Pagamento por qualidade seria o melhor estímulo para atingir as normas de qualidade, segundo pesquisa

Em dezembro passado o MilkPoint lançou uma enquete para saber de seus leitores o que precisaria ser feito para que as normas de qualidade fossem atingidas pela maioria. O pagamento por qualidade foi o item mais citado pelos leitores, com 25% das respostas.

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Em dezembro passado o MilkPoint lançou uma enquete para saber de seus leitores o que precisaria ser feito para que as normas de qualidade fossem atingidas pela maioria. O pagamento por qualidade foi o item mais citado pelos leitores, com 25% das respostas (Gráfico 1). Como as respostas eram dissertativas, foram classificadas e agrupadas para que a compilação fosse feita de forma assertiva.

A pesquisa contou com a participação de cerca de 200 respostas de produtores e técnicos de diversas regiões do Brasil, e resposta que mais se repetiu foi a obrigatoriedade das indústrias pagarem seus produtores pela qualidade do leite, sendo uma forma de bonificar aqueles que têm o compromisso de promover um produto com baixas contagens de células somáticas e bacterianas totais, além de penalizar os que não possuem essa preocupação. "Todas as empresas deveriam fazer o pagamento por qualidade, na grande maioria a conscientização acontece pelo bolso" disse o produtor Eliziario Pedrozo.

Em segundo lugar, com 16% das respostas, aparece a necessidade de ter assistência técnica para assistir as fazendas para que atinijam as metas das normas de qualidade, como cita o agricultor Alcivan José Rodrigues de Oliveira: "é preciso assistência técnica especializada, integral e permanente".

Com 13%, aparece a preocupação em ter agentes que fiscalizem o trabalho nos laticínios, exigindo deles a comprovação de que seus produtores possuam qualidade dentro da normativa. Nesse contexto, apareceram muitos argumentos semelhantes ao do produtor Giovani Dalla Valle: "o mais importante é o trabalho de fiscalização aos laticínios, pois sempre que houver empresas que comprem leite sem qualidade adequada, o produtor não irá se sujeitar a modificar seu manejo rústico e pouco eficiente a fim de melhorar a qualidade."

Gráfico 1: O que precisaria ser feito para que as normas de qualidade fossem atingidas pela maioria?

Figura 1


Algumas respostas interessantes foram selecionadas e estão apresentadas abaixo:

"Acredito que uma coisa a ser feita é o cadastramento do produtor de leite diretamente com os laboratórios de análise. Esta relação direta pode ser usada para montagem de um prontuário online, que pontue de alguma forma esse produtor e, portanto, possa medir sua evolução, mesmo que ele mude de laticínio (Hugo Zardo Filho, Médico Veterinário)."

"Sugerimos que as indústrias sejam classificadas pelo poder público, através de um site; ou selo de classificação (tipo o selo usado em geladeiras para consumo de energia); ou outra forma mais inteligente que o consumidor perceba. Essa classificação se daria em função dos resultados de qualidade (CBT, CCS, inibitórios e Etc.) de coletas amostras regulares, executadas pelos próprios fiscais, em todos os caminhões de coleta ou carretas que descarregam em cada planta SIFADA por período ininterrupto de 2 a 3 dias e analisadas na RBQL. Sabemos que os critérios (pesos e valores) deverão ser desenvolvidos, mas também tudo indica que quem faz a qualidade acontecer é a indústria e quem faz a indústria agir em qualquer mercado do mundo é o consumidor; o poder público arbitra (regula); o Poder Público classifica; o consumidor escolhe; a indústria exige; a pesquisa desenvolve; o técnico assiste e produtor faz a qualidade. (Lomanto Arantes Moraes, Consultor)."

