grande possui seu proprio laticinio e não esta nem ai com os outros.
As cooperativas nada fazem para ajudar seu cooperado a não ser ameaçar e pagar cada vez menos pelo produto recolhido. E o governo então? So falta proibir os pequenos de produzirem e mandar matar as vacas.
E se todos os pequenos tiverem de parar? Sera que os pomposos laticinios vão subsistir?
Um velho ditado: Se as cidades forem queimadas e o preservado as cidades ressurgirão. Mas se queimarem o campo e preservarem as cidades estas desaparecerão.
Espero que haja inteligencia em todos. Não para prorrogar ainda mais a IN51 mas para não fazer dela uma catástrofe.
Cris Bombonato
CRIS BOMBONATO

SANTA LÚCIA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/03/2011

bom dia!
realmente o que os colegas disseram e a realidade.Realidade essa que muitos acham que no papel funciona mas na pratica não.Nosso país possui poucos conscientes produtores o que temos são muitos "tiradores" de leite.Ha muitas familias que sobrevivem pelos interiores deste Brasil tirando leite de duas ou uma
vaca. O que conhece esses de CBT e CCS? e quem sabe ate da IN51?e como podem importarem tanto com papeis se o que precisamos e de educação aos que desconhecem? As indústrias estão cada vez mais preocupadas em contratar profissionais para atender questões de qualidade como BPF, APPCC mas, e a materia prima quem vai cuidar, orientar,educar?Se tivermos qualidade e condições adequadas no campo muito dos problemas serão resolvidos mas, como ?se continuamos a comprar muito leite de fora e não dar a devida atenção ao produzido aqui? Condições essas do dia dia um bom exemplo e, como esta agora muita chuva e as estradas estão um caos tem produtor que faz dez dias que o caminhão não pega o leite.E aí?quem vai jogar leite fora?Quem vai pagar por esse leite? quem vai pagar as contas do produtor?Quem esta nessa altura preocupado CBT e CCS e IN51? São questões que me pergunto.
valdinei grapiglia
VALDINEI GRAPIGLIA

CONSTANTINA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/02/2011

Olá, boa tarde a todos!
Muito interessante este debate/discussão, no entanto, acredito que seja de concorância de todos que será uma grande burrice prorogar mais uma vez oque já está sendo empurado com a barriga a anos, afinal.TODOS QUE CONHECEMOS A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE SABEMOS DOS PROBLEMAS VERGONHOSOS QUE TEMOS QUANTO A QUALIDADE!
É gratificante encontrar propriedades empenhadas em produzir um produto cada dia mais com um padrão de qualidade superior, no entanto é deprimente saber que estes bravos produtores não tem tido o devido reconhecimento que merecem. Reconhecimento este pelas entidades da cadeia produtiva, órgãos fiscalizadores e consumidores (isto mesmo, inclusive pelos consumidores).
- Quando cito as entidades da cadeia produtiva, falo das falhas que as nosssas cooperativas tem e da dificuldade que tem em superá-las, dos órgãos públicos de ensino e pesquisa, que pouco tem conseguido agregar para uma produção tecnifica e que estimule o crescimento das propriedades de forma massiva e não apenas "gatos pingados", ainda sou obrigado a citar as empresas não idôneas que a gente encontra por este Brasil a fora enganando os produtores com "produtos milagrosos", entre tantos outros fatos que poderiamos citar aqui.
- Quando cito a falta de reconhecimento e valorização dos órgãos fiscalizadores me refiro à alguns fatos lamentavelmente vergonhosos que ocorrrer. Falo isto me referindo principalmente as empresas não idôneas que são coniventes com a produção de leite sem qualidade, e até muitas vezes com adulterações no produto, isto acontece principamente em empresas filiadas ao SISPOA.Como pode isto existir? Como pode existir uma legislação para uma empresa e para o seu vizinho outra lei somnte por que o órgão fiscalizador é outro? Ai as empresas que são enquadradas no SIF tentam coibir estas falhas da cadeia produtiva(afinal a legislação obriga) e chegam estas empresas ligadas ao SISPOA e coletam leite com problema ou ainda adulterado (ou ainda elas mesmo fazem a adulteração) e tudo passa de baixo dos nossos olhos!!! QUE PAIS É ESSE ?
- Bem, pra finalizar mais uma vez falo dos nossos consumidores que ao primeiro alarme que a mídia solta de que "o leite está inflacionando a sexta básica", já param de consumir leite, passam pra outros produtos e o produtor que acorda as 5 da manhã, de baixo de chuva, frio, geada muitas vezes, que investe todo dinheiro que tem e que não tem pra melhorar a produção, que precisa deste suado dinheiro para pagar as suas contas, para por comida na mesa, etc, vê seu "lucrinho" ir todo pelo ralo. Por quê meus senhores? Por que alguem acha que produzir leite é só ir lá e puxar a teta da vaca e por na caixinha, ai na hora que o filho pede um refrigerante (nada contra, eu tambpem tomo) ou outros tantos exemplos que temos (a própria água que compramos em garrafas) vai lá e paga muito mais que paga por um litro de leite e nem reclama, por que ?? Talvez parte deste problema os culpados sejamos nós mesmos.
Duilio Mata de Souza Lima
DUILIO MATA DE SOUZA LIMA

