Leitores comentam: sobre a mão de obra no campo

Muitos comentários foram postados referentes à matéria "Produtores de leite reclamam da falta de mão de obra". É perceptível que esse é um problema crônico em diversas regiões do Brasil. Deixe também sua opinião!

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Muitos comentários foram postados referentes à matéria "Produtores de leite reclamam da falta de mão de obra". É perceptível que esse é um problema crônico em diversas regiões do Brasil.

Paulo R. F. Mühlbach, ex-professor da UFRGS, de Porto Alegre - RS, inicia a discussão sobre a mão de obra, pontuando que talvez por causa desse problema nas regiões Sudeste e Centro-Oeste esteja ocorrendo à migração de laticínios para a Região Sul, onde há pequenas e médias propriedades com mão de obra tipicamente familiar. Marco Aurelio Sambaqui Gamborgi, de Gaspar - SC, rebate: "Os filhos dos produtores já não querem mais ficar no campo, preferem a vida mais segura da cidade às incertezas da atividade rural." Guilherme Alves de Mello Franco, de Juiz de Fora - MG, completa: "Nem mesmo o sistema de economia familiar tende a ser mantido por muito tempo. As novas gerações não nutrem mais tanto interesse pelas práticas agropecuárias, pois são muito mais bem remuneradas e podem ter vida muito mais fácil nas cidades."

Mühlbach contra-argumenta que, na região oeste de SC, há muita motivação e investimento em produção leiteira como uma alternativa regional às integrações de aves e suínos, o que se reflete em termos de capacidade de industrialização de novos laticínios. Há também o surgimento recente de vários cursos locais em Ciências Agrárias, sendo o corpo discente principalmente de origem rural, ou seja, de jovens que pretendem seguir na atividade agrícola familiar. Claudino Luis Pita de Oliveira, do Rio de Janeiro - RJ, concorda: "sem dúvida esse é mais um ponto a favor do crescimento da produção leiteira do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que já contam com clima e pastagens mais apropriadas à produção de leite."

Fernando Espindola, de Nova Friburgo - RJ, traz sua contribuição ao debate: "Olhando do ponto vista do contra-cheque e das folgas de sábado e domingo, a construção civil é bastante interessante; porém, quando se paga água, luz, IPTU e outros impostos na cidade, a remuneração para o trabalhador rural sem estas despesas se torna superior."

A concorrência com outras atividades rurais também é realidade em várias regiõs. Em Tupaciguara - MG, Edison Mendonça Junior traz a informação que "as usinas de álcool estão absorvendo a mão de obra que ainda resta no campo".

O problema da falta de mão de obra também foi compartilhado por Tulio Cesar Gomes Ferreira , de Paraúna - GO. Trata-se, de fato, de uma questão que afetará cada vez mais o setor leiteiro, devendo ser discutido pelos agentes envolvidos com a atividade.

Mas há quem aponte o caminho inverso. Nivaldo Alves Teixeira, de Divinópolis - MG, por exemplo, acredita que várias pessoas que estão nas cidades em sub-empregos estão desejosos de retornar para o campo.

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Paulo César Amorim e Amorim
PAULO CÉSAR AMORIM E AMORIM

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 23/09/2012

Caros leitores,



É nítido a escassez de mão de obra no campo, devido a maior oferta de empregos nas cidades, o desinteresse dos jovens em relação a atividade rural e as facilidades que o meio urbano oferece a essas pessoas. Isso traz a necessidade de modernização da atividade leiteira, aumento da produtividade e da capacitação da mão de obra. Historicamente sabemos que a mão de obra no campo sempre foi ligada a baixos salários, elevada carga de trabalho e baixa capacitação profissional. No entanto, essa era já acabou e quem quiser permanecer na atividade terá que mudar a visão de trabalho e se adequar a nova realidade. Isso parece um tanto difícil principalmente no momento atual devido aos elevados custos de produção e o baixo preço pago ao produto. Por isso  muitos produtores tem abandonado à atividade leiteira por outras mais rentáveis. Assim cabe a nós profissionais da área (veterinários, agrônomos, zootecnistas), a orientação, acompanhamento técnico para que os produtores interessados possam colocar em prática os mecanismos que possibilitem o crescimento da atividade leiteira e a torne um negócio lucrativo.
José Maria Solis
JOSÉ MARIA SOLIS

