Segundo cálculos do Valor Data baseados nos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), a média de fevereiro foi 0,3% maior que a de janeiro, mas ainda 9,5% inferior que a de fevereiro de 2018.
Em razão da taxa de 25% imposta pela China, as importações do país de soja americana caíram em 2018 e continuam bem abaixo do normal, apesar de novas compras continuarem a ser anunciadas.
Segundo o serviço aduaneiro chinês, em janeiro as importações provenientes da terra de Donald Trump totalizaram 7,4 milhões de toneladas, 13% menos que no mesmo mês do ano passado. Dos EUA, foram pífias 138,8 mil toneladas, ante 5,8 milhões em janeiro de 2018, conforme dados compilados pela Reuters.
É esperado um aquecimento nesse comércio, já que na semana passada os chineses se comprometeram a importar 10 milhões de toneladas do grão dos EUA "em breve". Mas, enquanto isso, os produtores do Brasil querem mais é ver o circo sino-americano pegar fogo.
De acordo com as contas da agência Reuters, as importações chinesas de soja brasileira chegaram a quase 5 milhões de toneladas em janeiro, ante pouco mais de 2 milhões no mesmo mês de 2018.
No caso de um acordo concreto entre as potências em pé de guerra, a tendência é que as cotações subam um pouco em Chicago e que os prêmios atualmente pagos pelos chineses pelo grão brasileiro sofram alguma desidratação.
Brasil e EUA, nessa ordem, lideram as exportações globais de soja em grão, enquanto a China encabeça com folga as importações. Também suscetível à disputa comercial entre os pitbulls, ainda que menos que a soja, o milho, como a co-irmã, registrou variação igualmente pequena em fevereiro. De acordo com o Valor Data, em Chicago os contratos de segunda posição de entrega do cereal fecharam o mês com uma média 1,2% mais baixa que a de janeiro, mas 2,3% superior que a de janeiro do ano passado.
No tabuleiro do cereal, atua como fator de sustentação o fato de a China ter vendido 100 milhões de toneladas de seus estoques entre janeiro e outubro - um recorde, segundo cálculos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Mas há nuvens no horizonte, uma vez que a safrinha brasileira tende a ser robusta nesta temporada 2018/19 e a área plantada nos EUA deverá aumentar em 2019/20, pelo menos 3% - em detrimento da soja, a não ser que China e EUA façam as pazes.
Americanos e brasileiros são as locomotivas das exportações mundiais de milho. A China ainda não é grande importadora, mas já que esvaziou estoques, poderá ampliar as compras.
Entre as commodities agrícolas negociadas na bolsa de Nova York que têm o Brasil como grande exportador, fevereiro foi de variações menos modestas, que vitimaram sobretudo o café. O valor médio dos contratos da commodity recuou 3,5% na comparação com o resultado de janeiro e ficou 16,2% abaixo do resultado de fevereiro do ano passado. Trata-se da menor média mensal desde julho de 2006, basicamente em virtude de uma confortável relação global entre oferta e demanda. Em relação a janeiro, também caíram em Nova York em fevereiro algodão (2,1%) e suco de laranja (1,6%). O açúcar subiu 0,5%.
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As informações são do jornal Valor Econômico, adaptadas pela Equipe MilkPoint.