Leitor comenta: Para termos um leite saudável, precisamos da IN 51

"A IN 51, que cria regras para produzir leite com qualidade, livre de microrganismos nocivos a nossa saúde, compatível com os produzidos nos países mais desenvolvidos, teve seus parâmetros de qualidade, mais uma vez prorrogados. Há nove anos que nós, produtores especializados, que produzimos ao redor de 80% de todo o leite. Estamos trabalhando arduamente para oferecermos leite de qualidade e agora para garantir o trabalho dos que produzem os 20% restantes, vamos ter de continuar a conviver com exigências de qualidade mais baixas?"

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O produtor de Itaberaí/GO, Gilson Gonçalves Costa, enviou um email para o MilkPoint falando a respeito dos últimos acontecimentos em relação as novas normas de qualidade do leite. Foram inúmeros os comentários nas matérias relacionadas ao assunto e o debate ainda continua.

"A Instrução Normativa 51 (IN 51), que cria regras para produzir leite com qualidade, livre de microrganismos nocivos a nossa saúde, compatível com os produzidos nos países mais desenvolvidos, teve seus parâmetros de qualidade, mais uma vez prorrogados pela edição em 30/12/2011 IN 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Essa edição muda os parâmetros de UFC (unidade formadora de colônias) de 750 mil/ml para 600 mil/ml quando a proposta inicial era para baixar para 100 mil/ml e a CCS (contagem de células somáticas) baixa de 750 mil/ml para 600 mil/ml, quando deveria baixar para 400 mil/ml, ficando, portanto para 2016 o alcance definitivo das metas previstas.

Depois disso, só nos resta acreditar que, aqueles que consomem leite informal e sem pasteurização, são portadores dos sistemas, imune e digestivo, mais avançados do mundo civilizado (civilizado?). Há nove anos que nós, produtores especializados, que produzimos ao redor de 80% de todo o leite. Estamos trabalhando arduamente para oferecermos leite de qualidade e agora para garantir o trabalho dos que produzem os 20% restantes, vamos ter de continuar a conviver com exigências de qualidade mais baixas?

Porque 2016? Não poderia ser 2066 ou 3016? Qual o critério ou critérios usados para chegar a esse ano, se no passado previram julho de 2011 e tornaram a prever Janeiro de 2012?

Algumas doenças podem ser originadas do consumo de leite cru sem qualidade e por incrível que pareça, sobretudo no interior do Brasil, ainda é comum ver a carrocinha distribuindo leite "direto da Fazenda", às vezes, congelados em garrafas "pet".

Vivenciar o dia-a-dia de um produtor que se esforça para produzir leite de qualidade seria uma experiência interessante para aqueles que nunca o fizeram. Trabalhar em uma fazenda que não dispõe de verbas do governo, e sim de uma em que suas despesas têm de ser pagas com sua receita, além, é claro, gerar lucros para a manutenção familiar e ainda remunerar o capital investido. Lembrando ainda: sem férias, sem décimo terceiro, sem plano de carreira e sem aposentadoria. É muito fácil dar palpitar no trabalho dos outros.

Quem não se adequou até então, em um prazo de quase 10 anos é porque não quis. Melhor procurar outra atividade, já que os justos não podem pagar pelos pecadores eternamente. Pois prorrogar mais quatro anos, para nós é uma eternidade. A IN 51, elaborada por técnicos de várias entidades, governamentais e privadas, datada de 18/09/2002, nos concedeu um prazo bastante grande para nós produtores adequarmos e era para começar a vigorar em julho passado, prorrogou-se por seis meses e agora prorrogam até 2016?

A Embrapa já prestou e presta inestimáveis serviços a nação. Quando propõe a prorrogação da IN 51 se coloca numa situação de descrédito sem precedentes, pois ela foi uma das mais importantes participantes na elaboração dos termos da Portaria 56 (lá pelos anos 2000), precursora da IN 51 e essa por sua vez precursora da IN 62. A proposição de uma assistência técnica e uma fiscalização mais constante e eficiente, crédito rural facilitado e praticado por vários bancos, a meu ver, seria o mais racional para os produtores, indústria e toda a sociedade. Se formos esperar energia e estradas de boa qualidade, essas INs 51 ou 62 serão sempre uma utopia.

