![]() | Paulo Fernando Andrade Corrêa da SilvaPaulo Fernando Andrade Corrêa da Silva é Engenheiro Mecânico e Produtor Rural. Trabalhou trinta anos na General Motors, tendo sido residente junto à Adam Opel AG da Alemanha e GM Powertrain nos USA. Atualmente é presidente da Associação de Produtores de Leite Independentes de Santa Isabel, no RJ. |
MilkPoint: Breve descrição profissional:
Paulo Fernando: Engenheiro Mecânico pela UFF com especialização em Engenharia Automotiva no GM Institute, Flint Michigan e Planejamento Estratégico em Vevey, na Suíça. Trabalhou trinta anos na General Motors, tendo sido residente junto à Adam Opel AG da Alemanha e GM Powertrain nos USA. Implementou a planta de motores em Rosário, na Argentina, no sistema lean manufacturing (Toyota Production System). Paralelamente, nos fins de semana e nas férias da indústria, se dedicou, em Santa Isabel do Rio Preto/RJ, às atividades da pecuária de leite, formando, com aquisições sucessivas, a Fazenda Córrego da Serra.
Atualmente é presidente da APLISI.
MilkPoint: O que é a APLISI?
Paulo Fernando: A APLISI, Associação dos Produtores de Leite Independentes de Santa Isabel do Rio Preto, Valença, RJ, foi criada em 2002. A associação surgiu da necessidade dos produtores de leite, o elo fraco da cadeia produtiva, se posicionarem frente aos demais segmentos que processam e comercializam o leite. Ela tem como principal objetivo tornar viável a atividade de produzir leite.
Diferentemente do conceito das Cooperativas de um produto final, com a confecção de queijo, manteiga e outros derivados, a nossa associação visa apenas uma dinâmica de venda da matéria prima, produzindo a sinergia necessária para alcançar um preço condizente com a atividade, dentro do conceito de que a união faz a força.
A APLISI objetiva também a capacitação dos produtores e seus colaboradores, através de reuniões, palestras e cursos.
MilkPoint: Como a APLISI tem trabalhado em relação a comercialização do leite?
Paulo Fernando: Todos os anos, no mês de Maio, é encaminhado às empresas compradoras de leite da região, um Edital de Licitação definindo as regras para a compra, por um período de 12 meses, do leite produzido pelos associados da APLISI. Principais características da licitação:
- Preço base do leite indexado ao Índice do CEPEA-MG. A proposta da empresa compradora deve conter, apenas, uma porcentagem sobre o CEPEA-MG que definirá o preço base para o contrato anual.
- Planilha da APLISI, a ser usada pelo comprador, definindo ágio e deságio para o leite de cada produtor de acordo com as seguintes características do leite: volume, teor de gordura, proteína, CCS e CBT. Cada produtor recebe um preço pelo leite produzido, de acordo com o volume, e, com as características de sólidos e qualidade do seu produto.
- Todo o processo de logística e coleta do leite e das amostras para análise em laboratório fica sob responsabilidade do comprador.
MilkPoint: Como a APLISI tem trabalhado em relação à união de produtores?
Paulo Fernando: Os produtores associados assinam, anualmente, um Termo de Compromisso, concordando em vender o leite ao comprador escolhido pela Assembléia Geral da APLISI, por um período de 12 meses. Assim, o produto que está sendo objeto do contrato entre a APLISI e o comprador, é a somatória de todo o leite produzido pelos associados por um período de 365 dias.
O comprador, por exemplo, passa a ter em um único contrato uma produção de cerca de 20 mil litros diários, economizando tempo, dinheiro e esforços necessários ao arrebanhamento de matéria prima. Além da garantia do fornecimento estável e de qualidade pelo período contratado.
A APLISI tem apenas um funcionário, o secretário, que tem a função principal de acompanhar o comprimento do contrato, zelando para que o produtor associado receba o valor correto pelo leite que forneceu à empresa contratada.
MilkPoint: O que difere a atuação da APLISI de outras associações?
Paulo Fernando: A nossa visão da APLISI é de que ela é um meio e não um fim. Com esse conceito, conseguimos ser objetivos na nossa tarefa primária sem desvios de rumo. Assim, ela não se preocupa em coordenar atividades conjuntas de como, por exemplo, compra de insumos, subsídios ou outro tipo de esforço secundário, canalizando todo o seu potencial para a comercialização do leite.
Seguem algumas outras particularidades da APLISI que acreditam ser particularidades:
- Voto na Assembléia Geral proporcional à produção de leite no contrato anterior.
- Volume mínimo de leite para admissão na APLISI definido pela Assembleia Geral.
- Tanque individual.
- Definição da área geográfica de atuação da APLISI visando manter a competitividade da licitação.
- Subsídio de 0,5% para manutenção da associação, descontado diretamente na fonte pelo comprador.
MilkPoint: Quais as dificuldades que uma associação relativamente nova possui no setor?
Paulo Fernando: No relacionamento com as empresas compradoras, temos encontrado da parte de algumas, não todas, a seguinte atitude: "não tratamos com associações organizadas, não fazemos contrato de compra de leite, não pagamos por qualidade".
Acreditamos que existe a necessidade da regulamentação do relacionamento comercial entre o produtor de leite e das empresas compradora. Assim como a IN 51 regulamenta a produção de leite, a venda do leite deveria ser feita, mandatoriamente por contrato entre o produtor e o comprador. Sem pagamento por qualidade, reforçado por instrumento legal, a produção de leite no Brasil continuará sem o progresso na qualidade que necessitamos para alcançar os padrões que, por exemplo, acabei de ler no artigo do Marcelo Carvalho sobre a produção de leite na Holanda.
Conheça um pouco mais sobre o Paulo Fernando Andrade Corrêa da Silva, em sua participação na seção Nossa Comunidade.
Equipe MilkPoint