"Sugestões do Grupo de qualidade do leite da USP - Centro de Estudos sobre Qualidade do Leite da USP - QualiLeite-USP :

1 - Deveriam ser mantidos os limites propostos originalmente na IN-51, de 400 mil células somáticas por mL e de 100 mil unidades formadoras de colônias por mL;

2 - Devem ser escritas e publicadas as "Normas de Destinação do Leite", num prazo máximo de 120 dias, com conteúdo tal que o leite não conforme não continue a ser consumido pela população, visto que hoje ele é consumido sem nenhuma implicação negativa para a saúde pública, e que este produtor não seja penalizado, porém que haja uma previsão de advertência às indústrias por estarem recebendo este leite;

3 - As "Normas" sejam escritas com a participação de representantes dos envolvidos no processo, com a ajuda de profissionais especialistas no assunto;

4 - A advertência às indústrias contenha orientação em implantar o "Programa de Melhoria da Qualidade do Leite" junto à estes produtores não conformes, já previsto na IN-51;

5 - O "Programa de Melhoria" seja acompanhado e fiscalizado pelos técnicos do MAPA;

6 - O "Programa de Melhoria" tenha metas claras para o indicador "Porcentagem de Produtores Abaixo dos Limites Previstos na IN-51". Por exemplo, uma indústria que tenha 50% de produtores abaixo de 400 mil células somáticas por mL deve, num prazo de um ano, atingir 60%, dois anos 70%, três anos 80%, quatro anos 90%, cinco anos 95% e seis anos 97%;

7 - Se a indústria não atingir as metas previstas, que ela seja autuada.

Desta maneira o MAPA estaria mantendo a proposta original da IN-51, sem, no entanto, penalizar ninguém, mas contribuindo efetivamente para a melhoria da qualidade do leite. As indústrias e os produtores teriam um prazo de até seis anos para se adequarem aos limites estabelecidos. O MAPA teria um indicador concreto para verificar a eficiência do "Programa de Melhoria". Como consequência deste posicionamento, haveria implicações sociais positivas, com desdobramentos políticos extremamente favoráveis aos atuais gestores do processo. "

"Sugiro 3 pontos:

1- Indústria: a indústria está posicionada estrategicamente na cadeia. Se o leite não melhorou com o pagamento por qualidade, é porque a diferenciação sinalizada ao produtor pela indústria não foi suficiente para estimulá-lo a investir. Grande parte do problema está na indústria; os EUA, que tem legislação atual equivalente à nossa IN51 em CCS, classifica por qualidade o leite em tipo A (leite fluido e queijos moles) ou tipo B (queijos duros e leite em pó). Aqui temos 90% do mercado fluido em longa vida, que só "sobrevive" a esta vida longa a custa de estabilizantes, ao contrário do resto do mundo. Porque não estimular a indústria a retirar esse estabilizante do fluido e direcionar o leite não conforme para pó ou queijos de massa cozida? Segregar leite é o primeiro recurso da evolução; a indústria que lançar o primeiro longa vida sem estabilizantes vai iniciar esse processo.

2- Legislação: uma forma de iniciar uma evolução gradual da normatização seria criar sanções aos não conformes na legislação atual (IN51 em vigor) desde já e adiar as novas regras.

3- Melhoria da qualidade: acredito no que disse a Dra Pamela Ruegg quando perguntada por que os EUA tem baixa CCS e nós não temos: "Enquanto os produtores não forem obrigados a descartar vacas com CCS alta, ninguém vai fazê-lo por livre e espontânea vontade". Para fazer isso, precisamos iniciar um programa com bom senso, misto da aplicação gradual da legislação com estímulo comercial por qualidade diferencial. (Roberto Jank Jr., Produtor)."

Mesmo com a prorrogação dos prazos para os novos padrões de qualidade do leite por meio da IN62, o assunto ainda está em debate. E é de consenso geral que um trabalho de qualidade do leite só será efetivo se tiver participação de todos os elos da cadeia e com isso as responsabilidades estarão compartilhadas. O que você acha dessas sugestões? Deixe seu comentário!
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Luiz Antônio Garcia de Carvalho
LUIZ ANTÔNIO GARCIA DE CARVALHO

LUZ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/02/2012

Parabens hermenegildo, é isso ai.

Temos um program de erradicação de Brucelose e Tuberculose a 10 anos, só que ele não funciona, somente garante os empregos de seus gestores e a lei que o o criou serve para enganar os "gringos".

