ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Papel das proteínas da dieta no envelhecimento saudável - Parte 1

POR JULIANA SANTIN

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 26/05/2010

10 MIN DE LEITURA

0
0
Introdução

A população de idosos nos Estados Unidos está crescendo e os idosos estão vivendo mais (1). Um número estimado de 19,3% (72,1 milhões) de pessoas da população dos Estados Unidos terá 65 anos de idade ou mais até 2030 comparado com 12,8% (38,9 milhões) em 2008 (1). No Brasil, em 2008, havia 21 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, superando a população idosa de vários países europeus, como a França, a Inglaterra e a Itália, segundo a Síntese de Indicadores Sociais divulgada em outubro de 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda em 2008, havia 9,4 milhões de pessoas com 70 anos ou mais no País, 4,9% da população total. Entre 1998 e 2008, a proporção de idosos (60 anos ou mais) aumentou de 8,8% para 11,1%. Com o envelhecimento, existe uma maior incidência de perda de massa muscular e óssea, o que pode aumentar o risco de sarcopenia e osteoporose, respectivamente (2-5). À medida que o número de pessoas mais velhas continua crescendo, a sarcopenia e a osteoporose deverão se tornar cada vez mais preocupações de saúde pública.

A sarcopenia é uma perda involuntária, progressiva, relacionada à idade, de massa muscular (2-4). Essa condição está associada com uma menor força, perda funcional, fragilidade, quedas, incapacidade, perda da independência e melhor qualidade de vida em idosos (6,7). A sarcopenia afeta um número estimado de 30% das pessoas com idade de 60 anos ou mais e mais de 50% das pessoas com mais de 80 anos (8). No ano 2000, US$ 18,5 bilhões em cuidados com saúde foram diretamente atribuídos à sarcopenia nos Estados Unidos (9).

A osteoporose (ossos porosos) é uma doença caracterizada pela redução da massa óssea e deterioração estrutural do tecido ósseo, levando à fragilidade dos ossos e maior risco de fraturas, especialmente do quadril, espinha-dorsal e pulso, apesar de qualquer osso poder ser afetado (2,10). Essa doença afeta um número estimado de 55% das pessoas com idade de 50 anos ou mais (10). Em 2005, as fraturas relacionadas à osteoporose foram responsáveis por custos estimados de US$ 19 bilhões nos Estados Unidos, o que provavelmente aumentará para aproximadamente US$ 25,3 milhões até 2025 (10).

Dada a natureza debilitante e a carga econômica da sarcopenia e da osteoporose, a prevenção e efetivamente tratamento dessas condições relacionadas à idade é uma importante meta da saúde pública (2). Múltiplos fatores, tanto relacionados à genética como ao meio-ambiente, contribuem para essas desordens (6-8,10,11). A boa nutrição e a atividade física, ao ajudar a reduzir os riscos e desacelerar a progressão das perdas ósseas e musculares relacionadas à idade, podem ajudar os idosos a se manter ativos e independentes e potencialmente reduzir os custos nacionais com cuidados de saúde (2).

A proteína da dieta é crítica para o desenvolvimento de músculos e ossos e um crescente número de pesquisas sugere que o aumento modesto na ingestão de proteína acima da atual quantidade recomendada (12) pode ajudar a preservar a massa muscular de adultos (isto é, reduzir os riscos de sarcopenia) e massa óssea (isto é, reduzir os riscos de osteoporose) (2-6,13-16). Esse artigo revisa as recentes descobertas relacionadas ao papel da proteína da dieta na otimização da saúde dos músculos e dos ossos em idosos.