O pagamento por qualidade é uma realidade em vários laticínios. Mas esses estabelecimentos continuarão a comprar leite fora das normas, pois essas INs, no momento, são apenas um indicativo de onde precisamos chegar. O leite é oferecido mais barato por produtores que não fizeram investimentos compatíveis. E esses produtores vão esperar indefinidamente até as novas normas de qualidade vigorar?

O maior problema é com a UFC, que depende basicamente só de bucha e sabão (produtos baratos), ou seja, limpeza e higiene. Alguém vai negar isso aos brasileiros? E nós que estamos com o nosso produto devidamente enquadrado nas normas, vamos relaxar, vamos desfazer tudo de bom que fizemos? Pois dessa forma não conseguiremos, financeiramente falando, competir com o leite informal e/ou obtido fora dos preceitos da IN 51.

Os benefícios do leite na dieta não é novidade, como o fornecimento de cálcio, ferro, zinco, vitaminas, proteínas e carboidratos. Já está provado que até na busca por emagrecimento e melhoria da imunidade, dentre outras, os produtos lácteos são de fundamental importância. Imaginem se tudo que o leite e seus derivados nos proporcionam for ainda obtido dentro dos padrões da IN 51.

Essa é a opinião de um produtor médio de leite que trabalha incansavelmente há 33 anos para produzir leite com qualidade e que acreditou que haveria normas sérias para produzir um alimento tão nobre, consumido principalmente por crianças e idosos.

Obrigado

Gilson Gonçalves Costa - Produtor de Leite, Engenheiro Agrônomo e Presidente da "Nata do Leite" em Itaberaí-GO".

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Diego Piovezan da Silva
DIEGO PIOVEZAN DA SILVA

DRACENA - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 15/02/2012

Prezados,

Creio que o problema não é apenas em ser ou não Pequeno e Grande produtor, também não acredito que são os Pequenos produtores o vilão dessa discussão, pois sabemos que é melhor produzir Bem e com Qualidade do que produzir Muito, sem Qualidade.

A lucratividade da propriedade leiteira em muitos estados não considerados "Produtores de Leite" baseia-se apenas em QUANTIDADE  (volume de leite entregue ao laticínio), quando deveria ser por QUALIDADE de leite entregue, fato esse que nos leva a pensar: Afinal, quem de fato é o grande vilão da história, Produtores ou Laticínio? (que nada mais é do que um atravessador na atividade).

Penso também que um ponto a ser melhorado na cadeia produtiva de Lácteos, é no Marketing dos produtos, pois os produtores são muito eficientes da porteira para dentro (com exceção de alguns), mas acabam esquecendo de divulgar a qualidade do produto produzido, incentivando o consumo do mesmo.

Resumindo, alguém já viu propagandas em meios de comunicação como, Tv, Rádio, Jornais, etc, incentivando o consumo de leite, (leite de Qualidade)? Eu nunca vi!

Debates como esse no MilkPoint são muito importantes, mas quantos % da população (crianças, donas de casa e depois consumidores), tem acesso à essas informações? Ou melhor, será que a dona de casa, quando vai ao supermercado fazer compra, antes de comprar a "caixinha" de leite, acessa a internet para saber oque se passa na cadeia de Lácteos, saber mais sobre IN 51, IN 62 ? Para depois tomar a decisão de qual produto comprar e por em sua mesa? Realidade oposta no mercado de Cárneos, pois é só ligar a Tv em qualquer canal, em qualquer horário que terá propaganda incentivando o consumo, mostrando as qualidades de cada produto no rótulo, deixando a Dona de casa ciente em fazer uma boa escolha. Porque não fazer o mesmo nas embalagens de leite, ou derivados, mostrando a qualidade do produto?

Diego Piovezan da Silva,

Graduando em Zootecnia.
Adejar Vicente dos Santos
ADEJAR VICENTE DOS SANTOS

PORANGATU - GOIÁS

EM 17/01/2012

Olá Gilson!

Acabei de leir seu artigo produzido para o SUPLEMENTO DO CAMPO de O POPULAR. Gostei muito e só tenho a parabenezá-lo pelo grandioso modo de pensar em respeito a higiene e saúde de nosso povo. Goiás tem crescido muito no que se refere ao meio produtivo rural mas..... ainda temos que melhorar muito e muito. Parabéns. Sua idéia é o caminho e a IN 62 é um retrocesso malígno, capaz de manter os hospitais sempre cheios.

Um abração.

