Importações do Mercosul prejudicam setor lácteo

O aumento significativo das importações de leite em pó e os impactos negativos que essas negociações podem causar no mercado interno têm deixado os representantes da cadeia láctea do país em alerta. Na última semana, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) elaborou um diagnóstico do setor. O objetivo é sensibilizar o governo para que as medidas de proteção à cadeia láctea continuem sendo adotadas.

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O aumento significativo das importações de leite em pó e os impactos negativos que essas negociações podem causar no mercado interno têm deixado os representantes da cadeia láctea do país em alerta. Na última semana, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) elaborou um diagnóstico do setor. O objetivo é sensibilizar o governo para que as medidas de proteção à cadeia láctea continuem sendo adotadas.

Uma das principais medidas em negociação é a busca da renovação do acordo que limita o ingresso do leite argentino. A valorização do câmbio é o principal fator que está alavancando as comercializações. Outro desafio a ser solucionado são as crescentes importações oriundas do Uruguai.

De acordo com o analista de mercado da OCB, Gustavo Beduschi, o diagnóstico sobre o atual cenário do setor, servirá também como subsídio para que os técnicos do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sejam embasados para análises de embarques lácteos que envolvem os países do Mercosul. O estudo foi elaborado pela Gerência de Mercados da OCB, a pedido do presidente da Subcomissão de Leite da Câmara dos Deputados, deputado Domingos Sávio.

"O ingresso expressivo de leite no país causa impactos em todas as regiões, inclusive em Minas Gerais, que é o maior Estado produtor. As conseqüências podem ser graves, caso medidas não sejam tomadas para conter as importações. Todos os segmentos perdem com o aumento da oferta desde o produtor, que passa a receber menos pelo leite in natura, como a indústria, que perde a competitividade", disse.

De acordo com os dados da OCB, o saldo da balança comercial brasileira dos produtos lácteos, no primeiro semestre de 2011, foi deficitário em US$ 217 milhões, valor que só não é pior que o registrado em 2000, ano em que o Brasil ainda era considerado como grande importador e sofria práticas desleais de comércio, como o dumping.

Entre janeiro a junho deste ano, o faturamento com as importações lácteas chegou a US$ 274 milhões, valor que responde por 83% de todas as negociações efetuadas ao longo de 2010, quando a receita foi de US$ 330 milhões. Enquanto isso, as exportações brasileiras de lácteos movimentaram US$ 57 milhões nos primeiros seis meses do ano.

As importações de leite, principalmente provenientes do Uruguai e Argentina, provocam grande receio no setor por estes países produzirem com menores custos. O momento é delicado para a produção brasileira uma vez que os custos com a atividade em Minas Gerais, por exemplo, acumulam alta de 18% nos últimos 12 meses, enquanto os preços pagos pelo leite evoluíram apenas 5%.

"A valorização do real frente à moeda norte-americana vem estimulando as importações e causando prejuízos para o setor que trabalha com os custos elevados, puxados principalmente pela alimentação do rebanho. Caso nada seja feito, no longo prazo o risco é de falência de grande parte da cadeia", avalia Beduschi.

A matéria é de Michelle Valverde, publicada no Diário do Comércio, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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maria angela gonzaga de jesus
MARIA ANGELA GONZAGA DE JESUS

GOIÂNIA - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/08/2011

É.... que importância tem a cadeia produtiva do leite para quem não depende dela???  Parabéns - Michelle Valverde!! Levanta mesmo essa bandeira!! Os pequenos produtores agradecem!! Temos alguém para falar por nós!!
Marcos Rodrigues Bragança
MARCOS RODRIGUES BRAGANÇA

PIRES DO RIO - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2011

É lamentável que o leite cuja cadeia envolve 4 milhões de empregos diretos no Brasil, seja moeda de barganha com outros produtos industrializados que possuem um número bem menor de trabalhadores envolvidos. Até quando a nossa cadeia será classificada pelo Governo como de menor importância.
André Gonçalves Andrade
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2011

Enquanto isso no planalto central.... em Brasília...


Somos o setor mais desorganizado da cadeia do agronegócio brasileiro. Responsáveis pela maior geração de emprego do país. Ultrapassando a construção civil, e desrrespeitados por todos.


Não fico surpreso. Pois em nosso país se dá muita importância ao que não tem importância e nenhuma a quem de fato é muito importante.



Se o leite subir e ameaçar a inflação: mídia nele (procurem algo mais barato pra consumir).


