FAO: Previsões para o mercado internacional de lácteos

De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre previsões para o mercado de lácteos, o índice de preços internacionais de produtos lácteos se fortaleceu durante o primeiro trimestre de 2011, com algumas commodities ultrapassando os picos históricos vistos no final de 2007. Em maio de 2011, o índice ficou em 231, 4,5% a mais que em janeiro e 10,5% acima do nível de maio de 2010.

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De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre previsões para o mercado de lácteos, o índice de preços internacionais de produtos lácteos se fortaleceu durante o primeiro trimestre de 2011, com algumas commodities ultrapassando os picos históricos vistos no final de 2007. Em maio de 2011, o índice ficou em 231, 4,5% a mais que em janeiro e 10,5% acima do nível de maio de 2010. Desde o começo do ano, caseína, leite em pó desnatado (LPD) e leite em pó integral (LPI) tiveram os maiores aumentos, todos de 9% - para US$ 8.672, US$ 3.807 e US$ 4.075 por tonelada, respectivamente, seguidos por manteiga, que teve aumento de 3%, para US$ 4.750 por tonelada, e queijo, que teve aumento de 3%, para US$ 4.500 por tonelada.

Figura 1


A forte demanda de importação, especialmente na Ásia, junto com a redução nas ofertas, está por trás do aumento nos preços dos lácteos que começaram no último trimestre de 2010. As repostas de produção nos países exportadores têm sido modestas, em meio a condições desfavoráveis de clima, menores rebanhos em alguns países e políticas que limitam a produção, como na União Europeia (UE). As baixas ofertas e as incertezas sobre a produção no futuro antes do começo da estação de produção leiteira no hemisfério norte, combinada com a ausência virtual de estoques privados e públicos, levaram os preços a aumentar no primeiro trimestre. Desde abril, os preços se estabilizaram, uma reação dos mercados à abertura normal da estação no hemisfério norte. Entretanto, alguns países no norte da Europa apresentaram condições de seca fora de época em abril e maio. Nos próximos meses, as incertezas relacionadas à oferta e os altos preços dos alimentos animais deverão fornecer suporte aos preços, que deverão continuar nos níveis atuais até que a tendência de produção para a estação de 2011/2012 no hemisfério sul esteja clara.

Produção

A produção de lácteos aumentará em 2% em 2011, apoiada por grandes ganhos na Ásia

A produção mundial de leite em 2011 deverá aumentar em 2%, para 724 milhões de toneladas, o que está de acordo com o crescimento médio visto na última década. Os maiores aumentos são esperados na Ásia, particularmente na China, Índia e Paquistão, os principais produtores na região, mas também na Indonésia, Irã e Arábia Saudita. Em outros locais, o setor deverá ter um progresso significante, incluindo Argentina, Brasil, UE, México e Venezuela. A produção também aumentará nos Estados Unidos e os preços internacionais favoráveis estimularão a produção na Austrália e na Nova Zelândia. Em contraste, a produção de leite poderá cair no Japão, na Coréia, na Rússia e na Ucrânia

A Ásia continua sendo o continente com maior produção de lácteos, com uma participação de 36%, e o que apresentará o ritmo mais rápido de crescimento. Em 2011, 265 milhões de toneladas de leite deverão ser produzidas na região, 3,4% a mais que em 2010. A Índia deverá produzir 119,4 milhões de toneladas de leite em 2011, 5 milhões a mais que em 2010, à medida que os produtores respondem à demanda doméstica dinâmica. No Paquistão, o setor deverá aumentar, mas não o suficiente para se recuperar totalmente das fortes perdas de gados e da escassez de alimentos animais resultantes das enchentes de 2010. Na China, a indústria de lácteos está lutando para se recuperar do escândalo de contaminação do leite com melamina que, junto com o baixo nível de lucratividade nas fazendas, reduziu o crescimento bem abaixo dos aumentos de duplo dígito registrados nos últimos anos. As atuais previsões para 2011 são de uma produção de 45,3 milhões de toneladas no país, o que denota um crescimento de apenas 5% com relação a 2010. Na Coréia, os abates de bovinos após os surtos de febre aftosa no ano passado deverão ter somente um pequeno impacto no setor, à medida que os estoques de bovinos não foram muito afetados. A produção de leite deverá, no entanto, declinar somente marginalmente, de acordo com a tendência que tem prevalecido. O Japão deverá ter uma redução mais pronunciada na produção, de 2%. A queda resultaria de perdas de gado por causa do terremoto e do desastre nuclear de Fukushima em cinco províncias da costa nordeste que, de acordo com as autoridades, são responsáveis por 3% do rebanho nacional leiteiro. A retração do setor também reflete as dificuldades enfrentadas pelos produtores e a transformação da indústria devido aos cortes de energia e, de forma mais geral, a danos na infra-estrutura. Além disso, em maio, as preocupações referentes à saúde dos consumidores levaram o Governo a anunciar abates de animais mantidos dentro de um raio de 20 quilômetros da central de energia nuclear.