ADEJAR SANTOS residente em Porangatu-Go. É o escritor de SIGLAS EMERGENTES.   
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/01/2012

Prezados Senhores: Novamente, o Sr. José Getúlio Wingert, cooperativista, nos surpreende com suas ideias retrógradas. Apesar de dizer que "qualidade é OBRIGAÇÃO de fazer", defende, com dentes e unhas, os que nada fizeram, em detrimento daqueles que se empenharam, com afinco, com fincas à assunção de uma qualidade constante. Alguns, como eu, por exemplo, atingimos padrões internacionais e nosso leite poderia ser exportado para qualquer país do mundo (CCS - 46; UFC - 35 - análise da EMBRAPA, realizada em Dezembro de 2011), enquanto outros, como parece ser o caso do Sr. José Getúlio, choram. Volto a afirmar que o gasto com higiene é ínfimo (UFC) - detergente e água - e a CCS é controlada com a saúde do rebanho (Com um salário mínimo se contrata um ótimo Médico Veterinário para assistir uma propriedade, pelo menos, uma vez por mês).  Por isso, manifestações como a do Senhor José Getúlio nos agridem, porque demonstram que a maior parte dos produtores nacionais não tencionam melhorar o produto que vendem, em prejuízo de todos nós. Quando chegar a 2016, será que ele estará com o mesmo discurso? Com certeza  que sim, já que dez anos - tempo em que vigorou a Instrução Normativa MAPA 51 - não foram suficientes para ele e seus companheiros evoluírem. Desculpe-me, Senhor José Getúlio mas, se estivessem "trabalhando muito sério" não estariam mais no bloco dos que choram as medidas redutoras destes índices, mas, sim, como eu, despreoculpados com relação aos mesmos. Quanto aos piores índices serem alcançados pelos pequenos produtores, alerto que eu sou pequeno produtor (2000 litros/dia), nem por isso afeito à falta de higiene ou à insanidade de meu rebanho. Por isso, recebo mais R$ 0,05 por litro de leite com qualidade.  Sou profissional e, não, menino brincando de produzir leite.








GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Ronaldo Marciano Gontijo
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2012

O problema é que tem muito pequeno com o leite ruim de qualidade que fornece 2000 litros/dia, 3000 litros/dia, ou mais. Na hora de se beneficiar da prorrogação da IN 51 todos os produtores se dizem pequenos. Infelizmente vivemos no país da hipocrisia.
Nelson Jesus Saboia Ribas
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2012

Marcelo Campos Filho, muito bom, suas afirmações retratam a realidade com clareza.

Tem muita gente aí com pena do pequeno produtor que parece a vitima mas na realidade é o vilão desta história.
José Fernando Alves Henriques
JOSÉ FERNANDO ALVES HENRIQUES

MARINGÁ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2012

Na minha opinião qualidade no leite não é só CCS, UFC, antibióticos, proteína, gordura, a coisa é muito mais complexa. Estamos tratando de produto de origem animal que está sujeito a problemas ou doenças graves. As zoonoses.

Quem realmente se preocupa com a Tuberculose, Brucelose, doenças virais como diarréia viral BVD, influenzas PI, rinotraqueíte infecciosa IBR.?

Elas existem e são muito mais comuns nos rebanhos do que se imagina.

Só para exemplificar um caso real, no município onde está localizada a minha propriedade, que não é Maringá,  a SEAB, responsável pelo fornecimento do material para diagnóstico de tuberculose, nunca tinha fornecido este material para nenhum criador de bovinos. Questionado sobre o motivo de não terem o material a resposta foi que nunca nenhum criador havia solicitado. Na cidade em questão existe um laticinio operando normalmente e existem vários outros em cidades vizinhas.

Segundo informações até pouco tempo atrás, havia cerca de 1500 vendedores de leite de porta em porta. Agora esse leite vai para o laticinio.

A minha pergunta é, CADE OS EXAMES CLINICOS DESSES ANIMAIS?

Na minha propriedade eu faço exames e vacino o rebanho semestralmente. Como nosso veterinário responsável é de outro municipio, bem como o laticinio que compra nosso leite, os materias de exames vem de lá.

