México: 30 mil produtores de leite quebraram em 2009

Um preço abaixo dos custos de produção, o encarecimento dos insumos, as fortes importações de leite em pó e derivados lácteos e a falta de legislação que especifique ao consumidor que tipo de produto está comprando são os principais problemas que milhares de pequenos produtores do México tiveram que enfrentar no ano passado e que levaram à quebra de cerca de 30 mil produtores de leite em 2009, segundo os cálculos da Frente Nacional de Produtores e Consumidores de Leite.

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Um preço abaixo dos custos de produção, o encarecimento dos insumos, as fortes importações de leite em pó e derivados lácteos e a falta de legislação que especifique ao consumidor que tipo de produto está comprando são os principais problemas que milhares de pequenos produtores do México tiveram que enfrentar no ano passado e que levaram à quebra de cerca de 30 mil produtores de leite em 2009, segundo os cálculos da Frente Nacional de Produtores e Consumidores de Leite.

Com esta perspectiva, atualmente permanecem cerca de 200 mil produtores na atividade leiteira no México, mas sob grave risco de quebrar esse ano se as condições de mercado não mudarem, explicou o presidente da Frente, Álvaro González, que disse que no ano passado o rebanho bovino caiu em quase 100 mil cabeças.

González disse que atualmente a indústria paga ao produtor 4,16 pesos (US$ 0,32) por litro de leite, embora esse seja vendido entre 11 e 12 pesos (US$ 0,86 e US$ 0,93) ao consumidor. O problema é que o custo de produção do leite é de 5,20 pesos (US$ 0,40) por litro. Ele disse que os pequenos produtores enfrentarão esse ano os mesmos problemas, mas agravados, porque agora, o custo de produção é de 5,50 pesos (US$ 0,43) devido aos aumentos nos insumos ante ao aumento nos impostos.

Além disso, fechou-se a saída à qual muitos produtores recorrem para subsistir, que é a venda de vacas em estado ainda produtivo, já que os preços dos animais têm caído de até 18 mil pesos (US$ 1,40 mil) no ano passado a 8 mil pesos (US$ 625,9) atualmente. "O mais lamentável é que não há interesse em comprá-las".

"Por isso, seguimos em risco se o Governo não reverter essa tendência que privilegia o monopólio da indústria leiteira; nesse ano, as condições serão mais difíceis e provocarão o desaparecimento dos produtores nacionais".

González disse que a Frente continuará insistindo com o Executivo e o Legislativo "para que estabeleçam políticas que garantam que recebamos um preço que nos permita manter a sustentabilidade, e que se controlem as importações, porque são produtos que causam dano e aqui vêm com preços subsidiados".

Ele disse que a Frente também tem feito reuniões com a Secretaria de Economia, porque vai denunciar ante à Organização Mundial de Comércio (OMC) os Estados Unidos por práticas fraudulentas, por vender com dumping, "já que mandam ao México os produtos mais baratos que em seu próprio país".

A Frente Nacional de Produtores e Consumidores de Leite vem desenvolvendo desde o ano passado o plano para criar e vender uma marca própria de leite, garantindo ao consumidor que é "leite 100% puro de vaca". A marca se chama Lena e será colocada no mercado em março. "Temos toda uma estratégia de mercado, temos um grupo de assessores e responsáveis pela venda, distribuição, controle de qualidade e tudo o que se requer. Esse projeto contempla elevar a produtividade nos estábulos e assessorar os produtores para ter melhores resultados".

Em 22/01/10 - 1 Peso Mexicano = US$ 0,2300
37,5200 Peso Mexicano = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

A reportagem é do Lechería Latina, adaptada e traduzida pela Equipe MilkPoint.
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Antônio Elias Silva
ANTÔNIO ELIAS SILVA

CAMPO ALEGRE DE GOIÁS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2010

É engraçado notar que o mesmo que acontece no Brasil, ocorre também no México, EUA e provavelmente em outros países. O produtor fica expremido entre os oligopólios (indústrias fornecedoras de insumo) e oligopsônios (indústrias compradoras da matéria prima), com nenhuma remuneração líquida. A solução então é ele dominar todos os elos; assim, se o laticínio estiver ganhando muito dinheiro, este é do produtor, se a fábrica de ração estiver lucrando muito, esse lucro também é o do produtor... Como ele domina todos os elos?.. Ou ele é um bilionário ou participa de uma cooperativa... A segunda opção é a única pra vasta maioria... Agora, o desafio é fazer essa cooperativa funcionar como tal, ou melhor, o desafio é achar modelos de gestão adequados às cooperativas, para que os free-riders (caroneiros, espertos de toda sorte) não se apropriem dos ganhos que devem ser coletivos... Eis aí um desafio para o governo, a CNA, as Federações Estaduais e Sindicatos: montar, por meio de estudos e consultorias diversas, modelos aplicáveis a cooperativas as mais diferentes Brasil afora, considerando as peculiaridades logísticas e culturais das mais variadas regiões do país.
Vicente Romulo Carvalho
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 28/01/2010

