Leitor comenta: Brasil está ficando para trás

O leitor do MilkPoint Roberto Jank Jr., diretor da Agrindus S.A., de Descalvado, São Paulo, enviou um comentário ao artigo "Aumentam importações dos EUA e de soro de leite". Segundo ele "Precisamos ficar muito alertas com esse fato novo que é à entrada de leite dos EUA. Fui lá ver grandes projetos de leite em julho último e impressiona".

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O leitor do MilkPoint Roberto Jank Jr., diretor da Agrindus S.A., de Descalvado, São Paulo, enviou um comentário ao artigo "Aumentam importações dos EUA e de soro de leite". Abaixo leia carta na íntegra.

"Precisamos ficar muito alertas com esse fato novo que é a entrada de leite dos EUA. Fui lá ver grandes projetos de leite em julho último e impressiona, mesmo na pós-crise, a escala e o grau de profissionalização das fazendas em Wisconsin, Indiana e Michigan, regiões que há 15 anos ainda não tinham mega projetos (de até 500 mil litros/dia).

Com referência ao meio ambiente, a maioria das fazendas tem separadores de sólidos (esterco e areia), tratamento de esterco líquido e muitas têm biodigestores. Eles realmente têm baixo custo de produção de leite (U$ 0,28) com o ganho de escala, mesmo cumprindo normas rígidas de proteção ao meio ambiente e pagando bem a mão de obra.

Um ponto muito frágil do Brasil é que lá as máquinas em geral e equipamentos de ordenha, tratores e colheitadeiras custam menos da metade do que pagamos aqui, por conta da carga tributária. Para borrachas de ordenha pagamos aqui mais de 50% de impostos na importação; não há como profissionalizar o setor e exigir qualidade para o leite com essa carga tributária (burra).

Foi muito impressionante ver as tradicionais fazendas de Wisconsin (conhecidas como "red barn and blue silo") com menos de 150 vacas totalmente depreciadas e em franco processo de extinção. Precisamos urgentemente nos profissionalizar para poder competir com esse pessoal.

Sobre a carga tributária dos materiais importados vale uma mobilização do setor porque o tema causa um enorme desequilíbrio e atraso para nós.
"

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odirlei neumann
ODIRLEI NEUMANN

COTIA - SÃO PAULO

EM 30/04/2012

Prezado Roberto,

Gostaria muito de conhecer a sua fazenda e conversar com vc sobre o negócio do leite, pois pretendo começar uma produção. Atualmente tenho duas empresas em outros setores. Seria possível conversar com alguém ai na sua fazenda no dia 04 ou 05 de Maio, pois vou estar ai perto.

Muito obrigado.

Odirlei Neumann

11-99811046
Márcio F. Teixeira
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/09/2010

Prezado Roberto e Marcelo,

também compartilho da dificuldade de organizar o setor leiteiro nacional.

Acho que a primeira coisa que deveria ser feito é identificar quais são as entidades que são responsáveis pelo setor leiteiro no Brasil, e para quais entidades estamos pagando para nos representar.
Essas idéias do Roberto, entre outras muitas mais, poderiam forma um documento de referência que serveria para reividicarmos junto ao Governo Federal melhores condições tributárias, visando aumentar a nossa competividade frente aos outros países e a geração de renda dentro, e não fora, do país.

O q vcs acham? Não seria um começo?

Abraço

Márcio
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/09/2010

Prezados Marcelo e Franco,

Os EUA tinham 2,5 milhoes de fazendas de leite nos anos 1950; hoje sao 54 mil e, como verificou o Marcelo, 1% dos mesmos produzem 30% do leite. É um claro indicativo de que muita gente deixou o setor e que houve expressivo ganho de escala nas unidades produtoras.
Nao tenho dúvidas de que sao muito mais competitivos hoje do que eram há 15 anos. É uma simples constatacao.
E nós? Desde 2004 o número de produtores inverteu a curva de queda e tende a aumentar, um claro sinal de que nao há ganho de escala como ocorreu com soja, acucar, café e outros produtos que o Brasil é líder.
Para chegar lá precisamos sinalizar melhor o que queremos do produtor, volume?, cbt?, solidos?, ccs? ... e realmente remunerar a materia prima com base nisso.
Já que este é o lider de mercado, uma ideia inovadora seria propor a retirada do estabilizante do leite longa vida (inovadora por aqui, nos outros paises já é assim) e remunerar o produtor por qualidade; com certeza o produtor responderá com muita rapidez se isso for sinalizado a ele.
No campo das tecnologias, me parece um contrasenso termos taxas de mais de 50% em impostos para borrachas de ordenhadeiras (teteiras). Um pais que tem um baixissimo % de ordenha mecanizada mas que quer e precisa cumprir normas mínimas de qualidade nao pode restringir dessa maneira o acesso a um produto básico como sao as teteiras; é uma burrice fiscal que soma pontos contra o interesse do consumidor de leite e derivados.

