O Centro de Inovação para Lácteos dos Estados Unidos em seu Relatório de Globalização de 2009 classificou o Brasil como uma das poucas nações emergentes que poderiam eventualmente se tornar exportadoras de lácteos e fornecer competição com preço menores aos Estados Unidos. Porém, nos últimos dois anos, ao invés de progredir, o setor de lácteos brasileiro deu alguns passos para trás em termos de exportação.
O clima desfavorável, os baixos preços ao produtor e os altos custos dos insumos em 2009 e 2010 prejudicaram a produção de leite. O crescente consumo doméstico reduziu o excedente exportável do país. Os firmes ganhos do real com relação ao dólar e o peso argentino prejudicaram a competitividade de exportação. Além disso, problemas de qualidade e ineficiência afetam a indústria. A produtividade por vaca tem sido historicamente de menos de um terço da média dos Estados Unidos.
"A falta de infraestrutura em um país das proporções do Brasil resulta em uma desigualdade de produção: existem pontos isolados de excelência, com fazendas de alta tecnologia produzindo leite de qualidade excepcional, mas a maioria consiste de pequenos produtores com rebanhos de menos de 25 vacas com registros inconsistentes de qualidade", disse a representante da América do Sul do USDEC, Sonia Amadeo. "A qualidade do leite afeta as exportações: o Brasil pode enviar principalmente para África e para importadores que não têm parâmetros rígidos para contagem de células somáticas e outros requerimentos de qualidade".
A consolidação e os investimentos deveriam ajudar, mas até agora, não cumpriram as expectativas. Além disso, os especialistas disseram que o Brasil tem potencial para ser um participante formidável no mercado mundial de lácteos. Isso pode apenas demorar mais do que se pensava. Recentemente, alguns sinais positivos surgiram:
- O Governo aumentou o suporte à indústria, anunciando em junho um programa de empréstimos agrícolas de US$ 67 bilhões;
- Uma nova regulamentação visando melhorar a qualidade do leite foi lançada no mês passado, requerendo que os produtores mantenham o leite refrigerado na fazenda enquanto esperam transporte para a planta de processamento;
- Os preços ao produtor deverão ficar em média em 30-40% mais altos em 2011-2015 que em 2006-2007;
- O país terá um importante impulso aos investimentos públicos e privados por causa da Copa Mundial de 2014 e das Olimpíadas de 2016, eventos que, historicamente, impulsionam melhoras de infraestrutura, bem como o consumo de lácteos;
- A China, que está se tornando um importante investidor em recursos naturais na América do Sul, está tendo interesse particular no Brasil, investindo milhões na produção agrícola e infraestrutura visando garantir suas necessidades de alimentos.

Em última análise, o quão rapidamente o Brasil se tornará um competidor nas exportações pode depender da determinação do país. O Brasil mostrou que pode ser uma potência agrícola internacional quando desenvolveu suas indústrias de carne bovina, de aves, de soja e de etanol. Porém, o país que já foi líder na produção de cacau, essencialmente saiu do mercado para buscar o que considerou como produtos mais lucrativos. A questão é se os lácteos se tornarão uma prioridade e comandará uma participação adequada de investimentos para crescer ou se vão seguir o caminho do cacau.
As informações são do USDEC, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
