NZ: indústria e governo tomam medidas para proteger as vias fluviais do país

Cada vez mais se fala sobre a criação de gado leiteiro na Nova Zelândia e os possíveis impactos no meio ambiente. Essas preocupações estão sendo tratadas como graves problemas pelos produtores e pelo governo. A questão em torno do dano causado em grande parte pelo gado às vias fluviais do país tem estado em pauta durante anos e atingiu o auge durante a campanha eleitoral geral de 2017.

Publicado por: MilkPoint

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Cada vez mais se fala sobre a criação de gado leiteiro na Nova Zelândia e os possíveis impactos no meio ambiente. Essas preocupações estão sendo tratadas como graves problemas pelos produtores e pelo governo. A questão em torno do dano causado em grande parte pelo gado às vias fluviais do país tem estado em pauta durante anos e atingiu o auge durante a campanha eleitoral geral de 2017.

Mais vacas leiteiras

De acordo com dados oficiais, o tamanho do rebanho leiteiro no país aumentou 68,6% entre 1994 e 2017, de 3,8 milhões para 6,5 milhões. Para 'abrir caminho' para estes animais, o número de ovinos diminuiu 12,5% nos cinco anos até 2017. Os pastos onde antes havia ovelhas foram entregues a fazendas de produção de leite intensiva. Algumas delas foram irrigadas para ajudar o pasto a crescer.

Segundo os ambientalistas, a urina de bovino é rica em nitrogênio e penetra nas águas subterrâneas e nos cursos d'água, fazendo com que as algas tóxicas cresçam - um problema agravado pelo uso de fertilizantes nitrogenados. O esterco de vaca também é considerado responsável pela poluição da água. Como resultado, os neozelandeses, que uma vez desfrutaram de altos níveis de pureza da água, expressaram preocupações sobre sua saúde.

Em Canterbury, uma das regiões mais poluídas do país, mães grávidas são aconselhadas a testar a água da torneira para evitar a “síndrome do bebê azul”, uma doença potencialmente fatal que acredita-se que seja causada por nitratos. Além disso, os especialistas acreditam que quase três quartos das espécies nativas de peixes de água doce estão sob ameaça, em grande parte devido às excreções de gado.

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E uma vez vistos os rios de fluxo livre sendo reduzidos a um gotejamento, a água é usada para acomodar as necessidades dos laticínios, levando os grupos ambientais a reduzirem o tamanho do rebanho nacional a níveis mais manejáveis para o meio ambiente.

Figura 1

Ação do governo

No final do ano passado, o governo lançou um plano para tornar 90% dos rios “nadáveis” até 2040. Para conseguir isto, estipulou que até 2020 criará novas regras para suspender a "degradação da água doce", prometendo uma melhoria notável na qualidade da água em cinco anos.

O governo desenvolverá uma declaração de política nacional para a gestão de água doce, com o propósito de garantir que todos os aspectos de preservação do ecossistema sejam gerenciados, proporcionando maior orientação sobre como estabelecer limites ao uso de recursos e melhor proteção de áreas úmidas e estuários.

Espera-se que um novo padrão nacional de ambiente regule as atividades que colocam em risco a qualidade da água, como o pastoreio intensivo de inverno, o cultivo nas colinas e os confinamentos.

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Espera-se que emendas sejam feitas à Lei de Gestão de Recursos nos próximos 12 meses para implementar mais rapidamente os limites de qualidade e quantidade de água, e também para fortalecer as ferramentas de fiscalização para melhorar a conformidade ambiental. "Novas regras significarão controles sobre os excessos de algumas práticas intensivas de uso da terra", disse o ministro do Meio Ambiente, David Parker. Também significará que "nossas áreas úmidas e estuários remanescentes estarão mais protegidas".

Medidas leiteiras

Os laticínios também vêm tomando medidas em todo o país. De acordo com o diretor executivo do setor industrial DairyNZ, Tim Mackle, os produtores já isolaram 97% das hidrovias em suas fazendas de gado com cercas, as quais tornam impossível para as vacas leiteiras entrarem em um rio e deixarem seu esterco lá. “Nos últimos dez anos, os produtores também investiram significativamente em sistemas de manejo de efluentes que trabalham com a terra e a DairyNZ continua investindo milhões de dólares em pesquisa, ciência e tecnologia que cuidarão de nossas hidrovias”, disse Mackle.

Na região central da Ilha Norte de Waikato, Ian Taylor escolheu um sistema que excedia em muito os padrões mínimos ao construir um novo lago de efluentes em sua fazenda de gado leiteiro, na região de Puketaha. “Optei por uma lagoa que era o dobro do tamanho que eu precisava, de 2.000 metros cúbicos. Eu queria construir alguma contingência, porque as regras do conselho regional mudaram – e quem sabe não mudam novamente, nos próximos dez anos”, contou.

Durante a maior parte da última década, John Hayward trabalhou em um plano para tornar a fazenda que ele é co-proprietário em uma das mais sustentáveis em Waikato. Novas lagoas de efluentes serão o investimento mais recente, somando-se a uma longa lista de trabalhos que incluem regeneração de terras úmidas, plantação de faixas ripárias e barreiras em vias fluviais.

“Utilizar lagoas torna muito mais simples para nós e tira o estresse. Isso se encaixa em onde queremos estar em nossos negócios”, disse Hayward. "Estamos passando por um processo em torno disso agora e há uma oportunidade de adicionar outra lagoa no meio da fazenda também, em vez de ter uma grande”.

A indústria acredita que as alegações intensificadas de que a agricultura contribui para o declínio da qualidade da água são imprecisas. A realidade é que todos os tipos de uso da terra contribuem para a qualidade da água e Mackle enfatiza que todos os segmentos da agricultura, de vegetais e frutas ao gado e até vinho, devem trabalhar juntos para garantir que as vias fluviais estejam protegidas. "Os rios mais poluídos correm pelos centros urbanos e é aí que o público também pode fazer o seu trabalho", enfatizou. "Os agricultores, a indústria e as empresas que não priorizam cuidar de canais, devem ser responsabilizados".

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.

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