Franco, obrigado por suas palavras mas confesso que a politica partidaria nao me atrai. Por outro lado sinto-me bastante frustrado constatando nesse anos todos a dificuldade que temos em nosso setor para somarmos forcas em prol de uma politica classista que traga beneficios ao segmento lácteo. E ai, de novo, nao seria necessario reinventar a roda. Existem diversos exemplos por ai de setores que estao fazendo direito sua licao de casa.

abracos,
Roberto

Franco Ottavio Vironda Gambin
FRANCO OTTAVIO VIRONDA GAMBIN

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/09/2010

Enquanto isso para nos proteger da invasão dos lacteos do enterior, elegemos para nos representar : palhaços ,cantores ,gente que nunca trabalhou , gente que responde na justiça e gente que já partecipou de seguestros etc etc .
Entretanto não vamos perder a esperança, sem ajuda de governos nosso povo aprendeu a fazer menos filhos , agora será vez da educação e depois será vez de saber escolher seus dirigentes ,cobrar os seus direitos e tambem de cumprir suas obrigações.
Jank , voce ja mostrou sua liderança em diversas ocasioes,porque não inicia uma careira política? Gostaria de ter um candidato confiavel e que não tem receio de desagradar os caciques de nosso Brasil.
Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/09/2010

Caro Roberto


Pela informação que tenho, nos USA existem hoje 60.000 produtores para produzir 87 bilhões de litros de leite/ano.

Segundo sua informação, nos USA apenas 700 fazendas produzem 28 bilhões de litros de leite, que representa uma média de 109.800 litros/dia por propriedade , donde concluo que tem 59.300 produtores produzindo 61 bilhões de litros de leite, o que representa uma média de 2.818 litros/dia por produtor.

As 700 megafazendas, com produção média de 109.800 litros/dia por fazenda, representam apenas 1,2% das propriedades leiteiras dos USA. Você diz que o leite a US$ 0,28/litro seria competitivo, no atual custo dos grãos, para fazendas com mais de 150.000 litros dias, o que representaria apenas uma parte das 700 fazendas, digamos que sejam umas 400, ou 0,7% das propriedades leiteiras dos USA! Isto significa que um custo de US$ 0,28/litro não seria viável para 99,3% dos produtores de leite dos USA.

Assim me parece que ao analisar a competitividade dos produtores dos USA não podemos considerar um custo de US$ 0,28/litro, mas sim um custo operacional de US$ 0,33, que subiria a US$ 0,44 se considerado o custo de oportunidade, cuja fonte seria a Universidade de Wiscosin de acordo com o artigo do engo. Ag. José Quintana publicado na Infortambo de agosto de 2010.

De qualquer forma, mesmo considerando os custos informados pela Universidade de Wiscosin, a pecuária de leite nos USA é muito mais competitiva que a brasileira, de forma que gostaria de ter sua opinião sobre os caminhos para viabilizar a profissionalização e a competitividade da pecuária leiteira brasileira.

Grande abraço

Marcello
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/09/2010

Me desculpem, seguem algumas correcoes.
Os ordenhadores recebem U$ 8,00 por hora e trabalham 10 horas por dia; custam entre U$ 25 e U$ 30 mil por ano. Um herdsman custa U$ 40 mil/ano.
O preco atual do leite esta em U$ 14,50/100 lb, o que significa R$ 0,56 por litro de leite, bem abaixo do historico pre crise, que era R$ 0,67 no cambio atual.
O custo das grandes fazendas esta em R$ 0,49 por litro.
Para comprar uma ordenha nova com mais automacao, a economia de apenas um funcionario durante 15 anos paga o investimento ( U$ 400 mil).
Apos a crise, muitas fazendas operaram no vermelho por conta de altissimo nivel de endividamento. Alem disso o custo da mao de obra eh proibitivo para escalas menores de producao.
As 700 fazendas maiores dos EUA tem em media 3 mil vacas em lactacao produzindo 99 mil litros por dia. Em 365 dias a producao destas fazendas atinge 28 bi de litros, igual a nossa producao com 1 milhao de fazendas.
Em minha opiniao nos trabalhamos com grande amadorismo e pagamos pouco pelo trabalho, mas o grande diferencial aparece na macroeconomia que com a excessiva valoroziacao do real, extinguiu a nossa competitividade. Temos muito a melhorar.
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/09/2010

Caros amigos,

Nestor: nao existe subvencao. Eles tem 15 anos de financiamento para amortizar investimentos. Os ordenhadores recebem U$ 0,08 por hora e custam entre U$ 30 e 40 mil por ano.
O leite a U$0,28 no atual custo de graos eh competitivo para grandes fazendas com mais de 150 mil litros.
O alto custo da mao de obra e as restricoes do meio ambiente das fazendas menores eh que esta inviabilizando a atividade.

Marcelo,
De fato as fazendas maiores tem muito melhor diluicao do custo fixo e menor custo total se comparado aos dados da revista.
Os EUA tem apenas 700 fazendas que produzem todo o leite do Brasil, 28 bi de litros.
Voltoa contacta los.
Desculpe a falta de pontuacao.
abracos
Roberto
Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2010

Caro Roberto Jank Jr.