Adriana Mascarenhas Braga
ADRIANA MASCARENHAS BRAGA

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL

EM 13/01/2012

Concordo com o Sr, Gilson, essa decisão irá beneficiar os produtores que não colaboram em nada com o desenvolvimento da cadeia leiteira do Brasil.
Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2012

Explico: quando a demanda aumenta com relação à oferta. a maioria desses produtores chega um farelinho no cocho, a produção de sua vacas passa de 6 para 8 litros, representando um aumento  da ordem de 33,3% no total produzido por esses produtores "problemas sociais", e isso representa no cômputo do total produzido um aumento da ordem de 5%, suficiente para um ajuste momentânio da demanda, cortando a tendêcia de alta dos preços aos produtores e alimentando a sanfona dos preços que é o mal maior para quem quer produzir leite com seriedade e qualidade. Essa situação é que prejudica a competitividade e sustentabilidade da pecuária leiteira nacional e caracteriza o Brasil a décadas como siginificativo importador de leite e sem perspectivas para aproveitar as oportunidades de exportar leite e lácteos que o mundo oferece e que não estarão abertas eternamente.





E além do produtor quem fica prejudicado é o consumidor brasileiro por não ter leite e lácteos com a qualidade que merece e o Brasil ao permitir significativa geração de trabalho e renda que poderiam estar sendo gerados no interior do País.





O excesso de prazo dado na IN 62 para resolver um  problema relativamente simples como o de valor de referência aceitavel para CBT demonstra a falta de vontade política para efetivamente para chegarmos à qualidade do leite desejável.





Mas maior demonstração de falta de vontade política com relação à qualidade do leite no meu ver foi a IN 62 eliminar o regulamento de produção do leite pasteurizado tipo B, jogando na vala comum todo leite pasteurizado produzido por usinas de beneficiamento com a denominação de "leite pasteurizado".  Não cabe ao MAPA eliminar o regulamento para produção do leite B, de melhor qualidade. A decisão de produzir ou não leite B deve ser de cada indóstria ou cooperativa. Dou mais detalhes sobre isso na minha página do MyPoint. Chamo aqui a atenção de que isso pode ser fator limitante do preço para a maioria dos produtores que não tem condições de beneficiar o leite na própria proprieade e que as entidades dos produtores de leite e da indústria do leite pasteurizado deveriam agir junto ao MAPA para que a IN 62seja revista com a inclusão do regulamento para produção do leite pasteurizado tipo B.





Marcello de Moura Campos
Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/01/2012

Com reação à CCS, IN 62 prevê uma redução gradual do valor de referência até atingir o valor que deveria ter entrado em vigor em 2011, para mim faz sentido, pois é um problema complexo.

Mas o prazo até 2016 para vigorar o valor de referência para CBT que deveria ter sido atingido em 2011, que depende de frio e principalmente de higiene de ordenha me parece descabido.

Tem gente que argumenta que esse prazo é razoável pois tem muito produtor que não tem energia elétrica e está localizado em estradas muito precárias.

Essa argumentação me parece que perde consistência, devido:

1) higiene de ordenha pode ser conseguida rapidamente se as indústrias e cooperativas que coletam esse leite fizerem um programa de treinamento efetivo;

2) tanques de expansão podem ser implementados em prazo curto se houver programa de financiamento com juros e prazo compatíveis;

3) As amostras são colhidas na propriedade com embalagem e processamento adequado para não distorcer os resultados mesmo com demora para chegar aos laboratórios. Os problemas de aumento de CBT devido a tanques de coleta inadequados e precariedade das estradas não é do produtor, mas do lacticínio e do governo, e no que tange ao governo não há recursos para resolver a maioria dos problemas de estradas até 2016;

4) Onde não existe energia elétrica dificilmente a situação será resolvida pelo governo para atender a maioria dos produtores até 2016, pois não tem recursos para isso. A solução para quem quiser produzir leite nessas áreas sem ser para consumo local seria instalar geradores, que poderiam ser viabilizados por um programa de financiamento com juros e prazos compativeis semelhantes aos de um programa para adiquirir tanques de expansão.

Com relação à alegação de que a maioria dos produtores que tem indices absurdos de CBT são pequenos produtores e existe um problema social, não podemos contestar.

Mas também não se pode contestar que problemas sociais tem que ser resolvidos por conta do Governo e não dos produtores que produzem leite de qualidade e já enfrentam inúmeros problemas para permanecer na atividade.

Segundo estatísticas esses pequenos produtores são 70% do total e produzem apenas 30% do leite do País, ou seja algo em torno de 6 bilhões de litros/ano, utilizando vacas produzindo em torno de 6 litros/dia, e já prejudicam os 30% que produzem 70% do leite nacional por serem fator limitante no preço ao produtor.