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2011

O problema existe e é sério. A solução mais abrangente depende de ações do Governo. A principal é considerar, como nos paises desenvolvidos, o leite como um produto estratégico, porque alem de ser de primeira necessidade é um dos fixadores das pessoas no campo e consequentemente das principais fontes de emprego. Nesse contexto, considera-se: a) um sério controle de importações de lácteos em geral. b) Matéria obrigatória sobre a atividade rural nas escolas, onde os alunos aprendam:conhecimento sobre a vida no campo, conhecimento básico de flora e fauna da região, atitudes com a biodiversidade. entre muitas outras coisas. É sabido que tudo que é reconhecido como importante num país, tem vários de seus problemas encaminhados, aparecendo investidores e a consequente mão de obra necessária. Quando percebemos que o nosso mercado de leite tem alguma estratégia para determinados PAÍSES, em detrimento da nossa, vemos uns dos sintomas de tantas fazendas fechando as porteiras. Acho que quando o leite for considerado estratégico, as soluções para vários problemas aparecerão, inclusive para mão de obra.
Rogério Trevisoli
ROGÉRIO TREVISOLI

CAÇU - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/12/2011

Amigos Leitores.

Concordo perfeitamente com as colocações do Sr. Nestor, foram bem posicionadas. Mas o fato é a  dificuldade de encontrarmos funcionários interessados e qualificados para a atividade rural, especificamente a atividade leiteira.

Agora, sem dúvida alguma , grande parcela de culpa é nossa. Precisamos acordar para isto e investirmos em nossos funcionários. Aí vc poderá dizer. Assim que ele se qualifica, ele pede aumento, ou vai embora!  A partir do momento que a maioria de nós , produtores, estivermos qualificando nossos funcionários, este problema irá diminuir. Hoje o Senar treina gratuitamente e com ótimos cursos o homem e a mulher do campo. Bem, a questão é justamente essa , nós o qualificamos e temos que lhe dar melhores condições de trabalho. O serviço na atividade leiteira é repetitiva e desgastante, sem folga/descanços periódicos o funcionário não aguenta muito tempo.

Acredito que quando os produtores rurais tiverem a humildade e a inteligência suficientes para se unirem em prol da coletividade isto tudo irá melhorar. Será que fica muito caro e impossível, por ex., 3 ou 4 produtores de leite contratarem e treinarem  um funcionário/casal para que este(s)  façam um rodízio nestas propriedades cobrindo as folgas/descansos dos funcionários fixos . Fica aqui uma idéia para que possamos analizar, melhorar e pormos em prática, a fim de que nossa empresa rural tenha cada vez mais condições de manter o "Homem" no campo.

Um grande abraço.



Nestor Luiz Breda
NESTOR LUIZ BREDA

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 04/12/2011

Caros Leitores.


Venho acompanhando o êxodo rural a mais de 30 anos. As causas são diversas e complexas para analisar.


Como filho de agricultor migrei para a cidade, junto com mais sete irmãos foi o período do milagre econômico. Fomos estimulados pelos pais para estudar, pois não havia espaço para todos em uma propriedade de 12 hectares. Conosco foram vários dos amigos de infância. A migração ocorreu para aos grandes centros industriais, capitais dos Estados e no povoamento de novas áreas nos Estados do Centro Oeste. A partir de meados da década de 80 até a década de 2000, as causas foram as mesmas aliada a falta de crédito para a agricultura, principalmente à agricultura familiar grande "produtora" de mão de obra. Foram os períodos de crise que mais uma vez estimularam os jovens a busca de oportunidades que não tinham no espaço rural e agrícola. Alguns, de origem alemã e italiana e migraram para Europa e outros países europeus e nos Estados Unidos onde trabalham na área de serviços. A partir do ano 2000, com a interiorização das Universidades, muitos jovens que quando nasceram, seus pais sequer sonhavam ver seu filho formado "doutor" tiveram esta oportunidade. A oportunidade de estudar abriu os horizontes que proporcionou ascensão social e profissional fora do meio agrícola. Estes em sua maioria não retornam para a propriedade rural, mesmo que a atividade rural proporcione ganhos financeiros maiores.


