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Ícone do Paraíso, sorveteria Alaska em São Paulo/SP fecha, causa comoção, mas pode reabrir

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 04/06/2019

3 MIN DE LEITURA

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No final do mês de maio, pedestres que passavam pela rua Doutor Rafael de Barros, a um quarteirão da avenida Paulista, se espantavam ao ver o portão fechado da sorveteria que por décadas funcionou no mesmo endereço, no Paraíso (São Paulo). "A Alaska fechou! Não acredito", diziam.

Na calçada, o vendedor de livros Chambacinaja de Medeiros, 44, brinca: "Se metade deles fosse à sorveteria, ela estaria aberta, não faltaria cliente." Conhecida como a sorveteria mais antiga da cidade – o letreiro da fachada indica a inauguração em 1910 –, a Alaska não abre desde o dia 20/05. Os funcionários, muitos com décadas de casa, foram dispensados.

Logo correu pelo bairro o boato de que a loja tinha fechado para sempre. Mas, segundo a família do antigo dono, o fechamento é temporário: a sorveteria e a marca foram vendidas a um empresário que pretende reformar o local, após anos de declínio. Para Chambacinaja, a sorveteria teve de ser vendida porque não soube se adaptar à clientela que passou a frequentar a região, composta em grande parte por funcionários de empresas de serviço. "O preço estava alto para uma família de poder aquisitivo menor. Uma taça pequena por R$ 18 fica inviável", diz.


Banana split da Alaska (Divulgação/Veja SP)

Juliano Galvão, 36, formado em publicidade, rebate. "A sorveteria não soube renovar a aparência. Uma boa reforma e um trato no marketing poderiam salvar a loja." Móveis de fórmica, paredes pintadas de bege e vitrine com réplicas antigas de taças e tortas de sorvete não eram convidativos, argumenta Galvão.

Hoje em reformas, a Alaska já foi soberana. Na década de 1950, era referência em sorvetes na cidade. Em 60, dois imigrantes portugueses (Alberto Mota e Lino Seabra) compraram a marca do antigo proprietário, Maximino Carvalho, e focaram a qualidade do produto.

Em 70, a Alaska aparecia até em anúncios imobiliários, mostrando que o comprador de um apartamento no Paraíso teria a sorveteria a poucos quarteirões. Na década de 80, a procura era tanta que a Alaska ficava aberta até as 3h.

Casquinhas, bananas splits, cassatas e tortas eram vendidas sem parar. Maria José Mota, 77, viúva de Alberto, lembra de noites intermináveis de verão. "Nossa Chocolamour era incomparável", diz, citando o sorvete de chocolate com chantilly, farofa de castanha de caju e calda quente de chocolate. Funcionários dizem ter servido sorvetes para celebridades como Djavan, Jô Soares, Adriana Esteves, Malu Mader e jogadores de futebol.

A corretora de imóveis Nilza Nouwaihed, 48, conta que era cliente desde 1992, quando entrou numa faculdade perto da sorveteria. Durante o curso, ficou grávida e cabulava aulas ali. "Eu dizia para o professor que estava enjoada, encontrava meu marido e a gente passava a tarde lá, namorando."

Ela conta que os mesmos garçons que atendiam seus amigos em 1992 serviram sorvetes a seus filhos em 2019. Um dos trunfos da loja sempre foi o cardápio extenso de sabores, produzidos em máquinas no fundo da loja.

A vizinha Najat Sultan, 70, dona do restaurante libanês Halim, teme ficar sem provar novamente os sorvetes de damasco e miski (feito a partir da resina da casca da aroeira, importada do Líbano). "Nossos clientes saíam daqui e iam para lá tomar sorvete. É um pouco da nossa história", diz ela.

O último funcionário a saber a fórmula dos sorvetes do Alaska é João Bosco, 38, que há 18 anos saiu de Bela Cruz (CE) para ser aprendiz do tio, que era sorveteiro ali. "Eu tinha cliente já idoso que dizia ter ido lá há 70 anos, no primeiro encontro do namoro", diz.

Para ele, a sorveteria não aguentou a crise econômica e o envelhecimento do último dono, Lino Seabra, que tem perto de 90 anos e já está debilitado. Neta de Lino, Claudia Seabra diz entender a mobilização das pessoas diante da loja fechada. "Quem levou o filho depois levou o neto e hoje leva o bisneto ao mesmo lugar."

Mas ela garante: "Os boatos estão matando a Alaska, mas ela não morreu. Só está fechada enquanto o novo dono faz reformas". Questionada pela reportagem, disse não poder revelar a identidade do comprador ou qual será o destino do endereço. "Compraram a marca e tudo o que tinha dentro, acredito que vai continuar."

As informações são do jornal Folha de São Paulo. 

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