CONTINUA NA CARTA SEGUINTE





Marcello de Moura Campos Filho
Darlani de Souza Porcaro
DARLANI DE SOUZA PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/01/2012

Não basta produzir um leite de qualidade , para se ter um prêço melhor,  os laticínios  exigem quantidade, e muitos param  e sai do ramo,não há incentivo.
Jose Getulio Wingert
JOSE GETULIO WINGERT

RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/01/2012

Não resisto a essa polêmica. A maioria do que foi dito acima parte de pressupostos falhos. Desde quando meia dúzia de produtores responde por 80% da produção?

Em segundo lugar, dados concretos, 60 a 70% dos produtores nacionais não atingiam os parâmetros elencados pela IN51 e nem atingem ainda. Então, como fecham os números?

Terceiro, qualidade é OBRIGAÇÃO de fazer.  Quem faz, muito bem, parabéns e vamos parar com o choro.


Aparentemente, pelos comentários há muito divulgados, existem ilhas de felicidade em Minas, SP, Goiás e talvez Paraná. Porém, a realidade nos mostra imensos bolsões abandonados pelo poder público, pelas embrapas e emateres da vida, que, se muito fizeram, nessa área e por aqui quase nada se viu, neste aspecto.

Como sempre digo, estamos trabalhando muito sério e hoje o RS conta com excelentes planos para apoiar a agricultura familiar, porém recém agora estão saindo do papel para a prática.

Não há má vontade. Sempre nos faltou apoio de todos os poderes. Quiçá, mude. Senão, teremos a IN??, pois a realidade não se muda no papel nem no papo furado.

sds,
Juca Wingert

Produtor e cooperativista de leite
João Paulo Antonello
JOÃO PAULO ANTONELLO

PASSO FUNDO - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 12/01/2012

De fato a aplicação real da IN 51 nos renderia produtos de melhor qualidade. O grande porém da história seria o impacto econômico que geraria tal aplicação, e creio que esse é grande dilema do governo, pois vejamos: Como entende-se pela leitura acima, a minoria dos produtores são responsáveis por 80% do total de leite produzido, e este de qualidade superior, como informou Gilson Gonçalves Costa, logo os mesmos estão diluindo os restantes 20% para manter-se no mercado e consequentemente mantendo a maioria dos produtores também. Então com uma aplicação real em regras de qualidade, de imediato cairiam a maioria dos pequenos produtores e junto com eles 20% da produção de leite no país, gerando grande desfalque na renda de muitas famílias em muitos municípios, logo, seria de responsabilidade pública não deixar que essas pessoas passassem fome ou migrassem aos grandes centros em busca de emprego inchando ainda mais as favelas. Isso é custo para os cofres públicos, pois são pessoas que consumirão sem produzirem. 20% de desfalque na produção teria um impacto imediato relativamente grande, até que os grandes produtores suprissem a queda de produção, como aumento dos preços do leite in natura e derivados, privando várias pessoas de os consumirem.

Diante do cenário que vivemos atualmente, com o recente incentivo a produção de cana de açúcar para o álcool (bio combustível), aplicação do código florestal, as áreas destinadas a produção de alimentos estão sendo limitadas, com isso não se pode simplesmente excluir a produção alimentícia em virtude de parâmetros de qualidade quando parte da população corre risco de passar fome. É necessária uma política séria e honesta, para melhorar a eficiência produtiva, manter as pessoas produzindo e tendo renda, evitando problemas sócio-econômicos.

Lucas Martins
LUCAS MARTINS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - FOOD SERVICE

EM 12/01/2012

Excelente colocação!

Trabalho com programas de qualidade e tenho uma ideia muito parecida sobre o tema. Acredito que aqueles que fizeram melhorias, devem exigir do mercado reconhecimento e consciencia dos órgãos responsáveis.

Nosso trabalho visa levar conhecimento/praticas as fazendas de forma que elas possam com o menor custo possível alavancar a produção melhorando a qualidade do leite.

Lucas Martins - Gerente de Contas - Alimentos e Bebidas
Leticia Mendonça
LETICIA MENDONÇA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/01/2012

A grande polêmica em torno desse assunto é que não há posição certa, nem verdade absoluta. Tanto quem era a favor, quanto quem era contra o adiamento da IN 51 tem argumentos bastante fortes.

