Macri: sistema de resolução de conflitos é o centro da reforma da OMC

O presidente argentino Maurício Macri, anfitrião da reunião de líderes do G-20, comemorou neste sábado o acordo que parecia improvável, e disse que um sistema mais ágil de soluções de conflitos comerciais será o centro da reforma da Organização Mundial do Comercio (OMC).

“Estou muito contente porque conseguimos um comunicado que ratifica o consenso em muitas coisas, em um momento onde há muitas tensões no mundo”, afirmou Macri ao iniciar a entrevista coletiva concedida à imprensa ao final de dois da Cúpula realizada em Buenos Aires.

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“Os acordos envolvem temas de comércio como a demanda à OMC para modernizar-se, eliminar barreiras, burocracias, e que tenha mecanismo simples de resolução de conflitos”, ressaltou. Segundo Macri, o diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo, “está levando um monte de ideias, propostas. Esperamos as reações nos próximos meses”. Claramente, reforçou Macri, “necessitamos de mecanismo de solução de conflitos mais ágeis, e esse será o centro da reforma”.

Macri observou “que ninguém duvida que o comércio gera desenvolvimento, mas precisa ser justo”. Na entrevista, ele reconheceu que chegar ao consenso não foi uma tarefa fácil. “A verdade é que foram muitas horas, dias e meses de reunião”, disse Macri. Durante o ano no qual a Argentina esteve na presidência rotativa do G-20, houve uma posição inflexível do presidente norte-americano, Donald Trump, que adotou medidas protecionistas. Trump tem uma posição claramente crítica à OMC e em várias ocasiões defendeu o fim da instituição.

O presidente Macri também negou que durante a reunião que manteve com Trump tenha havido “duros termos” sobre a China , como chegou a publicar uma nota da Casa Branca na qual dizia que ambos os presidentes “reiteraram compromisso compartilhado de enfrentar os desafios regionais como a Venezuela e a atividade econômica depredadora chinesa”.

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“Tive uma reunião com meu amigo Trump e eu disse que não vejo a China como ameaça e sim como oportunidade desenvolvimento e geração de emprego na Argentina”, disse Macri.

“Escutei nestes dias que a Argentina teria que escolher entre os EUA e China e não é assim porque temos mostrado que temos capacidade de ter boas relações com todos os países. A Argentina tem excelente relações com os EUA e temos também excelente relações com a China. O presidente Xi Jinping cada vez se torna mais fanático do vinho, da carne e do tango da Argentina”, argumentou.

Macri disse ainda que tanto a Argentina quando o Brasil querem abrir seus mercados porque são uns dos mais fechados do mundo. “Com o presidente Michel Temer, coincidimos ao nos darmos conta de que nos equivocamos, e os países que se abriram nos últimos 20 anos são os que mais cresceram, muito mais do que Argentina e Brasil”. Segundo Macri, o Mercosul espera abrir-se mais e assinar novos tratados, como com a União Europeia e Singapura. “Esperamos que estas negociações se acelerem nos próximos meses”, afirmou.

Para concluir, Macri comemorou também o acordo que os países tiveram em matéria de meio-ambiente e clima (Acordo de Paris). “Sobre o clima também houve acordo de que temos que acelerar o cumprimento das metas e uma boa oportunidade será na próxima reunião da COP”, disse ele, referindo-se ao encontro na próxima semana a ser realizado na Polônia para tratar sobre as mudanças climáticas.

Macri mencionou ainda que em termos do futuro do trabalho “também houve coincidência em que precisamos capacitar as pessoas durante várias vezes ao longo da vida em termos de tecnologia e estamos vendo como nos ajudar. É preciso introduzir a tecnologia na forma de educar nossas crianças”. Macri finalizou os pontos mais destacados do documento final do G-20 com “outra coincidência, que diz respeito ao empoderamento das mulheres, o que vai contribuir com o desenvolvimento”.

As informações são do jornal Valor Econômico.