Se baixar e deixar o setor em dificuldade (aqui cabe todos: produtor, indústrias, fornecedores) não tem problema.


E ainda sonhamos em ser um país exportador de lácteos...com padrões de qualidade internacionais, etc, etc...


Parece brincadeira. Mas, infelizmente não é.


Parabéns a OCB pelo trabalho. Precisamos de mostrar as autoridades que somos competentes, e precisamos da ajuda deles (proteção comercial às importações desleais, câmbio ajustado a realidade de nossa economia, tributação mais branda e justa entre outras) para sermos competitivos.


Alguma autoridade, por favor, agarre essa bandeira.


O setor leiteiro antecipadamente agradece.
Darlani de Souza Porcaro
DARLANI DE SOUZA PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2011

O  governo não quer enxergar as dificuldades do meio rural, o importante  , é .manter preço baixo nas prateleiras  dos mercados. Como sabemos o custo do leite , da carne , e principalmente  do porco e frango aumentaram e muito, fazendo muita gente abandonar  o meio por já acumular dívidas . Nosso país não  produz o leite suficiente  para nos mantermos, é preciso muito leite de fora prá suprir essa deficiência.E uma vergonha um país continental com enorme potencial , e uma imensa população , ficar dependendo de leite Argentino , Paraguaio  e outros.

raimundo sauer
RAIMUNDO SAUER

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2011

Boa noite.Eu acho que ja vi isto antes ou sera que estou enganado?O lamentavel e que ate as nossas autoridades resolvam tomar alguma atitude nos produtores ja estamos amargando prejuizos.Apertem o cinto companheiros!
Elvis Luís Basso
ELVIS LUÍS BASSO

PEJUÇARA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/08/2011

Tem uma matéria neste site que eu discordo, mas vem de encontro com esta reportagem no que diz respeito ao crescimento de produção. A materia dizia que o uruguai está crescendo mais de 15% este ano, desculpe mas é uma piada, tem muito leite argentino e sabe-se da onde entrando no Brasil como leite uruguaio. Sou gaúcho e tivemos um dos piores invernos dos ultimos 30 anos e o uruguai nosso vizinho de esquina sempre tem um clima muito mais severo do que o nosso, então meus amigos afirmar que um país que tem seu rebanho a pasto e enfrentou um inverno desses, afirmar que a produção cresceu 15% é uma inverdade, ou eles inventaram algum tipo de pastagem que adora clima de zero grau e que não precisa de luz solar. O que acontece se chama dumping e como produtor e veterinário vi o preço go leite gaúcho pago ao produtor se manter em patamares aceitaveis graças a muito frio e tempo nublado, porém produzindo pouco leite. Temos que impor barreiras não somente a argentina mas aos vizinhos uruguaios, que dizem produzir leite barato mas não comentam que isso ocorre graças a uma carga tributária baixissima comparada a nossa e a um câmbio extremamente desvalorizado, transforman em dolar o custo de produção e vem comparar com o nossos custos e teremos uma surpresa!!!!
jarbas peixoto
JARBAS PEIXOTO

UBERABA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2011

Chega a ser absurda a política de proteção aos produtores brasileiros  (inexistente ou mesmo  "ineficaz").     Seria simples ao Governo proteger os produtores brasileiros, que já sofrem com a elevação do custo e preço modesto.    Bastaria apenas TAXAR a entrada do leite  "argentino"  ou  "uruguaio",  até mesmo e principalmente porque é notório que o  leite vem de países fora do Mercosul e apenas utiliza  países vizinhos para fazer  "ponte", com prática criminosa para beneficiarem-se da isenção de impostos de importação do mercosul. 


Ou seja:  montam alguma distribuição em países vizinhos (ou empresa do próprio país vizinho), importam de fora  (austrália, por exemplo)   e   revendem para o Brasil, como se fosse o leite produzido no país vizinho (com isenção de impostos). 


Em situações como essa , o Brasil deveria suspender essas importações ou mesmo taxá-las, equilibrando-se a competitividade e fazendo justiça aos seus produtores.


- Se não forem tomadas medidas urgentes para proteção do produto brasileiro,   não estaria havendo    "vista grossa"  em troca de benefícios externos, em detrimento de interesses dos produtores brasileiros?
adriano carvalho rodrigues
ADRIANO CARVALHO RODRIGUES

ÁGUA BOA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/08/2011

Parabens Michelle Valverde.


Será se estamos passando por uma celeção entre produtores eficientes e não eficientes...
Qual a sua dúvida hoje?