Esta materia nos dá conta de uma realidade já enfrentada pelos colegas mexicanos. E, ao mesmo tempo, nos leva a algumas reflexões.
Pois, a nossa situação interna, apresenta vários pontos em comuns com a deles, onde além dos preços aquém dos custos de produção, dentre outros pontos semelhantes, aqui, ainda, há casos de laticinios em concordata, outros atrasando pagamentos e, alguns até mesmo não pagando.
E, uma coisa que chama bastante atenção na materia, é o fato do consumidor mexicano, também, pagar por um litro de leite, o triplo do valor, que o produtor recebeu.
Conclusão, salvo melhor juizo, cuida o modelo/cadeia mexicana, de uma cadeia, muita parecida com a nossa e, já há quebradeira e, com pespectivas não muito animadoras. Que isto nos sirva de alerta, porque em mantidas as condições, nacionais, o futuro, possivelmente, não poderá nos reservar outro caminho. Queira eu, estar totalmente enganado.
Paulo Sebastião Paes Leme
PAULO SEBASTIÃO PAES LEME

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2010

Pareceu-me que o artigo descrevia a situação do leite no Brasil. Encerramento de atividade, valores do leite, variação de custos, importações, desvalorização das vacas, falta de uma política de govêrno que garanta sustentabilidade, prêços ao consumidor. Até os prêços são parecidos. O produtor brasileiro já vem há muito tempo sendo forçado a abandonar a atividade, por ser econômica e financeiramente inviável, só permanecendo nela quando é um bico, um complemento de salário, sendo êle mesmo o empregado, até que suas fôrças não mais permitam. E êle não terá herdeiros que aceitem substitui-lo. Simplesmente venderá o que restou, se restou, e aí...
Chamou à atenção no artigo a tentativa da Frente Nacional de Produtores e Consumidores de reagir, à sua maneira. No Brasil temos Confederação Nacional, Federações estaduais, Sindicatos municipais e o que todos sabem dizer é que está ruim, mas deve melhorar na sêca e passam se anos e anos e produtores são descartados, humilhados. espezinhados na sua dignidade.
Pergunto: Se as entidades mencionadas não tem dinheiro para uma campanha geral de esclarecimento, propaganda e promoção do leite e derivados, por que não pedem aos produtores? Isto após um plano rápido, convincente e honesto, sobretudo. Afinal, já pagamos por muito palanque e vaidades, sem proveito. Uma contribuição específica, descontada na nota fiscal e repassada para a área do leite, em separado, dessas entidades, poderia trazer resultados, desde que haja ideal e vontade.
Não seria necessário criar novas associações, comitês ou Cooperativas, por si sós.caras e com outros interêsses que chocam com os dos produtores. As entidades já estão montadas, bastaria regular a relação entre elas e criar a área do leite, estruturada com objetivos de lembrar, mostrar e promover o leite, inicialmente. Daí para frente a própria dinâmica do processo se encarregará das outras fases, quais sejam, educação, esclarecimento, assessoria de comunicação para viabilizar o produtor reticente ou mais atrás.
Aliado a isso, e com dinheiro, fica mais fácil tratar com todos os elos da cadeia, produtores, indústria e consumidores e dizer não ás importações predadoras e aos govêrnos cegos e incapazes que não podem mostrar seus reais interêsses.
O leite é um produto nobre, humano ou animal faz milagres, se sabe, e é versátil, tem muitos derivados e presta-se à fabricação de muitos outros alimentos. Por que, então, há tanta subnutrição aqui ou alhures (Haiti incluido) se a natureza no-lo disponibiliza? Que interêsses mesquinhos inviabilizam o aumento do seu consumo? Acredito que a cura da fome passa pelo leite humano e animal. Por que não limpar os entraves do caminho que impedem a produção e distribuição honesta e consciente?
Qual a sua dúvida hoje?