Por essa e outras razões é o atual presidente do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), onde tem atuado em conjunto com sua equipe objetivando a melhoria da qualidade do leite nacional. Atua também como articulista da nossa seção de radares técnicos sobre qualidade do leite (clique aqui para ver alguns de seus artigos), uma das mais comentadas do site.
Nessa entrevista, Veiga falou sobre as especificações da Instrução Normativa 51, as condições que o setor leiteiro se encontra e os impactos dessa medida na produção de leite do país.
MilkPoint: Quais as especificações da Instrução Normativa-51 que tem seu prazo final para adaptação em julho próximo?
MV: As principais mudanças para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são a redução dos limites de CCS e CBT, conforme a tabela abaixo. Deve-se destacar que ambos os critérios (CCS e CBT) passarão, a partir de julho/2011, a ser iguais aos limites da Comunidade Europeia atualmente me vigor. Estes mesmos limites serão alterados para as regiões Norte e Nordeste em 2012.
Tabela 1. IN 51/2002 - Regulamento Técnico de Qualidade do Leite cru refrigerado.

MilkPoint: Existem diferenças para determinadas regiões? Se sim, por que e quais?
MV: Sim, a Instrução Normativa 51/2002 previu que houve uma diferença entre as regiões Norte e Nordeste em relação as demais, pois nestas regiões novos padrões de qualidade somente seriam implantados depois dois anos do início da entrada em vigor das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste (conforme tabela acima). Estas diferenças de prazo de implantação foram planejadas para permitir mais tempo de adaptação para as regiões Norte e Nordeste.
MilkPoint: Acredita que as regiões estejam aptas aos requisitos? Quais se destacam positivamente?
MV: Segundo as ultimas estatísticas de qualidade do leite (CCS, composição e CBT) apresentadas no IV Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, realizado em Florianópolis, cerca de 30 a 40% das amostras de leite analisadas em 2009 e 2010 não atendiam a pelo menos um dos critérios de qualidade, sem considerar os novos padrões, que passarão a vigorar a partir de 2011. Sendo assim, é de se esperar que haverá um grande número de produtores que não atenderá os novos padrões, caso não sejam adotadas medidas de treinamento de pagamento do leite por qualidade.
MilkPoint: Qual o impacto da IN-51 para o setor leiteiro?
MV: A implantação da IN 51 a partir de 2005 colocou em termos legais a questão da qualidade do leite para todos os segmentos do setor. A nova legislação pode ser considerada um grande avanço, pois possibilitou a aplicação de novos padrões de qualidade do leite, que antes não existiam no Brasil e que já era realidade na grande maioria dos países desenvolvidos.
Por outro lado, as grandes mudanças para melhoria da qualidade do leite devem vir dos programas de treinamento de mão de obra, capacitação do produtor e valorização da qualidade do leite por meio do pagamento diferenciado, os quais não dependem de legislação para serem implantados. Sendo assim, a IN 51 tem um papel fundamental em termos legais, mas acredito que a melhoria da qualidade do leite não se dará somente com a aplicação da lei.
