Implantação dos novos limites da IN 51 é tema de debate em Chapecó

A manhã de quinta-feira foi palco de um grande debate sobre a Instrução Normativa 51, envolvendo especialistas, produtores e o governo, em Chapecó/SC, em um fórum organizado pela Mercoláctea em parceria com o MilkPoint.

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A manhã de quinta-feira foi palco de um grande debate sobre a Instrução Normativa 51, envolvendo especialistas, produtores e o governo, em Chapecó/SC, em um fórum organizado pela Mercoláctea em parceria com o MilkPoint.

O evento, moderado pelo Professor Marcos Veiga dos Santos, da FMVZ/USP, teve palestras de Mayara Souza Pinto, gestora da IN 51 junto ao MAPA, Laerte Cassoli, da Clínica do Leite, Marcelo Carvalho, do MilkPoint, e Ricardo Schiavinatto, dos Laticínios Nata da Serra, além do próprio Marcos Veiga dos Santos, que falou sobre os desafios a respeito da melhoria da qualidade do leite. Do debate final, participou também Rodrigo Sant'Anna Alvim, da CNA.

Rodrigo Alvim foi enfático: "Não tentemos ser mais importantes do que o rei. Não é possível, em 6 anos, em condição tropical e sem a infra-estrutura, termos um leite de padrão europeu, cujo programa de qualidade tem décadas". Para Alvim, a implantação de nova etapa na IN 51, com limites mais rígidos, não deverá ser adiada, mas os valores deverão ser revistos. Ele adiantou que o secretário Francisco Jardim está disposto a discutir a questão.

Já Mayara Souza Pinto, do MAPA, disse que o Ministério não fará qualquer alteração a não ser que haja um subsídio muito grande de informações, sob o risco de desacreditar a legislação. Para Alvim, o que desacredita a lei é a aplicação de valores que não podem ser cumpridos por mais da metade dos produtores.

A representante do MAPA disse ainda que o Brasil tem perdido espaço no mercado internacional por não atender às exigências sanitárias, tendo sua atuação restrita a América do Sul e África. "Temos de melhor a qualidade para poder atender a mais mercados, como é o caso da Rússia", disse.

Ao ser questionada pelo professor Marcos Veiga dos Santos a respeito da validade da IN 51 como lei, Mayara disse que é realmente necessária a revisão do RIISPOA para que isso ocorra. Ela acrescentou: "o leite fora dos padrões continuará sendo entregue a partir de julho de 2011, considerando o caráter não punitivo da IN 51. O que iremos cobrar é ações no sentido de se melhorar a qualidade", explicou.

Veiga, embora favorável a legislação, enfatizou a necessidade do pagamento por qualidade como ferramenta propulsora. O professor da USP e presidente do CBQL acredita que a lei por si só não resolve. "As empresas que pagam por qualidade tendem a ter um leite de melhor qualidade", explicou.
Esse foi exatamente o tema apresentado por Laerte Cassoli, da Clínica do Leite/USP. Laerte mostrou que as empresas que pagam por qualidade apresentam menor contagem bacteriana, tendo apenas 8% do leite fora dos padrões da IN 51, contra 25% das demais empresas.

Porém, Cassoli apontou problemas na amostragem do leite: 40% das empresas que remuneram por qualidade baseiam o pagamento em apenas uma amostra mensal. Analisando o que ocorreria com o pagamento desse leite caso fossem feitas 4 amostragens mensais, Cassoli concluiu que nada menos do que 80% dos produtores mudariam de classe caso fossem feitas mais amostragens, indicando que uma única amostra mensal não é suficiente.

O pesquisador da Clínica do Leite mostrou ainda a importância do treinamento do agente que coleta o leite: as empresas que fizeram o treinamento têm menos de 6% de falhas de amostragem, contra quase 18% das demais.

