Mantém-se, pelo quarto mês consecutivo, uma acentuada queda nos preços pagos aos produtores pelas indústrias lácteas na aquisição de leite. A situação preocupa a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (FAESC) porque, em apenas 120 dias, a queda chega a 13,6%. Os valores de referência dessa matéria-prima, projetados para este mês de dezembro pelo Conselho Paritário Produtor/Indústria de Leite do Estado (Conseleite), reduziram 4,1%. No mês de novembro a redução foi de 7,28%, em outubro 1,7% e em setembro 0,5%.
Depois de sete meses de altas sucessivas e de ter atingido os maiores patamares dos últimos anos – o que incrementou a renda das famílias rurais em Santa Catarina – a acelerada retração revela que os preços estão recuando e retirando a lucratividade do setor, lamenta o vice-presidente do Conseleite e da FAESC, Nelton Rogério de Souza.
No primeiro semestre, a importação maciça de lácteos afetou o mercado interno, mas, atualmente, o motivo da depressão nos preços é outra. A queda do preço em Santa Catarina é decorrência do aumento da oferta de leite no mercado nacional pelos produtores do centro-oeste brasileiro, especialmente Minas Gerais e Goiás. “O regime de chuvas beneficiou aquela região com boas pastagens, o que antecipou em dois meses o aumento da oferta de leite no mercado doméstico, com a consequente queda geral nos preços”, expõe o dirigente.
A FAESC está preocupada com a desproteção dos produtores rurais porque, nessas condições de mercado em queda, as indústrias reduzem os valores pagos aos criadores para fechar suas contas, mas o produtor rural fica sem mecanismos de compensação. “Os custos de produção não recuaram, a inflação continua corroendo as margens de lucratividade e, para piorar, a produtividade está caindo em razão da chegada do verão e a queda de qualidade das pastagens”, relata Nelton. Em algumas regiões catarinenses essa diminuição é de 20%. Quem sai ganhando são os supermercadistas, pois o preço final ao consumidor não baixou na mesma proporção.
De acordo com projeção do Conseleite, os valores de referência baixam 4,1%, neste mês de dezembro, para o leite-padrão (R$ 0,7896 o litro), para o leite de qualidade acima do padrão (R$ 0,9080) e para o leite abaixo do padrão (R$ 0,7178).
Na segunda quinzena de janeiro de 2014, o Conselho volta a se reunir para anunciar os números definitivos de dezembro e a nova projeção mensal. Embora tenha esses valores como referência negocial, o mercado – como de praxe – está praticando preços superiores, mas também em movimento de queda.
Santa Catarina é o quinto produtor nacional, o Estado gera 2,7 bilhões de litros/ano. Praticamente, todos os estabelecimentos agropecuários produzem leite, o que gera renda mensal às famílias rurais e contribui para o controle do êxodo rural. O oeste catarinense responde por 73,8% da produção. Os 80.000 produtores de leite (dos quais, 60.000 são produtores comerciais) geram 7,4 milhões de litros/dia.
As informações são da FAESC.
