Mercado de queijo nobre de búfala cresce 20% ao ano

O mercado de queijo fino fabricado com leite de búfala no Brasil cresce acelerado. Números da associação de criadores e órgãos oficiais informam que o percentual varia de 20% a 30% ao ano. E a tendência é continuar subindo. Nesse ritmo, bastante otimista, os proprietários do Laticínios Almeida Prado, de Bocaina (SP), um dos maiores e mais modernos do país, praticamente dobraram a produção em dez anos.

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O mercado de queijo fino fabricado com leite de búfala no Brasil cresce acelerado. Números da associação de criadores e órgãos oficiais informam que o percentual varia de 20% a 30% ao ano. E a tendência é continuar subindo. Nesse ritmo, bastante otimista, os proprietários do Laticínios Almeida Prado, de Bocaina (SP), um dos maiores e mais modernos do país, praticamente dobraram a produção em dez anos. Eram perto de 5.000 litros ao dia e hoje suas fêmeas deixam 8.000 litros diariamente nas ordenhadeiras, enquanto clássicos de Mozart, Strauss, Tchaikovsky e outros tranquilizam o ambiente na sala fria.

Todo o volume de leite é industrializado lá mesmo e transformado em 13 tipos de queijos. “Pedidos aumentam e estimulam a produção e o investimento. Os queijos são destinados a nichos de mercado que pagam bem, cujo porte aumentou e continua evoluindo nos últimos anos.

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Esse mercado não foi prejudicado pela crise econômica”, diz Mariana de Almeida Prado, advogada que se dedica à queijaria de fino trato. Ela é filha de Maria Cecília de Almeida Prado, que fundou a casa no ano de 1980 . No início, Cecília adquiriu seis fêmeas e um macho e os levou para a Fazenda Rio Pardo, onde o laticínio está instalado.

Figura 1
A filha Mariana e a mãe Maria Cecília fabricam queijo com paixão

Segundo Mariana, a muçarela lá fabricada frequenta mesas de restaurante estrelados de São Paulo, como Fasano e Maní. Pode ser comprado na Casa Santa Luzia. “Recebemos o dobro pelos nossos produtos em relação ao queijo mais simples, porém, as exigências para a fabricação são rígidas e são necessários investimentos pesados e constantes. Nosso plantel, por exemplo, é formado somente por animais PO (puros de origem) da raça murrah, originária da Índia.”

Figura 2
Muçarela de Búfala

Ela diz que não percebeu queda na comercialização nos três últimos anos de economia em crise. “O paladar do brasileiro está se sofisticando e ele sabe apreciar o queijo de búfala, uma iguaria. O preço não é obstáculo”, diz Mariana, acrescentando que o latícinio cresce 10% ao ano há duas décadas.

Hoje, o rebanho de búfalos no Brasil (corte e leite) é estimado em 1,8 milhão, e eles estão espalhados por todas as regiões, especialmente o Norte, que responde por 70% do plantel, informa a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos, sediada em São Paulo.

A espécie é de tripla aptidão (corte, leite e tração) e responsável por 100 milhões de litros de leite ao ano. Apesar do rebanho de apenas 100 mil cabeças (oitavo no ranking nacional), São Paulo lidera a produção de leite de búfala, representando cerca de 25% do total. Segundo dados da associação, em 2016, último ano computado, o valor da produção de derivados lácteos de búfala no varejo emplacou R$ 666 milhões. “Acredito que a receita atual fique perto de R$ 1 bilhão”, estima Mariana, que, a partir de 2013, passou também a exercer o cargo de executiva do programa de certificação da associação.

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A búfala produz menos leite que a vaca. Enquanto esta última consegue uma produção de até 40 litros de leite, a primeira dificilmente passa dos 15/20 litros. “A diferença está na agregação de valor”, explica Mariana. É que o leite da búfala possui maior teor de sólidos e elevados teores de vitaminas A e B e proteínas. Por esse motivo, é o mais utilizado para a fabricação de queijo fino. “Além disso, tem menos colesterol.”

Mariana lembra que o leite da bubalina é matéria-prima ideal para a produção de diversos tipos de queijos, especialmente o muçarela, originário da Itália no século XVI. “O governo italiano exerce um controle rigoroso para que nenhum laticínio acrescente leite de vaca ao tradicional mozzarela feito no país.” 

Outra vantagem também é a rusticidade, o que torna o manejo do búfalo menos complexo. Ele come mais variedades de capim. “O búfalo não é tão exigente quanto o gado em relação à comida.” O plantel da fazenda de Mariana é formado por 600 cabeças, entre novilhas, bezerras, fêmeas secas e em lactação, matrizes e tourinhos. As búfalas em lactação estão produzindo uma média diária de 15 litros.  É que elas são muito bem tratadas. As que vivem em pastejo rotacionado permanecem somente um dia na pastagem. Comem sempre o melhor do capim, enquanto o pasto vai sendo revigorado. São 14 os piquetes formados de capim mombaça e é feita também semeadura de aveia. Como faz semiconfinamento, o Almeida Prado oferece ainda cana-de-açúcar e suplementos.

Enquanto a maioria dos rebanhos utiliza a monta natural, o Almeida Prado aposta na técnica da inseminação artificial em tempo fixo (IATF), para dar ritmo ao trabalho de reprodução, e na fertilização in vitro (FIV), para acelerar o aumento da melhor genética.

Figura 3
Búfalas aproveitam a sombra das árvores para o descanso

A associação dos criadores de búfalos está empenhada em aumentar o engajamento de seu quadro de pecuaristas na conquista do chamado Selo de Pureza, cuja finalidade é certificar as marcas de queijo fabricado com 100% de leite de búfala. A  proposta é diferenciar os produtos puros e valorizá-los junto ao consumidor. A entidade constatou que havia queijo ofertado misturado com leite de vaca.

As informações são do Globo Rural.

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