Atuais recomendações de ingestão de proteína

A atual recomendação de ingestão de proteína feita nos Estados Unidos, chamada de Dosagem Diária Recomendada (Recommended Daily Allowance - RDA) é de 0,8 gramas por quilo de peso corpóreo por dia em adultos com idade de 19 anos ou mais (12). Assim, uma pessoa com peso médio de 70 quilos teria que consumir idealmente 56 gramas de proteína por dia. Uma análise de estudos de curto prazo sobre o balanço de nitrogênio em adultos jovens foi usada para estabelecer essa RDA para proteína. Embora o método de balanço de nitrogênio possa ser apropriado para determinar a quantidade mínima de proteína necessária para evitar deficiência (17,18), se é ou não é o melhor método para determinar as recomendações de ingestão de proteínas para se ter uma saúde ótima é discutível (2-7,14,19-22). Em particular, pesquisadores argumentam que a atual RDA para proteína não lida adequadamente com as mudanças que ocorrem com o envelhecimento, como menor massa muscular, maior massa de gordura, reduções na ingestão de alimentos e atividade física e maior ocorrência de doenças (2,6). Com o envelhecimento, existe um decréscimo voluntário na ingestão de energia. Quando as necessidades de energia não são supridas, a proteína se torna uma fonte alternativa de energia, o que pode subsequentemente aumentar os requerimentos de proteínas. Devido às várias limitações na técnica de balanço de nitrogênio, uma delas é que ela não mede qualquer ponto clinicamente relevante (como massa de musculatura esquelética), esse método pode subestimar os requerimentos ótimos de proteínas para adultos mais velhos (2,5,13,14,22).

O Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM, sigla em inglês) também estabeleceu um alcance aceitável de distribuição de macronutrientes (AMDR, sigla em inglês) para proteína dietética de 10-35% da ingestão diária de energia para adultos (12). O AMDR está mais de acordo com o conceito de ingestão ótima de nutrientes, em oposição à ingestão mínima recomendada refletida pela RDA (12). Em termos práticos, para um indivíduo que consome uma dieta de 2.200 quilocalorias por dia, a média do alcance de proteína seria de 20% da energia, o que corresponderia a 110 gramas de proteína por dia (12).

O papel da proteína da proteína dietética na otimização do músculo e na redução de risco de sarcopenia

A perda muscular na sarcopenia resulta de um desequilíbrio entre síntese protéica e taxas de degradação de proteína (6,7,11,23). A ingestão de proteína dietética é a forma primária de estimular a síntese de proteína muscular aumentando a disponibilidade de aminoácidos, especificamente os essenciais (indispensáveis), resultando em um estado anabólico (síntese de proteínas musculares) após a refeição (6,23-27).

A ingestão inadequada de proteínas e a menor atividade física são dois fatores chaves para a perda de músculo em idosos (6,11). Apesar de muitos norte-americanos suprirem ou excederem a atual RDA para proteína, dados de pesquisas feitas no país indicam uma tendência em direção à redução na ingestão de proteínas com o avanço da idade (28). Apesar de algumas descobertas conflitantes, é geralmente aceito que as taxas basais (no jejum) de síntese de proteína muscular não diferem substancialmente entre jovens e idosos (3,23,27,29). Entretanto, o aumento na síntese de proteína muscular em resposta a refeições contendo somente pequenas quantidades de proteína parece ser menos intensa em idosos comparada com adultos mais jovens e pode ser um fator chave responsável pelo declínio na musculatura esquelética relacionado à idade (3,4,11,20,23,29-31). Felizmente, pesquisas recentes indicam que uma resposta semelhante à da juventude pode ser restaurada em adultos mais velhos incorporando exercícios regulares e um aumento moderado no consumo de proteínas e aminoácidos essenciais (2-4,6,7,11,27,32-35).

Quantidade de proteína. Vários estudos observacionais sugerem que a RDA para proteína pode não ser suficiente para manter a massa muscular em adultos mais velhos (27,36-38). No estudo coorte chamado Health, Aging and Body Composition (Health ABC), feito nos Estados Unidos com adultos de 70 a 79 anos, as pessoas do grupo com maior consumo de proteína ajustado ao de energia (1,1 gramas por quilo por dia ou 15,9% da energia) perderam aproximadamente 40% menos massa magra e massa magra apendicular (somatório da massa muscular dos braços e das pernas) durante três anos do que os adultos do grupo com menor consumo de proteína ajustado à energia (0,7 por quilo por dia ou 10,9% da energia) (37).

