OMS pede proibição de gorduras trans industriais até 2023

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu aos governos que eliminem a gordura trans produzida industrialmente e oferecida por meio dos alimentos até 2023. A agência estima que - a cada ano - o consumo de gordura trans leva a mais de 500.000 mortes por doenças cardiovasculares.

Publicado por: MilkPoint

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu aos governos que eliminem a gordura trans produzida industrialmente e oferecida por meio dos alimentos até 2023. A agência estima que - a cada ano - o consumo de gordura trans leva a mais de 500.000 mortes por doenças cardiovasculares.

As gorduras trans produzidas industrialmente são encontradas em gorduras vegetais endurecidas, como a margarina, e muitas vezes em lanches e alimentos assados e fritos. Os fabricantes usam a gordura trans porque ela tem uma vida útil mais longa que as outras gorduras.

Figura 1

Um guia de seis etapas - chamado REPLACE - surgiu depois que a OMS abriu uma consulta até 1º de junho para revisar as diretrizes preliminares sobre a ingestão de gorduras trans e gorduras saturadas por adultos e crianças. Ele inclui a substituição de gorduras trans por gorduras e óleos mais saudáveis, criando consciência do impacto negativo na saúde e monitorando o conteúdo no fornecimento de alimentos e mudanças nos padrões de consumo.

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O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse: "a implementação das seis ações estratégicas no pacote REPLACE ajudará a alcançar a eliminação da gordura trans e representará uma importante vitória na luta global contra as doenças cardiovasculares".

A OMS recomenda que o consumo total de gordura trans seja limitado a menos de 1% da ingestão total de energia, o que é inferior a 2,2 g/dia com uma dieta de 2000 calorias. Segundo a instituição, as dietas ricas em gorduras trans aumentam o risco de doenças cardíacas em 21% e as mortes em 28%.

A Aliança Internacional de Alimentos e Bebidas (IFBA) disse que os membros estão reduzindo os ácidos graxos trans produzidos industrialmente de óleos parcialmente hidrogenados (FO) em produtos para não mais de 1 g de ácidos graxos trans por 100 g de produto até o final de 2018. Acrescentou que substituirão as gorduras trans por outros tipos de gorduras. “Apelamos aos produtores de alimentos em todos os setores para que atuem prontamente e estamos prontos para apoiar medidas efetivas para trabalhar na eliminação da gordura trans produzida industrialmente e garantir condições equitativas nesta área”, disse o grupo que conta com Danone, Ferrero, General Mills, Mars, Mondelez, Nestlé, Kellogg's, PepsiCo e Unilever como membros.

O Centro de Escolha do Consumidor (CCC, na sigla em inglês) disse que a OMS deve se concentrar na erradicação de doenças infecciosas, em vez de policiar as escolhas alimentares de adultos. "A proibição proposta é apenas mais uma intromissão arbitrária na vida dos consumidores e parte de uma tendência maior de regulação paternalista", disse David Clement, gerente de Assuntos Norte-Americanos do grupo, que depende do financiamento de doadores privados.

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“Não só a proibição aumentará os custos, mas é desnecessária, já que nos países desenvolvidos, como o Canadá, por exemplo, 97% da oferta de alimentos já é isenta de gordura trans. Direcionar as gorduras trans enquanto o mundo em desenvolvimento luta contra os surtos de ebola é uma grande apropriação indevida do tempo e da energia da OMS”.

Perspectiva mundial diferente

Alguns governos proibiram os óleos parcialmente hidrogenados, a principal fonte de gorduras trans produzidas industrialmente. A Dinamarca foi o primeiro país a restringir as gorduras trans produzidas industrialmente em 2003 e as mortes por doenças cardiovasculares diminuíram mais rapidamente do que em países comparáveis.

"Atualmente, temos sete países na região da Europa que têm uma proibição legal de gordura trans", disse João Breda, chefe do Escritório Europeu de Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis da OMS. No entanto, a OMS alertou que a ação é necessária em países de baixa e média renda, onde os controles geralmente são mais fracos. A cidade de Nova York eliminou a gordura trans produzida industrialmente há uma década.

O embaixador global da OMS para doenças não transmissíveis, Michael R. Bloomberg, disse: "Proibir as gorduras trans na cidade de Nova York ajudou a reduzir o número de ataques cardíacos sem mudar o sabor ou o custo dos alimentos. A eliminação do uso em todo o mundo pode salvar milhões de vidas”.

O presidente do Centro para a Ciência no Interesse Público (CSPI), Peter G. Lurie, disse que o óleo parcialmente hidrogenado é raro nos EUA e a indústria poderá cumprir o prazo de 18 de junho da Food and Drug Administration para eliminar isto.

"Proibir as gorduras trans na cidade de Nova York ajudou a reduzir o número de ataques cardíacos sem mudar o sabor ou o custo dos alimentos. A eliminação do uso em todo o mundo pode salvar milhões de vidas”, Peter G. Lurie, Presidente do Centro para a Ciência no Interesse Público (CSPI)

“Ainda amplamente utilizado na Índia, Rússia, África, Oriente Médio e outros lugares, o óleo parcialmente hidrogenado é um potente contribuinte para doenças cardiovasculares e é exatamente o tipo de coisa que a OMS e governos em todo o mundo deveriam ter como alvo em seus esforços de saúde pública”.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.

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