Indústria uruguaia busca frear a chegada da Bom Gosto

A Câmara da Indústria Láctea do Uruguai (CILU) levantou na reunião semanal do Instituto Nacional de Leite (Inale) o medo de que as empresas locais não possam competir no mercado com a brasileira Bom Gosto, que se instalará no Uruguai, e prevê grandes investimentos no departamento de San José.

A CILU argumenta que a participação da Bom Gosto no mercado gerará uma competição desleal contra as indústrias uruguaias instaladas. A postura reflete o medo de que também se "estrangeirize" a indústria láctea, como ocorreu com a de arroz ou a de carne.

Para o produtor de leite e presidente da Intergremial de Produtores de Leite (IPL), Martín Lindholm, buscar frear esse investimento "reflete uma mentalidade monopólica", apesar de a indústria uruguaia "estar muito bem posicionada para enfrentar a competição, de forma que não há nenhuma ameaça". Para ele, a competição é "o motor que permitirá aumentar a produção, quando o Inale fala de cumprir com a meta de 7% anual de crescimento. Se não há empresas lutando pelo leite, esse crescimento e esse dinamismo não ocorrerão".

Por outro lado, Lindholm disse que a bacia leiteira não pertence à nenhuma empresa - a CILU solicitou que as novas empresas que se instalem deveriam criar suas próprias bacias -, nem à indústria. Foi criada com o esforço dos produtores e da sociedade através de investimentos públicos e nenhuma empresa pode se adjudicar o direito de ter acesso ao leite. Por outro lado, ele considerou que se o investimento da Bom Gosto for limitado, serão gerados problemas comerciais com o Brasil.

As informações são do El País Digital, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.