Em um recente estudo longitudinal com 862 mulheres residindo na comunidade (não em instituições para idosos) na Austrália com idade de 75 ± 3 anos, as pessoas no grupo com maior ingestão de proteína (>87 gramas por dia ou 1,64 gramas por quilo por dia ou 20,4% da energia) no começo do estudo tiveram 5,3% ais massa muscular magra, 6,6% maior massa muscular magra apendicular e 11,5% maior massa muscular no braço após cinco anos, independente da idade, tamanho do corpo, ingestão de energia e nível de atividade física, do que as pessoas no grupo com menor ingestão de proteína (<66 gramas por dia ou 0,84 gramas por quilo por dia ou 17,7% da energia) (38).

Existem evidências razoáveis de que a ingestão de proteína moderadamente maior do que 0,8 gramas por quilo por dia pode ser benéfica para idosos, embora a ingestão ótima de proteína para reduzir os riscos ou minimizar a perda muscular associada com a sarcopenia ainda precisa ser conclusivamente estabelecida (2,6,21,39,40). Apesar de alguns pesquisadores sugerirem que a RDA para proteína de adultos mais velhos não difere de forma significante da de adultos mais jovens (18), outros sugerem que a ingestão de proteínas dentro da faixa de 1,0 gramas por quilo por dia a 1,5 gramas por quilo por dia para adultos mais velhos é necessária para ajudar a reduzir a perda progressiva de massa muscular (2,3,6,14,21,39).

Além da ingestão total diária de proteína, a quantidade de proteína em refeições individuais parece ser importante para idosos. As descobertas de estudos examinando proteínas intactas e aminoácidos essenciais e síntese de proteínas sugerem que o consumo de refeições contendo aproximadamente 25 a 30 gramas de proteína de alta qualidade (~10-15 gramas de aminoácidos essenciais) estimularia de forma máxima a síntese de proteínas musculares em idosos (4,5,33,35,41). Além disso, uma revisão recente propôs que o consumo dessa quantidade de proteína em cada refeição pode desacelerar ou reduzir os riscos de perda muscular com o envelhecimento (4).