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/02/2011

Professor Paulo, parabéns pelo artigo, mas como produtor e consumidor de produtos lácteos e observador do comportamento de quem consome estes produtos gostaria de salientar que nossa população consumidora não sabe nem do que se trata a IN 51 muito menos que ela existe. Saliento ao Sr. e aos leitores que para falarmos de qualidade de leite precisamos mudar o rótulo das embalagens porque já procurei em todas as marcas de leite longa vida e nunca encontrei a CBT do leite que ali está envasado, nem a CCS e muito menos se ele foi reconstituído ou não e existe uma legislação para tal como uma tarja alaranjada caso seja oriundo de reconstituição de leite em pó. A respeito da fiscalização gostaria de saber o que está ocorrendo com o leite fora da legislação atual e qual o seu destino, uma vez que a Clinica do Leite é o laboratório referência no país e envia relatórios mensais ao MAPA. E o Sr. como diretor dela poderia nos dizer quantos % das análises atuais se enquadrariam na nova fase da IN 51.
Wilson Igi
WILSON IGI

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/02/2011

Concordo com o ponto de vista do Dr. Paulo Machado desde que os limites atuais para CBT e Celulas Somáticas estejam atualmente sendo cumpridos, o que não acredito, principalmente pela falta de fiscalização do MAPA; portanto passar para a próxima etapa sem ter cumprido com a anterior é querer tapar o sol com a peneira.
Paulo Mauricio B. Basto da Silva
PAULO MAURICIO B. BASTO DA SILVA

JARAGUÁ DO SUL - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/02/2011

Não devemos ser utópicos e sonhadores.

A maioria do leite, infelizmente, hoje, não atende aos padrões da IN 51.

Acredito que o adiamento é apenas uma forma inteligente de mostrar que os padrões exigidos inicialmente para um produto (leite) que teve forte controle de preços ao longo de mais de 50 anos não estavam corretos em termos de evolução para se atingir.

E, todos, sabemos, que a fisclização fragementada entre federal, estadual e municipal leva a distorções.

Porém, continuo acreditando que cada laticínio deve fazer a sua parte e buscar a evolução (melhoria) que puder conseguir e o produtor precisa entender e valorizar que qualidade é premissa.
ROGERIO ALVES
ROGERIO ALVES

BOM JESUS DE GOIÁS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/02/2011

boa tarde á todos os usuarios do milkpoint.

bom como eu gostaria que tudo fosse verdade, o leite produzido no brasil estivesse realmente como estão falando.

a in 51 que tinha especificado 1.000.000 de cbt e 1.000.000 de ccs não conseguimos atingir, pois aproximadamente 60 % do leite do brasil está fora da normativa, praticamente todos os tanques comunitarios estão fora dos padrões e mais normativa in 5l não se trata somente de ccs e cbt.

temos que avaliar melhor os resultados das analises pois não é esta a realidade.

rogerio alves
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