Fórum sobre mercado e formação de preços reúne 700 pessoas em Chapecó

O Centro de Eventos de Chapecó, Santa Catarina, reuniu grande público para um debate sobre tendências de mercado e formação de preços de leite no Brasil. O fórum, organizado pela Mercoláctea e pelo MilkPoint, teve a palestra de abertura proferida pelo coordenador do MilkPoint, Marcelo Pereira de Carvalho, que apontou algumas mudanças importantes na cadeia do leite.

Em seguida, Kennya Beatriz Siqueira, da Embrapa Gado de Leite, mostrou a volatilidade dos preços do leite no Brasil e no mundo e o que vem sendo feito para gerenciá-la. "A BM&F está estudando cerca de 7 produtos e o leite teve avaliação favorável entre eles", disse ela. Isso quer dizer que se tivermos o lançamento de algum contrato futuro, há grandes chances de ser com leite.

Segundo a pesquisadora, é possível que venhamos a ter algum tipo de produto lácteo com contratos futuros disponíveis a médio prazo. "No segundo semestre, esse assunto deve ser discutido", sinaliza.

Kennya mostrou também as mudanças que os produtores de leite dos Estados Unidos estão propondo para a próxima Farm Bill, entre elas um seguro de margens ao produtor e um plano de estabilização da produção (leia mais sobre esses planos aqui). São ferramentas em tese mais adequadas para lidar com a volatilidade de preços em um contexto em que os tesouros não têm a mesma disponibilidade de recursos de antes.

Outra apresentação foi do professor da Universidade Federal do Paraná, José Roberto Canziani, sobre "A Experiência do Conseleite no Paraná e em Santa Catarina". O Conseleite é um modelo de auto-gestão para a determinação de preços de referência para a matéria-prima do leite. O objetivo é divulgar os preços de referência para a matéria-prima do leite, segundo parâmetros de qualidade e volume. Em seguida, o produtor rural Adelar Zimmer e Selvino Giesel da Aurora Alimentos, relataram a experiência depois do surgimento do Conselho, dizendo que o estabelecimento de confiança entre os elos tem sido um dos aspectos mais favoráveis gerados pelo Conseleite.

Também foi apresentada a palestra "A visão da indústria sobre relacionamento produtor/indústria e garantia de renda", com Ricardo Rodrigues, da DPA. Ricardo mostrou a preocupação da DPA com a melhoria da eficiência na cadeia e fez uma comparação do leite com outros segmentos, no que se refere a integração entre os elos. "Não há dúvida que o produtor é quem carrega a maior parte do risco. Estamos trabalhando no sentido de diminuir isso", afirmou. Ricardo disse ainda que a DPA está estudando alternativas para aquisição de leite de formas diferentes das atualmente praticadas pelo mercado.

"Tudo isso indica que estamos em um momento de mudança no setor leiteiro", sintetizou Marcelo Carvalho. "A indústria precisa estar mais próxima do produtor, tanto para garantir suprimento de qualidade e constância, como para melhorar a eficiência de produção, que hoje já é um gargalo se pensarmos não só em exportação, mas também de garantir que nós mesmos supriremos nossa demanda crescente", alertou.

Em seguida, os palestrantes, acompanhados de Rodrigo Sant'Anna Alvim, presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, participaram de um debate.
Ao final, o coordenador da GESAGRO, Igor Luiz Rodrigues, vinculado à Secretaria da Fazenda de SC, falou sobre a questão tributária do leite no estado e quais os caminhos e limitações existentes.

MilkPoint, com informações da MB Comunicação.