Figura 1 - Mayara Souza Pinto, do MAPA

Figura 1

Figura 2 - Grande público em Chapecó

Figura 2

Fonte: MilkPoint

Crédito das fotos: Silvania Cuochinski/Marcos A. Bedin
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José Fernando Mourão Cavalcante
JOSÉ FERNANDO MOURÃO CAVALCANTE

FORTALEZA - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 28/12/2018

O problema da qualidade do leite no Brasil não se resolve por lei ou IN, mas por melhor remuneração do leite cru e capacitação dos pequenos produtores de leite.
Em geral, a qualidade microbiológica do leite no Brasil fica a desejar, para não dizer de "péssima qualidade". Motivo: Falta de higiene na produção.
Mas a qualidade já melhorou muito na última década.
Nilson André C. Menezes
NILSON ANDRÉ C. MENEZES

ITABUNA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/08/2011

Interessante a reiterada discussão sobre o que queremos com a qualidade do nosso leite. Gostaria de chamar atenção para o seguinte: o estado que institui a IN 51 e exige prazo, é o mesmo que não coloca os seus técnicos no campo para orientar o produtor a fazer qualidade, é o mesmo que fornece uma energia elétrica de qualidade discutível e estradas com condições precárias, em algumas regiões, é o mesmo que tolera e permite a proliferação de pequenas queijarias que não estão nem aí para qualidade de leite. Assim, percebo que há necessidade de se rever tudo. Enquanto existir compradores de leite sem qualidade, sem fiscalização, jogando solto, e o MAPA deve saber quais são, devemos continuar patinando. Por fim, não basta o apoio de alguns laticínios em apoiar o produtor para produzir leite com qualidade e a valorização desse leite, com pagamento da bonificação, cabe ao estado procurar participar mais ativamente do processo, através de seus órgãos de assistência técnica, principalmente para apoiar os pequenos laticínios. O  produtor, muitas vezes, não se preocupa com a qualidade do leite por desconhecimento, precisamos procurá-lo se para ensiná-lo. Acho que devemos continuar acreditando que é possível vencer essa dificuldade, basta que todos se unam para resolver o problema (governo, indústria, produtores). Até quando o nosso cliente, consumidor, aceitará a consumir leite sem um mínimo de qualidade ? O brasileiro não consome somente leite, há vários concorrentes no mercado, o que estamos fazendo para não perder espaço para sucos, refrigerantes, etc ? Sei que não é fácil, mas é possível.    
Darlani de Souza Porcaro
DARLANI DE SOUZA PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2011

Estou de acordo com o Sr. Pedro Augusto  acima, porque, devido  aos  custos de  produção ficarem cada vez maior ,  e o leite não ter um preço estável,fica difícil  de  fazer  emprestimos  bancários  visando melhoramentos  em tecnologias. Em minha região o que vale mesmo é a  quantidade.
pedro augusto junqueira ferraz
PEDRO AUGUSTO JUNQUEIRA FERRAZ

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2011

Hoje nós produtores de leite não temos linhas de financiamentos com taxas e pazos compatíveis com a atividade leiteira. Os pazos são curtos e taxas altas. Os preços recebidos são incompatíveis com os investimentos necessários para a implantação de plantas leiteiras adequadas aos níveis exigidos pela IN 51.


A mão de obra especializada é escassa  e os filhos dos produtores de leite do Brasil, não querem mais seguir o negócio dos pais e migram para as cidades em busca de novas oportunidades.


Assim sendo, entendo oportuna  a proposta do Dr. Rodrigo Alvim, no sentido de rever os valores adotados pela portaria , para que juntos ,produtores e governo possamos construir uma solução .





