França: governo negocia acordo para preços do leite

O Governo da França garantiu na última terça-feira (30), um acordo entre produtores de leite e processadores sobre os preços do leite para o próximo trimestre, para evitar novas tensões no setor que passou por protestos massivos por parte dos produtores no ano passado.

Representantes do setor concordaram em continuar a aplicar os indicadores de preços contidos em um acordo assinado no ano passado, o que daria um aumento nos preços do leite no próximo trimestre com relação ao ano anterior. Porém, em uma concessão aos processadores que ameaçaram voltar atrás no acordo de 2009, o novo acordo pediu ao setor que levasse em consideração as diferenças de preços com a Alemanha em seus indicadores de mercado.

"Demos aos produtores visibilidade pelos próximos três meses", disse o ministro da Agricultura Frances, Bruno Le Maire. "Em troca, queremos pôr um fim na distância entre a França e a Alemanha no setor de lácteos", disse ele, enfatizando a importância da Alemanha como o maior produtor de lácteos da Europa.

Os processadores de lácteos franceses reclamam que os preços do leite pagos aos produtores estão 15% maiores do que na Alemanha, prejudicando as exportações da França e impulsionando as importações alemãs. Ao mesmo tempo, os produtores de leite franceses dizem que os preços ainda estão muito baixos para cobrir seus custos, apesar da leve recuperação desde o ano passado quando eles fizeram boicotes na distribuição levando ao descarte ou entrega ao público de milhões de litros de leite.

A França continuará também pressionando por mudanças na União Europeia (UE) para dar mais poder aos produtores na determinação de preços, notavelmente através de contratos de fornecimento de longo prazo e reforçando o papel de corporações do setor, disse Le Maire. Ele disse que ficou satisfeito por essas propostas terem sido incluídas nas conclusões da reunião de ministros agrícolas da Europa na segunda-feira (29) e disse que a França enviará recomendações ao comissário de Competição da UE, Joaquin Almunia, sobre a adaptação das regras de mercado para permitir essas negociações nos setores rurais.

Após a reunião de segunda-feira (29), onde a posição da França sofreu oposição de países como Inglaterra e Suécia, o comissário da Agricultura da UE disse que consideraria questões de competição. Durante a crise do ano passado, o setor de lácteos impulsionou a França a fazer lobby por um auxílio excepcional europeu e um maior armazenamento de intervenção, o que ajudou nos preços.

As informações são da Reuters, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.