Ainda deve-se considerar que a educação atual está direcionada para o espaço urbano estimulando a criança a sair do campo. Muito se conhece da geografia e da história do Brasil e de outros países. Pouco se conhece da história e geografia da comunidade onde residem. Somente "ama" quando se conhece a região onde se reside e a importância de ser agricultor. Ainda deve-se considerar que o trabalho no espaço rural penoso, embora a atividade de produção de leite tenha se mecanizado. O trabalho ininterrupto nos fins de semana impede os jovens a participar das festas e baladas. Ainda, deve-se considerar que a maioria do trabalho rural é destinado para homens e pouco para as mulheres. Assim sendo, os jovens homens encontram dificuldades de encontrar parceiras para constituir seu núcleo familiar. Existe até um ditado que diz: "as moças saem antes e depois os moços vai atrás", em alusão a migração das jovens que saem com menor idade e depois os moços. Não é por acaso que se constata no meio rural e agrícola o fenômeno do celibato dos homens. O número de homens é maior que o número de mulheres.


Existem outras causas, tais como conflito de geração, falta de definição da herança, definição da participação da renda das atividades, conflitos com novos entrantes com o casamento, doenças na família, gestão deficiente da atividade leiteira, acesso a tecnologias sustentáveis entre outras. Certamente são temas que exigem estudos que vão muito além da tecnologia agronômica e veterinária. Mas exige a presença de equipes multidisciplinares para propor soluções.
Eduardo de Godoi Rezende
EDUARDO DE GODOI REZENDE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/12/2011

Na minha humilde opnião, vejo que depois que o produtor conseguir minimizar ao maximo a mão de obra e o setor de construção civil começar a desacelerar os empregados urbanos terão um enorme prejuizo social e econômico, pois terão que encarar a dura vida de subemprego e miséria nas metropoles. Acho que o governo deveria se atentar para esse problema futuro e incetivar a mão de obra no campo.
Leandro Teruyoshi Ferreira Koga
LEANDRO TERUYOSHI FERREIRA KOGA

RIO POMBA - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 01/12/2011

É fato que a cada dia mais pessoas migram da atividade rural para outras ocupações, como construção civil, na área urbana, seja por melhor salário, folga aos finais de semana ou quaisquer outros. Vejo todos os dias produtores reclamando da falta de mão de obra qualificada e sua escassez no mercado, contudo, vale lembrar que os mesmos geralmente são filhos de pessoas pobres, raramente tem o ensino fundamental completo e, sem nunca receber qualquer espécie de treinamentou ou reciclagem, lidam diariamente com equipamentos caros e animais cujo valor comercial podem chegar à grandes cifras. Quantos de vocês conhecem alguém ou já  investiram no conhecimento do funcionário? Quantos você já ouviu reclamar? Automatizar é o caminho? Esse é um caminho sem volta, mas vale lembrar, quem operará esses maquinários sofisticados, importados e cujo manual e botões sempre estão em inglês? Creio que o caminho da profissionalização da atividade também passa pela mudança de postura do produtor, de passiva, apenas reclamando ou discutindo acerca dos problemas, colocando a responsabilidade de tudo que é ruim sobre os outros, para uma postura ativa, se perguntando diariamente o que está errado, identificando sua parcela nos problemas da propriedade e buscando soluções para elas.
Eduardo Amorim
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/11/2011

Prezados colegas,



Torna-se cada vez mais árdua a tarefa de conseguir mão de obra minimamente qualificada para lida no campo, e isto oferecendo salários atrativos e outros benefícios. Estamos caminhando para era da automação das fazendas de leite pois os problemas com a mão de obra só tendem a piorar, entretanto, pouquíssimas propriedades tem condições de arcar com os elevados custos de uma ordenha robotizada, de vagões automatizados, de alimentadores automáticos de bezerras. A grande pergunta é se teremos mão de obra ainda mais qualificada disposta a operar estes equipamentos, e aí esbarramos em outros entraves, como o aumento dos custos com esta mão de obra,  comprometendo mais ainda as diminutas margens de lucro da atividade. Trata-se de um tema que merece uma discussão aprofundada.   
Qual a sua dúvida hoje?