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Interleite Sul: A assistência técnica na sustentabilidade econômica das propriedades

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 23/06/2015

9 MIN DE LEITURA

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No segundo dia (19/06) do Interleite Sul, realizado em Foz do Iguaçu (PR), o tema central foi a assistência técnica e a sustentabilidade econômica das fazendas leiteiras. Roberta Zuge, da Ceres Qualidade, foi a responsável pela moderação do painel durante a manhã.

Marcelo de Rezende, Presidente da Cooperideal, iniciou as palestras do dia com o tema: “Construindo a viabilidade econômica de produtores de leite do Sul do país: conceitos fundamentais e exemplos”. Rezende falou sobre os trabalhos realizados pela Cooperideal, o perfil do associado, e o papel da cooperativa para a inovação e desenvolvimento da atividade leiteira.

Em relação à assistência técnica, Rezende ressaltou que nem todos os produtores estão dispostos a mudar. “Para que um programa de assistência apresente resultados é preciso identificar produtores com o perfil adequado, ou seja, aqueles que estão determinados a seguir as orientações técnicas e fazer as mudanças sugeridas, sempre participando das propostas de melhorias e das decisões.”

O palestrante ressaltou a importância da gestão no desenvolvimento das pequenas propriedades. “Fatos visíveis, como a má condição corporal do rebanho ou problemas graves de infraestrutura são facilmente identificados. No entanto, há uma série de processos a serem feitos que só serão percebidos com a análise de dados da propriedade. E nesse sentido a gestão é fundamental”.

Marcelo mostrou exemplos de propriedades assistidas pela equipe técnica da Cooperideal, nas quais a aplicação das técnicas propostas resultaram em melhorias significativas na produtividade dos rebanhos. “Nesses sistemas predominantemente a pasto, trabalhamos principalmente para melhorar o uso da forragem, seja escolhendo variedades mais apropriadas para a região, como também utilizando sistemas simples de irrigação, que permitem maior produtividade por área. Além da pastagem, é necessário fazer uso de suplementação alimentar no inverno, assim como garantir boas condições de alojamento e conforto aos animais”, disse.

Rezende comentou também que, muitas vezes, soluções simples podem trazer benefícios imediatos. “Como exemplo podemos citar o ‘bebedouro carrapato’, que garante o fornecimento de água aos animais em pequenos sistemas rotacionados; também o uso do quadro reprodutivo para controle das inseminações, partos, dias em aberto e demais índices reprodutivos”, contou.

Afirmando que “quem paga a conta da fazenda é a vaca em lactação”, Marcelo ressaltou a importância da estruturação do rebanho, com aumento da porcentagem de vacas em lactação (acima de 83%). “Senão a conta não fecha”, alertou.
Como exemplo, Rezende mostrou várias propriedades que atingiram esse objetivo, entre elas o Sítio Erveira, em Nova Laranjeiras (PR), que passou de 0,6 vaca em lactação por hectare (VL/ha) em 2006 para 2,37 VL/ha em 2014. Nessa mesma propriedade, a produção por vaca saltou 12,1 litros/dia em 2006, para 22 litros/dia em 2014. “Com isso, a produtividade passou de 2.624 litros/ha/ano em 2006 para 19.070 litros/ha/ano em 2014”, contou. Também a Fazenda Arsêgo, em Xanxerê – SC, que iniciou o trabalho de assistência em 2010, com 2,11 VL/ha, e atualmente alcança 2,67 VL/ha. “Essa diferença de 0,56 vaca em lactação/ha gerou um impacto na renda anual da propriedade, em 2014, de R$ 365.789,13 (0,56 VL/ha x 75,0 ha x 22,3 litros x R$ 1,07 x 365 dias)”.

Sobre o papel do técnico, Rezende salientou que para a implementação de tecnologias é preciso considerar o sistema como um todo. “Por exemplo, não adianta querer utilizar sêmen sexado, falar em melhoramento genético, se os animais estão subnutridos”.

Marcelo de Rezende encerrou sua apresentação ressaltando a significativa participação dos sistemas familiares na atividade leiteira, e a importância de melhorar a eficiência e rentabilidade destes sistemas. “Precisamos dar condições para que esses produtores e as próximas gerações permaneçam na atividade e, mais ainda, tenham perspectivas positivas para crescer e evoluir”.

Em seguida, Paulo César de Faccio Carvalho, Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, falou sobre a “Produção de Leite em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária”.

