A Nestlé, maior fabricante de alimentos do mundo, vai vender, a partir das próximas semanas, café da marca Starbucks em supermercados e plataformas online em 14 países. O Brasil faz parte desse grupo e, como um mercado-chave para a companhia, também vai produzir, em até dois anos, as cápsulas Starbucks que serão usadas nas máquinas de Nescafé Dolce Gusto e de Nespresso, informou ao Valor o vice-presidente de Nestlé e presidente da Nespresso, Patrice Bula.
O grupo suíço pagou em agosto de 2018 a soma de US$ 7,15 bilhões pelos direitos perpétuos de comercializar café e chá da Starbucks, a maior rede de cafeterias do mundo, para permitir um avanço rápido no mercado global de café premium.
Seis meses depois, as duas empresas lançaram ontem 24 novos produtos com a marca Starbucks, sendo 16 de cápsulas compatíveis com as máquinas Nespresso e Nescafé Dolce Gusto, incluindo bebidas clássicas como Caramel Macchiato e Cappucino, além de café em grãos e moído.
As cápsulas Starbucks compatíveis com o sistema Nespresso estão sendo produzidas na Suíça; as que servem para a máquina Nescafé Dolce Gusto, no Reino Unido, e o café torrado na cidade do Porto, Portugal. O plano é aproximar gradualmente a produção dos principais centros consumidores. Com isso, Bula estima que no médio prazo, o que significa para ele não mais de dois anos, haverá produção para Starbucks na fábrica de Dolce Gusto no Brasil.
A Nestlé introduziu a marca Nescafé Dolce Gusto em 2006 como uma máquina mais simples e custo mais acessível.
Já a produção de cápsulas Nespresso continuará "'por ora" concentrada na Suíça, segundo o executivo. As cápsulas de Nespresso continuarão sendo comercializadas somente em suas butiques. A Starbucks fabrica cápsulas e outros produtos para supermercados, e continuará a fazê-lo na América do Norte. Mas em outros lugares, a produção será feita pela Nestlé.
Os preços das cápsulas Starbucks serão semelhantes aos da Nespresso. Executivos do grupo suíço notam que se trata de produto premium com o sabor da Starbucks e a tecnologia da Nestlé.
Os primeiros mercados para os novos produtos Starbucks serão o Reino Unido, Holanda, Espanha, Bélgica, Brasil, México, Chile e Coreia do Sul. Nos EUA, fica mais para o fim do ano. Depois tem China, Índia e outros grandes mercados. "O objetivo é conquistar novos mercados, o resto do mundo, com a complementariedade entre nossas marcas", disse Bula.
"O Brasil é definitivamente um mercado com enorme potencial e de expansão pela nossa estratégia", afirmou David Rennie, chefe global de estratégia do negócio de café da Nestlé. O portfólio a ser vendido no Brasil ainda está sendo definido e poderá levar alguns meses até que esses produtos comecem a ser vendidos no varejo local, disse uma fonte ao Valor.
O gigante suíço projeta crescimento de 5% ao ano, nos próximos 10 anos, no consumo global de café. Com a aliança com Starbucks, a expectativa é de Nespresso retornar às taxas anuais de crescimento para receitas superiores a 10%. Para Bula, este é o momento para acelerar o negócio de café premium.
Com Nescafé, Nespresso e Starbucks, Nestlé tem agora o melhor portfólio de café para o deleite de consumidores do mundo todo", diz ele.
Nescafé rende cerca de US$ 10 bilhões ou 10% das vendas anuais de Nestlé; Nespresso tem vendas de US$ 5 bilhões; e a marca Starbucks gera nos EUA, fora de suas cafeterias, vendas de US$ 2 bilhões por ano.
Os executivos da Nestlé não mencionam cifras, mas confirmam que o objetivo é aumentar bastante o faturamento, inclusive com Nespresso nos EUA e Starbucks na Europa. Desde que assumiu o comando da Nestlé, em 2017, o CEO Mark Schneider identificou o café como um mercado de crescimento rápido e margens mais elevadas do que a média do grupo.
As informações são do jornal Valor Econômico.