Nova Zelândia: Compra de fazendas pela China gera descontentamentos e receios
Após um processo de revisão que durou mais de 12 meses, o Governo neozelandês aprovou no mês passado a venda de 16 propriedades do grupo Crafar Farms à companhia chinesa. Essa venda gerou descontentamentos e receios por parte da população.
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 2 minutos de leitura
Diante disso, essa venda foi um componente pequeno dentro de uma relação comercial de NZ$ 10 bilhões (US$ 7,85 bilhões) por ano entre China e Nova Zelândia, que em 2008 se tornou a primeira nação desenvolvida a assinar um acordo de livre comércio com Pequim.
Porém, a aprovação da venda gerou uma intensa controvérsia no país, que é dependente da produção rural (maior exportador de lácteos do mundo). O Primeiro Ministro John Key é acusado de se vender a interesses estrangeiros. A maior oposição, que vem do Partido Trabalhista que classificou a decisão como "um golpe baixo" nos produtores rurais neozelandeses, enquanto Winston Peters do populista Partido New Zealand First classificou a medida como "traição econômica".
"Os alimentos produzidos em terras com acesso a água são um recurso cada vez mais valioso em um mundo finito com uma população crescente e uma redução nos recursos hídricos", disse Russel Norman. "Percebendo isso, o Governo chinês estimulou as companhias chinesas a comprar terras no mundo", disse ele, acrescentando que isso faria com que lucros gerados na Nova Zelândia fossem para fora.
Key, que antes tinha expressado preocupação com que os neozelandeses se tornassem "inquilinos em sua própria terra", apoiou a venda, dizendo que a Nova Zelândia não pode recusar investidores simplesmente porque eles são chineses. Ele disse que todos os investidores estrangeiros, independente do seu local de origem, têm que ser tratados igualmente pela lei. "No final, acho que é um acordo muito bom para todas as partes". Key argumentou que menos de 2% das terras neozelandesas pertencem a estrangeiros, principalmente da Europa ou América.
Com o Governo devendo dobrar o comércio com a China para NZ$ 20 bilhões (US$ 15,70 bilhões) em 2015, o Ministério de relações exteriores alertou durante o processo de consulta de vendas das fazendas, que a rejeição do acordo poderia ter sérias implicações.
O ministro de Informações da Terra, Maurice Williamson, descreveu a oposição à venda como "beirando ao racismo", enquanto o Instituto de Pesquisas Econômicas da Nova Zelândia atribuiu essa oposição à xenofobia e partidos políticos.
O professor de política da Universidade de Otago, Bryce Edwards, disse: "Obviamente, existe muitas críticas genuínas não racistas, mas eu acho isso um pouco alarmante. O lado negro da Nova Zelândia está aparecendo, nosso desconforto com estrangeiros e investidores asiáticos em particular".
O porta-voz da embaixada chinesa em Wellington, Cheng Lei, disse que os neozelandeses deveriam ficar satisfeitos com esse investimento estrangeiro.
A reportagem é da Agência France Presse - AFP, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.
Tenha acesso a conteúdos exclusivos gratuitamente!
Publicado por:
MilkPoint
O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.
Deixe sua opinião!

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 11/05/2012