Carvalho começou sua apresentação mostrando a grande pressão que existe hoje sobre a agricultura e pecuária, em relação à preservação e sustentabilidade ambiental, ao mesmo tempo em que é preciso produzir cada vez mais alimentos para uma população crescente.
“Vivemos um desafio muito grande. No passado isso era mais facilmente resolvido aumentando-se a produtividade, que era baixa. No entanto, a expectativa em ganhos de produção por área diminuirá muito pensando daqui pra frente, pois para muitas culturas de grãos já estamos próximos a atingir o limite genético para produtividade, mostrado pela forte intensificação dos últimos 50 anos”, afirmou.

Neste cenário, segundo Carvalho, temos que buscar soluções que permitam produzir não só com ganhos em produção, como também na preservação ambiental. “O sistema integrado tem sido proposto como alternativa. A integração lavoura-pecuária é um sistema de produção que pode responder ao que se chama hoje de projetos intensivos sustentáveis. Um ponto importante deste sistema é a clicagem de nutrientes, ou seja, seu reaproveitamento”, disse o professor.
Ele continuo explicando que, na agricultura do futuro, o foco é ter a mesma molécula produzindo mais coisas (mais proteína animal, vegetal, etc). “O objetivo é ter diferentes componentes animais e vegetais em um mesmo sistema, simulando o que acontece na natureza”.

Carvalho apresentou diversos trabalhos que mostram o melhor aproveitamento de recursos nos sistemas integrados. “Um experimento conduzido por 10 anos nos EUA, com rotação da cultura do algodão e a pecuária, utilizou 25% menos água de irrigação e 35% menos fertilizantes nitrogenados. Esse é o objetivo destes sistemas, utilizar melhor os recursos disponíveis”, salientou.
O professor também mostrou resultados de 36 experimentos realizados no Sul do Brasil, rotacionando culturas de soja, milho ou feijão com a pecuária. “Estes trabalhos concluíram que, quando bem manejados, os sistemas integrados são muito superiores, gerando produtividades das culturas 5% a 15% superior em relação aos sistemas sem rotação com animais”, afirmou.

Para encerrar, Paulo Carvalho falou sobre o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), e o PISA, um programa de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas. “Existem linhas de crédito específicas para produtores que queiram aderir ao Programa ABC e implementar ações para mitigar os efeitos da pegada de carbono dos seus sistemas”, disse o Professor. Sobre o PISA, ele afirmou que o programa incentiva a transformação da produção convencional, com a implementação de tecnologia, práticas sustentáveis, rastreáveis e certificáveis. “As etapas do trabalho incluem inovação no processo de produção, recuperação da capacidade produtiva dos solos e redução dos custos para o agricultor, com consequente aumento da produtividade e rentabilidade”, finalizou.

Após o milk break, Jair da Silva Mello, Gerente de Suprimento de Leite da CCGL, deu sequência às apresentações, abordando o tema: “Diretrizes e resultados de um programa de assistência técnica implantado pela indústria”.

Mello falou sobre a relação do produtor com o cooperativismo, e apresentou o trabalho realizado pela CCGL com foco no produtor e na produção, através de investimentos em pesquisas e difusão de tecnologia através da assistência técnica. “Os programas de fomento e assistência técnica fazem os produtores crescerem. E o nosso desafio é desenvolver o produtor, aumentar a renda e qualidade de vida, possibilitando que permaneça à frente do próprio negócio”, afirmou ao iniciar sua apresentação.

Ele mostrou a organização da Cooperativa para entender as demandas dos produtores. “Temos um conselho técnico para definir as prioridades em pesquisa. Com resultados e tecnologias definidas, técnicos passam a difundir a campo, e também realizando eventos como dias de campo, e também o fórum durante a Expodireto.

Para conhecer o perfil dos produtores da CCGL, e assim aplicar da melhor forma possível os programas de assistência e tecnologias, foram feitas pesquisas sobre o perfil dos produtores. Os mesmos também são reavaliados após a implementação do trabalho de assistência.
Mello apresentou resultados de propriedades que participam do Programa de Assistência Técnica CCGL. Entre as melhorias estão: o maior aproveitamento e qualidade das forragens, aumento na estabilidade alimentar através do uso do alimento conservado, controle zootécnico e gestão da propriedade.