Se realmente queremos qualidade, primeiro temos que fazer o dever de casa, eliminar as doenças transmissiveis aos homens e animais e vice versa.....
Hermenegildo de Assis Villaça
HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 27/02/2012

 Nada no mundo é de graça
A maioria dos laticínios continuam pagando por quantidade.
Qualidade è dentro e fora da porteira. Em ambos os casos falta FISCALIZACÃO.
Quando e se os laticínios pagarem por QUALIDADE, aqueles dentro da porteira naturalmente vão melhorar a qualidade;obviamente se a remuneração for adequada.
Dentre todos os cuidados sanitários nossos produtores deveriam ter suas propriedades LIVRES de  brucelose e tuberculose  sendo isto premiado de
alguma maneiora pela indústria e grandes atacadistas.
Isto seria o grande e primeiro passo, se pretendemos algum dia sermos exportadores de lácteos, para aqueles que podem pagar bem.
O brasileiro  em todas as atividades,produtos primários, semi faturados e faturados TEM que pensar,planejar ,agir e fiscalisar GRANDE.
Luiz Antônio Garcia de Carvalho
LUIZ ANTÔNIO GARCIA DE CARVALHO

LUZ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2012

É isso ai Marcelo, você está mais do que certo, fato semelhante ocorre com o Plano Nacional de Eradicação da Brucelose e Tuberculose, se os animais forem positivos para as doenças devem ser sacrificados sem nenhuma indenização ao produtor, as propriedades que tem principalmente a tuberculose, normalmente tem de 20 a 60% de seu rebanho acometido, se sacrificar como manda o programa tira o produtor da praça, seria cômico se não fosse trágico....
Márcio Barbosa Lima de Oliveira Macêdo
MÁRCIO BARBOSA LIMA DE OLIVEIRA MACÊDO

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2012

Prezados Senhores.

As indústrias que pagam por qualidade precisam melhorar ainda mais o valor pago ao produtor. Não é fácil para o médio produtor ficar descartando vacas produtivas ou vacas de mais idade em detrimento da CCS. A maioria não tem como repor esses animais de imediato. Se o produtor já anda com a corda no pescoço como é que ele vai diminuir ainda mais o seu volume de leite?

Minha gente, precisa acabar com essa hipocrisia, nos vivemos em um país continental de clima quente e úmido onde o controle da CCS se torna uma luta árdua e injusta, as condições climáticas aqui são extremamente favoráveis ao desenvolvimento de patógenos. Tem que haver uma parceria muito forte entre indústria e produtor para tentar trabalhar de forma razoável. Será que a indústria vai chegar junto do produtor para ajudá-lo efetivamente? Eu duvido, ela só chega para cobrar ou punir o produtor com queda de preço.

O governo e os institutos de pesquisa precisam estarem atentos a todos questionamentos possíveis, não é simplesmente baixar uma norma e pronto.

Eu já presenciei várias situações de produtores que tiveram de se desfazer de mais de 30% do seu rebanho para que não ficasse sendo penalizado, isso é justo? O que ele recebeu foi muito pouco. Para receber preço tabela cheia é impossível nesse ambiente que se produz. Em regiões de clima temperado com certeza a luta é mais fácil.

Atenciosamente,
Márcio Macêdo.
Clésio Henrique Ematné
CLÉSIO HENRIQUE EMATNÉ

AIURUOCA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 07/02/2012

Estamos diante de um divisor de águas. É fato que a in51 veio para mudar todo sistema produtivo da cadeia leiteira, isso envolve não somente os produtores,mas também os laticínios, que muitas vezes usam essa ferramenta para remunerar o produtor. Tem laticínios que não segue nenhum critério e muito menos a norma para coleta das amostras. Eu acompanhei a coleta de amostras e fiquei decepcionado: Concha de plástico em cima do banco do caminhão e depois a mesma usada p/ coleta, mãos sujas, cx de isopor sem refrigeração...  no final do mês quem foi penalizado por pagamento de qualidade? Voces sabem a resposta não é mesmo.
Luiz Antônio Garcia de Carvalho
LUIZ ANTÔNIO GARCIA DE CARVALHO