A IN 62 propõe uma redução gradativa dos parâmetros de CCS e CTB até 2016, quando alcançaríamos o padrão de grandes países produtores. Vários desses países tiveram seu processo de melhoria da qualidade do leite feito desta maneira gradativa. O Canadá, por exemplo, iniciou este trabalho na década de 80, e estabeleceu uma redução de 50 mil céls/ml a cada ano; até o limite de 500.000 céls/ml para CCS, que é o utilizado atualmente na maioria das suas províncias. Eles levaram quase 20 anos para atingir o padrão esperado.

O produtor que se empenhou nesses últimos anos não perde. Muito pelo contrário, ele já está à frente da maioria e sendo beneficiado. Como? Ora, se ele conseguiu reduzir a CCS, o rebanho está mais produtivo, ele gasta menos com medicamentos e com o descarte de vacas. E se ele comercializa o leite para uma empresa que paga por qualidade, maior ainda é sua rentabilidade.

Quem abraça a causa da qualidade e melhora os índices de CCS e CTB não quer jamais voltar atrás. Este produtor já sabe dos benefícios de se produzir um leite de alto padrão, independentemente se a IN 51/IN 62 estabelecer seus parâmetros mais rígidos em 2012 ou em 2016.

Os produtores que não se adequaram até hoje, não o fizeram: (1) porque não tiveram acesso à informação ou condição financeira suficiente ou (2) porque simplesmente não quiseram. Esses últimos fatalmente sairão do mercado. Não acredito que precisemos nos preocupar demais com eles. Preocupemo-nos com os que queriam melhorar, mas não o conseguiram por algum motivo.

Acredito que o mais importante é pensarmos que, adiando ou não, uma normativa no papel não resolverá os problemas de qualidade por si só. A IN 51, agora IN 62, apenas estabelece quais os critérios mínimos de qualidade. MÍNIMOS. Se a IN 51 tivesse vigorado como previsto, com os padrões estabelecidos anteriormente, o que estaria diferente no dia de hoje? Dia 12 de janeiro/2012? Nada. Porque a legislação sozinha não modifica a realidade. E os laticínios não deixariam de comprar o leite fora dos padrões estipulados porque a legislação ainda não prevê isso.

A IN 62 precisa entrar em vigor juntamente com uma série de ações paralelas, que precisam ser colocadas em prática urgentemente. Precisamos arregaçar as mangas: governo, indústrias, laboratórios de qualidade do leite, instituições de pesquisa, de extensão, técnicos, produtores e consumidores. Cada um sabe exatamente qual o seu papel. Os debates do Milkpoint estão repletos dessas informações.

Não há culpados: há responsáveis. Para estas ações paralelas, aí sim, já passamos da hora de começar. Não há mais prazo para adiarmos o trabalho, a missão e a responsabilidade que cada um de nós tem com o crescimento e o desenvolvimento desse país. Chega de desculpas. Façamos a nossa parte.
Nelson Jesus Saboia Ribas
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/01/2012

Concordo 100%!! Alias já escrevo isto faz muito tempo.

É claro que não podemos competir com produtores que não investem e não gastam para ter qualidade de produto e sanidade do rebanho.

Hoje quem produz com baixa tecnologia e recebe o preço mais baixo, tem maior renda e se aumentar o volume tera um bom negócio.

A fiscalização dessa IN 51 precisa ser rigorosa, só diminuindo a oferta deste leite sem qualidade é que teremos chance de melhorar a renda do bom produtor.

Perfeito Gilson, parabéns! Só não enxerga isso quem não tem interesse em ver o que esta matando o negócio de produzir leite no Brasil, daqui a pouco vamos estar como a India,uma vergonha!
Alexandre Alves de Queiroz
ALEXANDRE ALVES DE QUEIROZ

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/01/2012

Parabéns pelo Artigo Gilson.

A abordagem foi feita de forma realista e corajosa. Infelizmente produtores especializados ainda terão que conviver por mais alguns anos com esse "teatrinho", onde iremos tolerar produtos obtidos com qualidade duvidosa e oscilação de preços que não beneficiam em nada os produtores profissionais.
Antonio J. Xavier
ANTONIO J. XAVIER

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 12/01/2012

Concordo com o Sr. Gilson. Sua abordagem é muito apropriada.
Qual a sua dúvida hoje?