Para controlar os resultados e indicadores deste Programa nas propriedades assistidas foi desenvolvido um software próprio da CCGL, utilizado pela equipe técnica e acessível aos produtores. “Nos últimos 12 meses houve uma média de 520 produtores assistidos, com aumento de produção mensal de 12 mil para 15 mil litros mensais (média de 500 litros/dia/produtor). Isso representa um aumento de 25% na produção nos últimos 12 meses”, ressaltou.
“Comparando com dados sobre a produção do estado, nossos resultados mostram que, enquanto a produtividade animal média no RS está em 12 litros/vaca/dia, a média dos produtores CGGL é de 20 litros/vaca/dia, com meta de chegar a 25 litros/vaca/dia. A produtividade da terra dos produtores CCGL (12.000 litros/ha/ano) é praticamente o dobro em relação à média do estado (6.500 litros/ha/ano). Como principal resultado, a margem líquida (R$/ha/ano) dos produtores CCGL encontra-se bem acima da média dos produtores do estado”, afirmou Mello.

Finalizando as apresentações da manhã de sexta-feira (19/06), o zootecnista Christiano Nascif, da Labor Rural, Educampo e Senar, falou sobre o papel da “Análise de índices econômicos e de produtividade norteando a assistência técnica”.

Christiano afirmou que houve muitos avanços na implantação de novas tecnologias relacionadas aos processos produtivos. No entanto, a utilização de ferramentas que possibilitem a avaliação e mensuração do negócio ainda é deficitária. “É preciso melhorar a gestão das propriedades.”, disse.
Segundo ele, o objetivo do empresário rural é atingir a lucratividade sustentável, e o papel da assistência técnica é implementar ações para atingir esse objetivo.

Nascif enfatizou o quanto é viável investir em assistência técnica, ao apresentar um estudo realizado em 371 propriedades entre abril/14 a março/15, o qual mostrou que o custo da assistência técnica por litro de leite foi de R$ 0,013/litro, no período. “Com esse dado foi possível avaliar a relação benefício-custo da assistência técnica neste estudo, a qual foi de 4,15, ou seja, para cada 1 real investido em assistência técnica houve um retorno de 4,15 em lucratividade. Isso mostra a real importância da serviço técnico, desde que o mesmo esteja comprometido em entender as condições do sistema e aplicar as ações corretas”, afirmou.

Ele também falou sobre a importância da valorização da assistência técnica pelas empresas, cooperativas, governo e demais entidades do setor. “Investir em assistência técnica é a forma mais garantida para o desenvolvimento sustentável da atividade”, ressaltou Nascif.

Dentro do conceito de que lucro nada mais é do que a receita menos o custo, Nascif destacou a importância de focar no aumento do lucro, porém com custos equilibrados. “Não adianta querer aumentar o lucro reduzindo, de qualquer forma, os custos. Há despesas que são indispensáveis, e cortar itens básicos, porém importantes para a rotina diária, acaba gerando problemas ainda maiores a médio prazo”, salientou.
Outro fator importante, segundo ele, é sempre considerar os custos fixos, muitas vezes não incluídos nos cálculos. “São os custos de oportunidade, depreciação e a mão de obra, no caso do trabalho familiar”, explicou o zootecnista.

Finalizando, Nascif afirmou que “o produtor mais eficiente é aquele que consegue utilizar os mesmos insumos, produzindo maior renda”. Os insumos citados por Nascif seriam o custo operacional efetivo, a área utilizada, o estoque de capital em animais, e o estoque de capital em máquinas e benfeitorias. Em síntese, estes são os componentes necessários ao sistema para gerar o resultado final, a renda.

No período da manhã houve também o Espaço Empresarial, com apresentação de Afonso Celso Villa Dobritz, da Vallé. Ele mostrou resultados de uma pesquisa a campo que avaliou a eficácia do Masticine L na cura clínica e microbiológica de casos de mastite clínica.

O último bloco do Interleite Sul 2015 contou com apresentações de dois palestrantes internacionais – Jeffrey Bewley, da Universidade do Kentucky, EUA, maior especialista mundial em compost barn, e Alfonso del Lago, também dos EUA, que falou sobre criação terceirizada de novilhas. O Médico Veterinário Sandro Viechnieski, gerente e parceiro da Star Milk, também palestrou na tarde de sexta-feira (19/06), falando sobre a gestão de pessoas em fazendas leiteiras. Clique aqui e veja o que foi apresentado.

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