LUZ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2012

A sugestão de nº 1 é muito interessante, enquanto for permitido às industrias fornecer leite "longa vida" à população, nunca vai acontecer qualquer programa de qualidade, não interessa a elas investir em qualidade se podem esterelizar todos os patógenos e também a microbiota boa do leite, para que comprar leite com qualidade?....
Joseph Crescenzi
JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 07/02/2012

O caminho para obter leite com qualidade é um processo que envolve principalmente os sete itens mais votados acima.

Nos EUA, tem o CWT http://www.cwt.coop .  A CWT é a primeira linha de auto-fiscalização além de promover muitos benefícios como propaganda,  apoio á capacitação, promove o controle do rebanho em quantidade e qualidade, fornece seguro e muito mais. É uma entidade financiado pelo produtor e sua função é somente apoio ao produtor. A taxa equivalente á R$0,007/litro é cobrado de cada produtor voluntariamente.

Com uma produção nacional brasileira em torno de 20+ Bilhões de litros ano, representaria uma entidade Do Produtor com R$ 140 Mi para investir em nosso favor.

fausto andrade de castro
FAUSTO ANDRADE DE CASTRO

CAXAMBU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2012

Parabens a Milkpoint, pela reportagem e acho que o pagamento por qualidade e o melhor caminho. Fausto
Daniel Correia Cavalcante
DANIEL CORREIA CAVALCANTE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2012

Convido aos amigos Produtores de Leite a ler este excelente artigo disponibilizado pelo MilkPoint. Precisamos buscar a melhoria continua dos nossos processos produtivos e estar em conformidade com as instruções, regulamentações, legislações, etc, para que possamos contribuir com toda a cadeia produtiva, para que cheguem à mesa da população brasileira produtos de qualidade. Entretanto clamo ao MAPA apoio aos produtores, pois atingir as metas de qualidades exigidas pela IN 51 aumentou muito o custo de produção.
José de Ribamar dos Santos
JOSÉ DE RIBAMAR DOS SANTOS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2012

Parabns pela matéria. Achei interessante o gráfico anexo que destaca pontos importantes na cadeia produtiva, tais como fiscalização, energia elétrica e estradas bem cuidadas. Aliás, o item "estradas" é o calcanhar de Aquiles, onde as Prefeituras necessitam atuar proativamente e com mais responsabilidade.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2012

Prezados Senhores: Acedito que não é só pagando por qualidade que o cenário vai mudar. Isto já vem sendo efetivado, pelos sérios laticínios, e não resolveu. Somente a entrada em vigor de uma legislação coercitiva é que vai obrigar aos produtores e à indústria a se adaptarem aos modelos adequados de produção e qualidade. Infelizmente, o que temos verificado é um constante adiamento da vigência desta, em detrimento do consumidor e dos produtores profissionais deste País.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Paulo R. F. Mühlbach
PAULO R. F. MÜHLBACH

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/02/2012

Muito válido a enquete em si, seus resultados e as pertinentes sugestões apresentadas.


Agora, ficamos no aguardo de uma participação e manifestação contundente de alguém da indústria, que, certamente, deve ter algo a dizer a respeito, ou será que não?
Angelo Garbossa Neto
ANGELO GARBOSSA NETO

CURITIBA - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/02/2012

Acredito que o caminho é esse. E, não é mudando a IN que vai resolver o problema da qualidade do leite.

Outra coisa é que todas as indústrias fiscalizadas, sejam elas, federais, estaduais, ou municipais terem os mesmos critérios e  exigirem o seu cumprimento, caso contrário os produtores continuarão pulando de uma para outra.
Mary Ane Aparecida Gonçalves
MARY ANE APARECIDA GONÇALVES

PONTA GROSSA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA LATICÍNIOS

EM 06/02/2012

Adorei a matéria, concordo com a abordagem e venho oferecer meus serviços:

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