Mais produção, menos demanda: nova queda no GDT

Ontem (20/11) foi realizado mais um leilão GDT, um importante balizador de preços do mercado lácteo mundial, e neste evento, o preço médio do recuou 4,35%, para US$ 2.727/tonelada. Foi o 12ª recuo consecutivo no preço médio do leilão, que já é 12,7% inferior ao início de 2018.

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Ontem (20/11) foi realizado mais um leilão GDT, um importante balizador de preços do mercado lácteo mundial, e neste evento, o preço médio recuou 4,35%, para US$ 2.727/tonelada. Foi o 12ª recuo consecutivo no preço médio do leilão, que já é 12,7% inferior ao início de 2018.

Gráfico 1. Evolução do preço médio no leilão GDT*

Figura 1
*Preço médio dos eventos ocorridos no respectivo mês

Além da forte (e contínua) queda nos preços, chama a atenção também o volume de lácteos envolvido nas negociações. Neste leilão, 42.966 toneladas foram negociadas   –  o maior volume para um único leilão nos últimos quatro anos – 22,6 % maior em relação ao mesmo evento de 2017.

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Este maior volume de lácteos negociados no GDT ajuda a evidenciar um dos principais motivos da pressão de preços que vem ocorrendo: a maior oferta de leite na Nova Zelândia. No acumulado da safra 2018/2019 (junho a outubro), o país já produziu 5,8% a mais ante o mesmo período da safra 2017/2018. Incremento este, que já reflete no preço recebido pelo produtor neozelandês, que recuou 7,6% em 2018 (janeiro a setembro) contra 2017.

Entretanto, a oferta mais robusta não surge como única justificativa. Vale apontar também a redução nas exportações dos principais produtos exportados pela Nova Zelândia, e os impactos verificados em suas cotações.

O leite em pó integral recuou 2,1% neste leilão, fechando em US$ 2.599/tonelada, o menor valor do ano, e US$ 712/tonelada inferior à maior cotação de 2018. No ano, as exportações da Nova Zelândia à China recuaram 13,2%, o que preocupa o mercado, uma vez que o país asiático é o principal comprador neozelandês. Mesmo assim, as exportações para outros países, especialmente sudeste asiático, têm crescido nesse ano, podendo ser um indício de expansão do mercado neozelandês, menor dependência da China, e melhor distribuição das vendas internacionais, fato este que, caso se concretize, pode refletir em sustentação de preços no médio/longo prazo.

Enquanto isso, o leite em pó desnatado caiu 1,6% neste leilão, fechando em US$ 1.965/tonelada. Apesar da queda, o produto vem mostrando pouca volatilidade nos últimos leilões, mas o cenário de mercado aponta para pressão nos preços. As exportações da Nova Zelândia recuaram 12% em 2018 (janeiro a setembro) contra 2017, além do movimento de escoamento dos estoques reguladores da União Europeia, que aumenta a oferta do produto no mercado mundial.

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Vale destacar a relevância dessas variações ao mercado brasileiro, uma vez que o leite em pó importado (mesmo sendo oriundo do Mercosul) tem grande parte de sua precificação atrelada aos movimentos do leilão GDT.

Para os próximos meses, nota-se que a pressão sobre o leite em pó integral deve permanecer. Conforme ilustra o gráfico 2, as cotações dos contratos futuros no GDT estão abaixo do verificado na Bolsa da Nova Zelândia para todos os meses com contratos em aberto.

"Vale destacar a relevância dessas variações ao mercado brasileiro, uma vez que o leite em pó importado (mesmo sendo oriundo do Mercosul) tem grande parte de sua precificação atrelada aos movimentos do leilão GDT".

Gráfico 2. Contratos futuros de leite em pó integral – GDT vs. NZX. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados da Global Dairy Trade e New Zealand Exchange. 

Figura 2

Destaque também para as gorduras, que recuaram forte neste leilão. A manteiga caiu 9,6% fechando em US$ 3.637/tonelada, e o AMF recuou 9,4%, para US$ 4.577/tonelada. Apesar das exportações de manteiga mais altas em 2018, a maior produção de leite, bem com o recuo nos embarques de creme na Nova Zelândia preocupam o mercado; além disso, vale ressaltar também que as gorduras vêm recuando de um patamar de preços historicamente alto, voltando aos níveis de 2016.

Figura 3

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