Pedro Augusto Junqueira Ferraz
Paulo Barros Araujo
PAULO BARROS ARAUJO

ANDRELÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2011

O ponto alvo para esta questão, não é a punição ou condenação de leite fora dos padrões, e sim, onde o problema se inicia. Todos que conhecem um pouco de leite, sabe que o fator principal para uma qualidade final no produto é a matéria prima. Por tanto, as ações, tem que ser direcionadas para a onde ela é obtida, "PROPRIEDADE RURAL". Vale lembrar, que um leite, se obtido de animais sadios e de forma higiênica, dificilmente chegara fora dos padrões às indústrias. É de responsabilidade do governo federal, estadual e municipal, dar apoio técnico e mecânico, treinamentos pessoais, e quem sabe até auxílio mensal (as famosas "BOLSAS" de auxílio que o governo gosta tanto de falar), para assim começar a atingir o seu verdadeiro alvo.


Veja bem, se o governo começar um programa que realmente dê apoio a melhoria da qualidade, com os profissionais da área voltados a origem da matéria prima, com certeza as indústrias vão se encarregar de manter esta qualidade original do produto. Nehuma empresa, por mais desorganizada que seja, quer perder qualidade no leite, elas apenas se encarregam de manter o que vão buscar.


Por tanto, cabem aos governos, dos três escalões, esta responsabilidade, em buscar a qualidade tão almejada por todos, para ganhar o mercado externo. Pois, se este custo, ficar a cargo das indústrias, que já sofrem com toda esta carga tributária, que no mercado exterior não está no mesmo patamar que a nossa, a saída será o repasse deles ao preço final. E como a própria Mayara Souza Pinto, do MAPA, disse que os leites fora de padrão, continuaram a serem entregues nas empresas, as indústrias não teram uma concorrência leal. E assim o problema persistirá.


Luiz Mário Leite Júnior
LUIZ MÁRIO LEITE JÚNIOR

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 16/05/2011

O Prof. Rogério Bermudes tocou no cerne desta questão. A IN 51 por si só não é suficiente para regular a qualidade do leite produzido no Brasil. Há necessidade de estruturação e fiscalização de toda cadeia do leite. Enquanto existir laticínio ou cooperativa que compra e processa leite fora do padrão de qualidade proposto, todo o trabalho e esforço para melhorar a qualidade do leite realizado pelas empresas, pelos produtores e técnicos será insuficiente.





Acredito que a partir do 2º semestre de 2011 com a entrada em vigor dos novos limites de CCS e CBT da IN 51 muitos produtores não conseguirão o padrão de qualidade exigido e a cadeia do leite terá que discutir esta questão novamente e tomar decisões para evitar uma crise no setor.
J. Américo G. Dornelles
J. AMÉRICO G. DORNELLES

SÃO CARLOS - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2011

O pagamento pela qualidade e o treinamento do pessoal da coleta de amostras,apenas seriam suficientes para termos uma melhora significativa e próxima dos limites da normativa 51.

O debate e os encontros como este de Chapecó são esclarecedores não apenas para a cadeia do leite mas para toda a sociedade.
Paulo Sebastião Paes Leme
PAULO SEBASTIÃO PAES LEME

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2011

Gostaria de saber: 1 - Nos Estados Unidos, quais os limites máximos para CCS e CBT?, e mínimos para gordura e proteina?  No Brasil. se faz normalmente o teste de cloretos, que, se positivo, condena o leite? Em que se baseiam as empresas que fazem êsse teste e o que provoca o resultado positivo?



 2 - Empresa¨grande, como a Perdigão ou ¨Brasil Foods¨está fazendo todos êsses testes apenas uma vêz por mês, com coleta de amostras negligente por inobservância de normas ou tempo de resfriamento (coleta parcial do tanque), às vêzes jogando o leite pelo ralo quando, a seu critério, encontram antibióticos ou positivo para cloretos. A Nestlè, pelo que me consta, pelo menos faz mais de uma coleta por mês e ja não penaliza, como antes, o prêço dos três mêses seguintes. Só não sei, hoje, se também estão fazendo o teste de cloretos. Gostaria de ter esclarecimentos também sôbre êste item.
Guilherme Dagnoni
GUILHERME DAGNONI

IPERÓ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/05/2011

Outro fator que precisa ser discutido é o ultrapassado teste do Alyzarol!



