Mini CPI´ investigará alta em importação de lácteos
A Comissão de Agricultura da Câmara aprovou ontem (1º) a criação de uma "mini CPI" para investigar o aumento nas importações de produtos lácteos do Uruguai e dos Estados Unidos. A Proposta de Fiscalização e Controle (PFC), cujos poderes são semelhantes ao de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, pressionará o governo a adotar, principalmente, travas às "importações predatórias" de leite em pó uruguaio e de soro de leite americano.
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Ao apontar indícios de prática desleal de comércio, triangulação de produtos subsidiados de outros países e até fraudes, os deputados sugerem a criação de cotas baseadas na média das compras dos últimos cinco anos, a imposição de preços mínimos e o licenciamento não-automático das importações. Pelos cálculos dos deputados, o Uruguai teria direito a uma cota de 1,8 mil toneladas para lácteos - a Argentina tem atualmente uma cota de 3 mil toneladas.
Os parlamentares criticam as importações "excessivas e desnecessárias" no país. "É um grave problema no setor. Não podemos sobreviver desse jeito, ver os produtores largando a atividade", diz o presidente da comissão, deputado Abelardo Lupion (DEM-PR). "A maioria das prefeituras brasileiras usa leite em pó reidratado na merenda escolar e uma meia dúzia de empresas controlam isso". Na entressafra, os preços pagos ao produtor recuaram 6%. Mas o preço ao consumidor aumentou 1,5% no queijo e 1% no leite em pó.
A iniciativa da Câmara prevê divulgação das importações de lácteos por empresa como forma de evitar fraudes. "Se a empresa produz e comercializa somente leite longa vida e importa em plena entressafra elevadas quantidade de soro ou leite em pó, alguma coisa está errada", afirma o deputado Vitor Penido (DEM-MG).
Os deputados afirmam que as importações estão fora de controle em 2010. As compras de lácteos têm aumentado. Em 2007, eram de US$ 152, 7 milhões. No ano passado, foram US$ 264,8 milhões e, de janeiro a outubro de 2010, já atingiram US$ 230,7 milhões. Em soro de leite, por exemplo, as compras passaram de 1,548 mil toneladas, em janeiro, para 4,444 mil toneladas em julho - um aumento de 187%.
Os parlamentares apontam como causas a revogação de medidas restritivas ao comércio internacional. Por um acordo comercial recente, o Uruguai retirou parte de suas travas à importação de frango em troca de elevar suas vendas de lácteos ao Brasil. Resultado: no primeiro semestre do ano, foram importadas 18,8 mil toneladas de lácteos uruguaios, o que representaria 30% do mercado no período. O leite do Uruguai entra no Brasil, segundo a comissão, a R$ 0,63 por litro. O produto brasileiro tem um preço médio de R$ 0,72 por litro.
A vantagem uruguaia, por exemplo, teria como origem a alta tributação praticada no Brasil. Os produtores nacionais pagam 9,25% de PIS-Cofins sobre insumos, o que representaria 40% do custo operacional total da produção. "Se, além de circunstâncias desfavoráveis que a pecuária leiteira vem enfrentando, como a sobrevalorização do câmbio, o setor tiver de competir com o leite importado sob condições fraudulentas, parece iminente a falência de nossa pecuária leiteira", diz Penido.
A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA
EM 03/12/2010
Ademais,estou de pleno acordo com o Exmo.deputado Penido:como uma indústria que empacota leite longa vida precisa improtar leite em pó?Como disse o nobre deputado:"algluma coisa está errado."
Faz-se necessário uma fiscalização mais rigorosa por parte do Ministério da Agricultura.
Atenciosamente,
Fernando Melgaço.

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/12/2010
Marcello de Moura Campos Filho

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/12/2010
Os excelentíssimos deputados facilmente verificarão que no caso do Uruguai as importações foram favorecidas de um lado pela sobrevalorização do Real com relação ao Dolar americano e ao fato do setor de lácteos ter sido oferecido como moeda de troca com o Uruguai para favorecer a exportação de frango.
Com relação às importações dos USA, facilmente verificarão que foram favorecidas pela pela sobrevalorização do Real com relação ao Dolar americano. Aliás, não foi só para o Brasil que as exportações de leite e lácteos dos USA aumentaram assustadoeramente.
Isso mostra que para resolver o atual problema conjuntural de importação é importante rever o acordo com o Uruguai, eliminando o setor lácteo nacional como moeda de troca, e tomar alguma medidade que nos proteja da guerra cambial e comercial que é fato no mundo atual. Apresentei uma sugestão no artigo da minha página do MyPoint, "As vacas de leite estão preocupadas com a política cambial?". Os experts em economia poderão dizer que existem soluções melhores. Tudo bem, mas se não apresentarem logo uma solução, muitas vacas de leite irão para o brejo, ou melhor, irão para o gancho, agravando o problema da importação de leite.
Mas, os excelentissimos deputados, se aprofundarem suas investigações, poderão verificar também que no Brasil o problema de importação de leite é crônico, e que nos últimos 20 anos não produziu o suficiente para abastecer seu mercado interno, apesar dos padrões de consumo nacional estarem abaixo do recomendado pelas organizações de saúde, caracterizando-se, pasmem os excelentíssimos deputados, como importador significativo de leite. Nesses 20 anos as importações foram de 30 bilhões de litros equivalentes de leiete, sendo que apenas no período de 2004 a 2008 produzimos o suficiente para atender o consumo interno e exportar cêrca de 2 bilhões de litros equivalentes de leite - O saldo do comércio internacional de lácteos nesses 20 anos caracterrizou uma importação liquida da ordem de 20 bilhões de litros. Teve anos que chegamos importar o equivalente a 3,5 bilhões de litros e mães assaltando posto de saúde por não terem leite para dar aos filhos.
Essa situação evidencia que nossa pecuária de leite é de baixissima produtividade e competitividade, que falta assistência técnica e recursos financeiros ao produtor para mudar um quadro que é praticamente o mesmo a quase 40 anos, com algumas melhoras pontuais, distantes do que o País precisa para assegurar o abastecimento de seu grande mercado interno e ter excerdentes para exportar e aproveitar as oportunidades que serão oferecidas crescimento da demanda mundial. A importação crônica de leite é um problema estrutural, cuja solução não é imediata e exigirá política e planejamento setorial adequados.
Marcello de Moura Campos Filho
Presidente da Leite São Paulo

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/12/2010

OUTRO - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE
EM 02/12/2010
Tomara que essa mini CPI não fique só no papel.
Porque se for levada a sério mesmo, vai ferir muitos interesses de gigantes no setor. Aí essa história a gente ja conhece como acaba.