O fechamento de duas unidades de lácteos nos últimos dias, com a alegação da necessidade de redução de custos pelas empresas, revela as dificuldades de competição do setor no Rio Grande do Sul. O problema tem origem em diferenças tributárias e é agravado pelo avanço das importações de produtos do setor.
Apesar de o consumo interno estar em alta, o leite longa vida gaúcho, por exemplo, perde mercado devido a incentivos tributários à industrialização em outros Estados, o que faz o produto envasado no Rio Grande do Sul chegar 20% mais caro em São Paulo e 8% no Rio de Janeiro.
Nos últimos anos, a saída encontrada pelas empresas instaladas no Estado foi apostar na produção de leite em pó e queijos, com custos menores de transporte para o centro do país, observa o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini. A alternativa, porém, começa a esbarrar na importação cada vez maior de lácteos, capitaneada justamente por leite em pó e queijos do Mercosul, que têm a entrada facilitada pelos custos de produção menores e câmbio favorável. Conforme o Sindilat, até agosto, o país importou 56 mil toneladas de leite em pó, mais do que todo o volume de 2010.
- Não conseguimos concorrer com o preço do produto que está entrando - diz Palharini, sustentando que, enquanto o quilo do leite em pó do Mercosul chega a R$ 7, o custo de produção no Estado fica em R$ 8,50, em média.
Com as margens de manobras escassas e as exportações travadas pelo dólar baixo, a saída encontrada para reduzir custos, diz Palharini, é fechar unidades menos competitivas e transferir a produção, apesar de o Estado ser a segunda bacia leiteira do país.
Uma das frentes para suavizar a guerra fiscal é negociar equalização tributária com o governo gaúcho. Nesta segunda, dia 19, representantes do Conselho Estadual do Leite, que reúne indústria, produtores e cooperativas, vão à Secretaria Estadual da Fazenda expor a situação.
No caso que envolve o Mercosul, o Brasil negocia a renovação do acordo de autolimitação das exportações da Argentina. O teto era de 3,3 mil toneladas/mês, mas, como venceu em abril, os volumes aumentaram. Ao mesmo tempo em que os argentinos pedem a elevação do limite, pregam que o Brasil feche acordo semelhante com o Uruguai. Um novo encontro ocorrerá dia 28, em Buenos Aires. Para o presidente da Comissão de Leite da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Jorge Rodrigues, os três países deveriam construir em bloco uma política de exportações para fora do Mercosul.
O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), José Ernesto Ferreira, reclama que o "descontrole" no ingresso de leite do Mercosul tem segurado os preços pagos ao produtor e atrapalhado o planejamento de investimentos de toda a cadeia. O analista Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, avalia, no entanto, que, apesar do forte ingresso de importados, o preço ao produtor não recuou e o país registra elevação no consumo. Em 2000, o consumo per capita de lácteos era de 120 litros/ano. Em 2010 chegou a 161 - destaca.
A matéria é do Zero Hora (RS), adaptada pela Equipe MilkPoint.
Guerra fiscal e importações do Mercosul prejudicam setor leiteiro do Rio Grande do Sul
O fechamento de duas unidades de lácteos nos últimos dias, com a alegação da necessidade de redução de custos pelas empresas, revela as dificuldades de competição do setor no Rio Grande do Sul.
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JOSÉ ANTONIO
SALVADOR - BAHIA
EM 20/09/2011
Em diversos comentários anterior referente a este assunto demonstrei a fragilidade do mercado interno no Brasil quando o assunto é "Beneficio Fiscal para empresas".
Cobrei a completa falta de planejamento de produção a nivel interno, inclusive sugerindo que fosse discutido um Zoneamento de Produção por UF, porque o futuro sempre é incerto no Brasil e a conta fica para nós produtores de leite.
A Indústria sempre visualiza o imediato, R$ dos estados, creditos de ICMS para negócios, financiamentos publicos subsidiados e exploração da produção sem comprometimento.
Tive a oportunidade de participar em 2009 da Agroleite-SP, na ocasião ouvir de importantes dirigentes do setor que o freio nas importações oriundas do Mercosul bastava para resolver o problema e que as politicas fiscais internas devriam continuar.
Outros empreendimentos também não vão se sustentar quando este "pseudos benefícios" terminarem e aí vamos ver empresários fechando unidades industriais em uma UF e mudando para outras UF.
Alimento tem que ter uma aliquota única nacional, em qualquer UF o ICMS deve ser o mesmo, acabar com esta imoralidade que é o negócio do crédito de ICMS no Brasil.
No caso específico do leite a minha sugestão é que o CONFAZ unifique a aliquota em um % que satisfaça as suas receitas, sem prejuizo do desenvolvimento da cadeia em cada UF, neste momento aqueles que estavam na Agrleite/2009 reflitiram que a politica fiscal mudou e eles seram obrigados a mudar também de estratégia.
Finalizando posso afirmar, agora podemos discutir o Mercosul.
Cobrei a completa falta de planejamento de produção a nivel interno, inclusive sugerindo que fosse discutido um Zoneamento de Produção por UF, porque o futuro sempre é incerto no Brasil e a conta fica para nós produtores de leite.
A Indústria sempre visualiza o imediato, R$ dos estados, creditos de ICMS para negócios, financiamentos publicos subsidiados e exploração da produção sem comprometimento.
Tive a oportunidade de participar em 2009 da Agroleite-SP, na ocasião ouvir de importantes dirigentes do setor que o freio nas importações oriundas do Mercosul bastava para resolver o problema e que as politicas fiscais internas devriam continuar.
Outros empreendimentos também não vão se sustentar quando este "pseudos benefícios" terminarem e aí vamos ver empresários fechando unidades industriais em uma UF e mudando para outras UF.
Alimento tem que ter uma aliquota única nacional, em qualquer UF o ICMS deve ser o mesmo, acabar com esta imoralidade que é o negócio do crédito de ICMS no Brasil.
No caso específico do leite a minha sugestão é que o CONFAZ unifique a aliquota em um % que satisfaça as suas receitas, sem prejuizo do desenvolvimento da cadeia em cada UF, neste momento aqueles que estavam na Agrleite/2009 reflitiram que a politica fiscal mudou e eles seram obrigados a mudar também de estratégia.
Finalizando posso afirmar, agora podemos discutir o Mercosul.