Esse teste padrão precisa ser substituído por um verdadeiro e confiável teste de acidez.
Rogério Bermudes
ROGÉRIO BERMUDES

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 15/05/2011

O problema que vejo quanto a IN 51,  é que não há punição, e as empresas que pagam por qualidade estão ficando sem leite, pois as queijarias e outras cooperativas pagam pela quantidade e o preço é igual ou maior do que as empresas que exigem qualidade. Como melhorar este leite se tem empresas que pagam melhor ou igual sem a exigência? O trabalho do técnico vai por água a baixo, já que orienta para melhorar a ccs e a cbt utilizando detergentes e outras tecnologias e o produtor te olha e diz "para que fazer isso se  a empresa não paga por essas melhorias?".





Prof. Rogério Bermudes - NUPECLE/UFSM - Palmiera das Missões - RS.
Jose Getulio Wingert
JOSE GETULIO WINGERT

RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/05/2011

O Rodrigo Alvim foi direto ao cerne da questão: a quem queremos enganar com mais uma lei que não será cumprida?


Em duas oportunidades, manifestei-me neste site nos mesmos termos contrários, questionando os conseleites da vida e outros gênios que querem que a norma permaneça. Como, se mais da metade dos produtores não se enquadrarão?


Chegamos ao ridículo de ouvir do MAPA que os limites não serão exigidos. Piada tem hora. Leis, em princípio, devem ser sérias.


Por outro lado, questionado o MAPA se o Governo teria um plano para apoiar os agricultores nesta atualização tecnológica necessária aos mercados, passaram a bola na maior cara de pau para as indústrias : educação continuada, treinamento de transportadores e outras balelas academicistas.


Em resumo, estaca zero!!!


Governo, organizações e indústrias terão que discutir, a sério, programas de estruturação do setor, principalmente nas áreas mais desprotegidas, com vistas a alavancar processos de qualificação. É somente isso. sds,


José Getúlio Wingert


Cooperativa Mista Barra do Guarita


Central de Cooperativas da Região Celeiro Yucumã


Rio Grande do Sul - BR
paulo sergio ruffato pereira
PAULO SERGIO RUFFATO PEREIRA

RIO BONITO - RIO DE JANEIRO

EM 13/05/2011

Gostaria de ter participado deste evento, mas como não fui, tecerei alguns comentários:


-Concordo com a colega Dr. Mayara do DIPOA, a IN 51 é uma estrada sem volta, pois foi um pequeno ato para o MAPA, mas um grande salto para o agronegócio, colocando o nosso Leite(materia prima) em condições de melhor qualidade do que tinha antes, e isto é inegável e um avanço, tanto para o mercado externo como principalmente para o interno.


Levaram 6 anos, os trabalhos, debates, estudos, consultas públicas etc., e até "recuos", que particularmente não gosto desta palavra, preferindo "adaptações" para atender particularidades de regiões e aos pequenos produtores(vide tolerância ao leite em latões, permanênciade até 48 hs na propriedade rural,  refrigeração em temperatura de 7ºC, refrigeração em tanques de imersão e utilização de tanques coletivos ou comunitários).


Também concordo com o professor Marcos Veiga, que poucos pagam por qualidade e que sem este incentivo, poucos se vêem motivados a melhorar a sua qualidade, sem esquecer que é necessário "eduacação continuada" dos agentes envolvidos, não só carreteiro mas retireiro e produtor principalmente.


Por fim entendo que outras entidades envolvidas, poderia contribuir em parceria com o MAPA, para motivar os demais segmentos envolvidos no treinamento da mão de obra empregada no setor, através do SEBRAE, SENAI, EMATER e outros orgãos afins, pois entendo que é trabalho para todos.


uso de "tanques comunitários")
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