Na revista Infortambo de agosto de 2010, vi um artigo do engo. Agr. José Quintana, que analisa perspectivas de preço a longo prazo, onde afirma que, de acordo com os dados da Universidade de Wiscosin o custo operativo atual nos USA é de US$ 0,33/litro, e se forem incluidos os custos de oportunidade, esse custo sobe a US$ 0,44/litro.

Você fala que nos USA o custo de produção de leite é muito baixo, de US$0,28/litro, o que representaria 85% do custo operativo e 64% do custo considerando o custo de oportunidade do informado pela Universidade de Wiscosin, segundo o artigo da Infortambo.

Esse custo que você cita seria relativo aos mega projetos, que chegam a 500.000/litros dia? O que representa a produção desses megas projetos dentro do total da produção americana?

Você fala em fazendas com menos de150 vacas em ordenha ( que avaliam com produção abaixo de 4.500 litros/dia ) em franco processo de extinção, e que precisamos nos profissionalizar para enfrentar esse pessoal. Quais os caminhos que você sugere para viabilizar essa profissionalização?

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
Nestor Luiz Breda
NESTOR LUIZ BREDA

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 01/09/2010

Boa tarde

Com relação ao comentário ficaram algumas dúvidas.
Qual é a subvenção aos projetos citados?
O que é pagar bem a mão-de-obra nos EUA?
O custo de 28 centavos de dolar seria custo competitivo para os EUA? Qual é o preço pagao pelo leite nos EUA?
Quais as causas que levram as faazendas se depreciarem? Custo alto? Baixa escala? Baixa Produtividade? Falta de sucessores nas propriedades? Desinteresse pela atividade? Subsídios para os grandes produtores? enfim, quais as causas reais?

Abraços

Eng. Agr. Nestor Luiz Breda
Clemente da Silva
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 31/08/2010

Pois é, tudo isso que o Roberto Jank Filho viu nos EUA agora de sua última viagem, já era prenunciado há 15 anos passados, e eu dou testemunho de tudo que ele falou, também fiz meu comentário indignado no artigo principal. Em 1995, fechavam 5 fazendas de leite por dia no estado de Wisconsin, o governo ficou apavorado e quis saber a razão daquele êxodo. Foi exatamente oque o Roberto Jank relatou. Em Wisconsin, apesar de ser chamada a Dairyland America´s, as propriedades eram de origem familiar, com poucos grandes projetos. Os preços do leite não estavam compensando ou permitindo sequer as mínimas reformas das propriedades e por isso, a medida que os pais envelheciam, os filhos não querendo permanecer num negócio falido, abandonavam as propriedades. Só que lá, existe governo, as leis são severas, o povo têm vóz, o produtor então, nem se fala. O produtor americano, manda mais que qualquer governo, não porque o governo tenha medo do produtor, não! É porque tanto governo quanto povo sabem que se o produtor não tiver condições de produzir bem e com qualidade, e, se ele não estiver satisfeito com a atividade, se não estiver ganhando dinheiro, ele sai para outra atividade e fica muito mais caro para o país, ter que importar alimentos, e sabe-se lá com que qualidade. Entre 1995 e 1998, em função daquele êxodo rural o governo adotou rápidas medidas de socorro aos produtores, da maneira mais simples e inteligente possível, típica de países com mentalidade voltada para o futuro, e não apenas paliativas do tipo tapar o sol com peneira. O preço medio do leite na época era de (U$0,16) dezesseis cents de dolar por libra pound e os produtores precisavam de (U$ 0,22). Nem se discutiu, o aumento foi autorizado, e ainda, financiamentos a perder de vista, 20 a 25 anos, com juros ínfimos, para remodelação de todo o sistema de produção de leite. Imediatamente, ocorreu uma revolução em toda a cadeia produtiva do estado de Wisconsin. Propriedades que fazem divisas umas com as outras, foram se fundindo e criando verdadeiras empresas de produção de leite. Enquanto que individualmente um produtor tinha capacidade de produzir 5 a 7 mil litros/dia, numa fusão de cinco ou mais propriedades, passaram a produzir três a quatro vezes mais. Eu conheci várias dessas novas empresas e numa delas, tive a oportunidade de ouvir o relato de um dos agora sócios da empresa que dizia: enquanto eu e meus visinhos tocavamos cada um a sua propriedade, tinhamos enormes problemas individuais e nossas expectativas de crescimento eram tão pequenas que não nos permitia sequer pensar em termos uma vaca a mais no rabanho. Éramos cinco produzindo em torno de 28.000lts/dia, em cinco propriedades velhas e cheias de problemas. Hoje, produzimos 70.000 litros ao dia num só local onde podemos chamar de empresa, e temos uma perspectiva pela frente, de 200.000 litros ao dia dentro de 6 anos. Então, tudo que o Ro viu e relatou, é o resultado de uma política séria de governo, num país sério e confiável.Parabéns
Paulo Corrêa de Oliveira Neto
PAULO CORRÊA DE OLIVEIRA NETO

RIBEIRÃO - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/08/2010

Parabens Roberto

Sua observação sobre nossas taxas são uma realiade incompreencivel.
Precisamos de uma liderança para termos uma mobilização.

Abraço

Paulo Corrêa

Qual a sua dúvida hoje?