Marcus Elias deixa o comando da Laep

O empresário Marcus Alberto Elias decidiu deixar a presidência da Laep, holding que tem participação indireta no capital da LBR Lácteos Brasil e controla a Daslu. Um novo executivo já foi contratado no mercado para assumir o posto deixado por Elias, mas seu nome ainda não foi anunciado.

No final do dia, a Laep divulgou um comunicado confirmando que o seu "CEO, Marcus A. Elias, decidiu deixar a companhia" e que "desconhece as razões de notícias cujo conteúdo extrapola exposto".

Em caso de alienação de controle, o estatuto social da Laep prevê a exigência de uma oferta de aquisição direcionada a todos os acionistas da empresa ("tag along"). A oferta deverá ser realizada de acordo com os mesmos termos e condições, incluindo o preço por ação, oferecidos ao vendedor do controle.

A Laep abriu o capital em 2007, com a proposta de investir em empresas em recuperação judicial. De lá pra cá, as ações da empresa despencaram 99,44%. Ontem, fecharam o pregão em alta de 5%, cotadas a R$ 0,42.

Com a crise financeira em 2009, a empresa viu fechar as portas de acesso a recursos para o pagamento dos credores. A alternativa encontrada pela Laep foi criar um programa de conversão de dívida em capital, sem direito de preferência aos minoritários.

O programa começou a vigorar em 2010 e foi um dos responsáveis pelo aumento em 17 vezes do número de ações da companhia desde a estreia na bolsa. Parte do fenômeno resultou também da entrada do fundo Global Emerging Markets no capital da empresa.

Há três semanas, um grupo de minoritários da Laep, liderado pelo advogado e acionista Otávio Vargas, protestou contra a administração da empresa em frente sede à BM&FBovespa. A principal reclamação dos acionistas era contra a diluição das ações - considerada por eles como injustificada - gerada pelas sucessivas emissões de novos papéis. Os manifestantes também se queixaram do atraso na divulgação de balanços da Laep.

Na ocasião, a Laep informou que o programa de liquidação de passivos foi responsável por tornar positivo patrimônio da empresa. "O valor patrimonial de cada Brazilian Depositary Receipts (BRD) era R$ 1,73 negativo em janeiro de 2010. Em março de 2011, passou a valer R$ 2,4 positivos", afirmou o diretor financeiro Décio Alberto Tepedino.

A matéria é de Marina Falcão, do Valor, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.