Referências bibliográficas

1. Administration on Aging, U.S. Department of Health and Human Services. A Profile of Older Americans: 2009.
2. Gaffney-Stomberg, E., K.L. Insogna, N.R. Rodriquez, et al. J. Am. Geriatr. Soc. 57: 1073, 2009.
3. Paddon-Jones, D., K.R. Short, W.W. Campbell, et al. Am. J. Clin. Nutr. 87(suppl): 1562s, 2008.
4. Paddon-Jones, D., and B.B. Rasmussen. Curr. Opin. Clin. Nutr. Metab. Care 12: 86, 2009.
5. Layman, D.K. Nutr. Metabol. 6: 12, 2009.
6. Wolfe, R.R., S.L. Miller, and K.B. Miller. Clin. Nutr. 27: 675, 2008.
7. Kim, J.S., J.M. Wilson, and S.R. Lee. J. Nutr. Biochem. 21: 1, 2010.
8. Doherty, T.J. J. Appl. Physiol. 95: 1717, 2003.
9. Janssen, I., D.S. Shepard, P.T. Katzmarzyk, et al. J. Am. Geriatr. Soc. 52: 80, 2004.
10. National Osteoporosis Foundation. Fast Facts on Osteoporosis. Washington, DC: National Osteoporosis Foundation, 2008. www.nof.org/osteoporosis/diseasefacts.htm.
11. Boirie, Y. J. Nutr. Health Aging 13: 717, 2009.
12. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine of the National Academies. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington, DC: The National Academy Press, 2005.
13. Wolfe, R.R. Am. J. Clin. Nutr. 87(suppl): 1582s, 2008.
14. Elango, R., M.A. Humayun, R.O. Ball, et al. Curr. Opin. Clin. Nutr. Metabol. Care 13: 52, 2010.
15. Spence, L.A., and C.M. Weaver. J. Nutr. 133(suppl): 850s, 2003.
16. Heaney, R.P., and D.K. Layman. Am. J. Clin. Nutr. 87(suppl): 1567s, 2008.
17. Wolfe, R.R. Am. J. Clin. Nutr. 84: 475, 2006.
18. Campbell, W.W., C.A. Johnson, G.P. McCabe, et al. Am. J. Clin. Nutr. 88: 1322, 2008.
19. Campbell, W.W., T.A. Trappe, R.R. Wolfe, et al. J. Gerontol. A. Biol. Sci. Med. Sci. 56: M373, 2001.
20. Cuthbertson, D., K. Smith, J. Babraj, et al. FASEB J. 19: 422, 2005.
21. Campbell, W.W., and H.J. Leidy. J. Am. Coll. Nutr. 26(suppl): 696s, 2007.
22. Wolfe, R.R., and S.L. Miller. JAMA 299: 2891, 2008.
23. Phillips, S.M. Appl. Physiol. Nutr. Metab. 34: 403, 2009.
24. Biolo, G., K.D. Tipton, S. Klein, et al. Am. J. Physiol. 273(1 Pt 1): E122, 1997.
25. Paddon-Jones, D., M. Sheffield-Moore, C.S. Katsanos, et al. Exp. Gerontol. 41: 215, 2006.
26. Volpi, E., H. Kobayashi, M. Sheffield-Moore, et al. Am. J. Clin. Nutr. 78: 250, 2003.
27. Timmerman, K.L., and E. Volpi. Curr. Opin. Clin. Nutr. Metabol. Care 11: 45, 2008.
28. Fulgoni, V. Am. J. Clin. Nutr. 87(suppl): 1554s, 2008.
29. Koopman, R., and L.J. van Loon. J. Appl. Physiol. 106: 2040, 2009.
30. Guillet, C., M. Prod'homme, M. Balage, et al. FASEB J. 18: 1586, 2004.
31. Katsanos, C.S., H. Kobayashi, M. Sheffield-Moore, et al. Am. J. Clin. Nutr. 82: 1065, 2005.
32. Koopman, R., L. Verdijk, R.J.F. Manders, et al. Am. J. Clin. Nutr. 84: 623, 2006.
33. Symons, T.B., S.E. Schutzler, T. L. Cocke, et al. Am. J. Clin. Nutr. 86: 451, 2007.
34. Koopman, R., S. Walrand, M. Beelen, et al. J. Nutr. 139: 1707, 2009.
35. Paddon-Jones, D., M. Sheffield-Moore, X.J. Zhang, et al. Am. J. Physiol. Endocrinol. Metab. 286: E321, 2004.
36. Chaput, J.P., C. Lord, M. Cloutier, et al. J. Nutr. Health Aging 11: 363, 2007.
37. Houston, D.K., B.J. Nicklas, J. Ding, et al. Am. J. Clin. Nutr. 87: 150, 2008.
38. Meng, X., K. Zhu, A. Devine, et al. J. Bone Miner. Res. 24: 1827, 2009.
39. Morais, J.A., S. Chevalier, and R. Gougeon. J. Nutr. Health Aging 10: 272, 2006.
40. Campbell, W.W. Nutr. Rev. 65: 416, 2007.
41. Symons, T.B., M. Sheffield-Moore, R.R. Wolfe, et al. J. Am. Diet. Assoc. 109: 1582, 2009.


Baseado no artigo "Dietary Protein's Role in Healthy Aging", do National Dairy Council - Dairy Council Digest Archives, Volume 81, Número 2 Março/Abril de 2010.

JULIANA SANTIN

Médica veterinária formada pela FMVZ/USP. Contribuo com a geração de conteúdo nos portais da AgriPoint nas áreas de mercado internacional, além de ser responsável pelo Blog Novidades e Lançamentos em Lácteos do MilkPoint Indústria.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures