Não é novidade que os produtores de leite no Brasil estão buscando com maior frequência informações sobre o compost barn. O ‘boom’ do sistema ocorreu após algumas suposições como a maior facilidade de manejo e a finalidade clara e adequada para os dejetos dos animais.
“Se questionarmos aos produtores de leite o motivo pelo qual eles foram para compost barn e não para o free stall, provavelmente as justificativas serão essas. Muitos acreditam que o composto exige uma menor mão de obra comparada ao free stall, já que é mais fácil dar fim a cama do composto – que, diferente da areia do free stall - é constituída por uma matéria orgânica de ótima qualidade”, comentou Eduardo Pinheiro, médico veterinário e produtor de leite (Fazenda Rio Doce, localizada em Itobi/SP).
Eduardo compõe a grade de palestrantes do Interleite Sul 2018 e sua apresentação abordará um dos pontos cruciais para quem pensa em trabalhar ou já é adepto ao compost barn: “Manejo da cama em compost barn: como não errar?”.
Desafios do compost barn
Pinheiro destaca que alguns desafios do sistema devem ser ressaltados. “No meu ponto de vista e pela minha experiência, o compost é interessante até certo número de vacas. Até aproximadamente 500 animais em lactação, o composto vai bem, isso com dois barracões de tamanhos intermediários. Quando o barracão fica muito grande, começa a dar mais trabalho, visto que o tempo necessário para que os funcionários revirem a cama às vezes é maior que o tempo de ordenha. Isso ocorre para otimizar o sistema e para que, quando a vaca retorne da ordenha, a cama já esteja pronta”.
Para o produtor, o tamanho do lote, o tamanho do barracão e a velocidade da ordenha são pontos fundamentais que devem ser conciliados. “É essa a orquestra que deve funcionar. Se não, o sistema fica descompassado. Precisamos ajustar essa operação constantemente para conseguir enxergar os resultados”.
Ele explica que a área necessária por vaca no compost barn é maior comparada ao free stall. “Neste último a vaca precisa em média de 9 m², e no composto, isso vai de 12-14m², pois além da cama, são necessárias outras áreas para os animais. Sendo assim, o tamanho da construção do compost e o consequente custo de implantação são maiores. O composto para muitos chegou como uma alternativa de confinamento, com um manejo mais básico e de fácil destino para os dejetos, mas, não é tão simples assim. O custo fixo do free stall pode ser mais enxuto. Cada caso é um caso e o produtor precisa colocar tudo isso na balança e na ‘ponta do lápis’. Por isso vale ponderarmos sobre os pós e contras do negócio”.
Vantagens do sistema
Eduardo não tem dúvidas que o compost barn também carrega consigo vários benefícios para a produção de leite, como:
- maior conforto dos animais. “Em um compost barn bem manejado, o conforto é maior do que em um free stall bem manejado. Estudos já comprovaram isso. Em uma pesquisa realizada nos EUA, que comparou o tempo que uma vaca fica deitada no compost e no free stall, no primeiro, o tempo é em média 13 horas por dia, e no segundo, 9 horas, o que é um indicativo de bem-estar”.
- baseado em estudos científicos e na prática, há menor lesão no aparelho locomotor (cascos e jarretes);
- melhora na reprodução, “não só por causa do aumento do conforto, mas também, pela maior facilidade na observação do cio e maior segurança que as vacas sentem para montar”.
Mastite
Com relação à mastite, Eduardo destaca que os resultados são controversos e questionáveis. “Ainda não tenho uma resposta para dizer se um sistema é melhor que o outro (compost x free stall). O que posso afirmar é que quando trabalhamos com matéria orgânica, o risco de dar mastite cresce. Algumas pesquisas mostram que a contagem bacteriana ambiental na cama do composto é ‘infinitivamente’ maior que numa cama de free stall, o que expande as possibilidades de infecções intramamárias, porém, esse fator está totalmente relacionado à umidade da cama. Esta última pode conter muitos micro-organismos, mas, sem umidade suficiente para ela aderir ao orifício ou pele do teto, as bactérias não conseguem ascender para a glândula. Não é porque há muita bactéria no composto que o animal terá mastite”.
É por isso que a revirada da cama se faz necessária, assim como, a averiguação do teor de umidade da mesma. “Todos esses detalhes devem ser milimetricamente ajustados no composto, até porque, se faltar muita umidade na cama, faltará água para as bactérias compostarem a matéria orgânica. No entanto, alguns estudos já mostraram que camas com umidade abaixo do ideal considerado atingiram temperaturas maiores que 45 ou 50ºC – o que prova que nessas condições, também pode ocorrer a compostagem. Mas se a cama ficar muito seca – o que é vantajoso para evitar a mastite – favorece as doenças respiratórias. Por isso, o ajuste precisa ser fino”.
Em sua palestra, Eduardo apresentará alguns dados de produção de leite após ter transferido o seu sistema anterior para o compost barn, mas, já adianta: “no meu caso, comparado ao semiconfinamento, a minha produção de leite aumentou 9 litros por animal na média/ano. Identificar qual é o melhor sistema para a sua fazenda, equilibrar os desafios e as oportunidades que cada um deles apresenta e caprichar no manejo adotado são alguns um dos caminhos”, completa.
A programação do Interleite Sul 2018 está dividida em seis painéis:
- Mercado e Organização da Cadeia do Leite;
- Excelência no Compost Barn;
- A transformação do leite no Sul do país;
- Assistência técnica visando o novo contexto da produção de leite no Sul do país;
- Tecnologia aplicada;
- Economia da produção de leite.
Neste link, você garante sua inscrição com desconto até o dia 05 de março > http://www.interleite.com.br/sul/inscricoes
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