Na África, a produção deverá se expandir em 1%, para 38 milhões de toneladas, refletindo principalmente ganhos no Quênia e em Mali. Em geral, os produtores comerciais de leite na África sentiram os efeitos dos maiores preços dos alimentos animais, que estão limitando o crescimento da produção.

Na América do Norte, a produção de leite deverá aumentar para 89 milhões de toneladas nos Estados Unidos, onde a indústria está construindo seus rebanhos leiteiros em resposta à boa demanda nacional e internacional. Na Europa, a UE deverá aumentar a produção em 1%, para 156,4 milhões de toneladas, à medida que os menores rendimentos na produção leiteira mais que compensam o menor número de vacas. O setor continua sujeito a limites de produção pelo sistema de cotas que está sendo aumentada em 1% por ano até que o sistema seja retirado em 2015. Na Rússia, a seca do ano passado induziu uma forte contração no rebanho leiteiro, à medida que as grandes faltas de alimentos animais levaram os produtores a abater os animais. Consequentemente, um segundo ano de baixa produção média é antecipado, com a produção de leite devendo cair em 2%, para 31 milhões de toneladas.

Na América do Sul, as condições de pastagens têm sido boas durante 2010/2011 e a produção de leite tem crescido em vários países, incluindo Argentina, Brasil e Chile. Entretanto, essa expansão tem sido moderada pela competição pelas terras de pastagens por outras commodities agrícolas, que estão tendo preços internacionais favoráveis, limitando o potencial de expansão do rebanho leiteiro.

Na Oceania, o fortalecimento dos preços internacionais dos lácteos criou um clima favorável para os produtores expandirem sua produção na estação de 2011/2012. Para a atual estação de 2010/2011, o clima seco, seguido pelas condições anormalmente úmidas, limitaram o crescimento da produção de leite na Nova Zelândia, onde a produção agora está estimada em 17,3 milhões de toneladas, 1,5% a mais que em 2009/2010 (junho/maio). Considerando as condições normais de clima, um salto substancial na produção é esperado em 2011/2012 para 18,5 milhões de toneladas. Um elemento importante por trás dessa previsão é um aumento de 3,5% no rebanho, que confirma a confiança dos produtores no futuro do mercado internacional de commodities lácteas. Como parte desse processo, a lucratividade relativa da produção leiteira comparado com a produção ovina e de carne bovina tem levado uma série de fazendas a se converter para a produção de leite a cada ano. Na Austrália, o fim da seca prolongada levou os produtores a começar a reconstruir seus rebanhos leiteiros, apesar de dever ainda levar alguns anos antes de retornarem a níveis de antes da seca. Consequentemente, a produção de leite deverá registrar um pequeno aumento de 1% em 2010/2011 (julho/junho), após um crescimento substancial na estação subsequente.

Comércio

A forte demanda de importação impulsionará uma expansão de 5% no comércio mundial em 2011

O comércio mundial de produtos lácteos deverá mostrar mais crescimento em 2011, aumentando em 5%, para 48,3 milhões de toneladas equivalentes em leite, impulsionadas por maiores compras de países asiáticos, particularmente China, Indonésia, Coréia, Filipinas, Cingapura e Tailândia. As importações do Egito também deverão crescer substancialmente. Maiores exportações de Argentina, Bielorrússia, UE, Nova Zelândia e Ucrânia deverão cobrir a expansão no comércio.

Devido ao limitado crescimento da produção no ano anterior, vários países exportadores tiveram que usar estoques públicos e privados para responder à maior demanda de importação. Como esses estoques estão, agora, em níveis mínimos, a disponibilidade de oferta para comércio nesse ano dependerá cada vez mais da atual produção. Como resultado, as cotações internacionais dos lácteos durante o resto do ano estarão particularmente sensíveis às condições climáticas, tanto em relação ao crescimento e disponibilidade de pastagens, como em relação aos preços dos alimentos animais.

Figura 2


Exportações de produtos lácteos

Os preços do LPI permaneceram bem acima da média e aumentando durante a primeira parte de 2011. Em março, eles alcançaram seu maior nível desde dezembro de 2007, de US$ 4.592 por tonelada, antes de caírem em abril e maio. As exportações mundiais de LPI em 2011 deverão ser de 2,08 milhões de toneladas. A China continua sendo um importante mercado para LPI e suas importações nos dois últimos anos aumentaram sua participação no mercado mundial para 20%. Essa tendência deverá continuar em 2011, com as importações da China aumentando em 23%, para 440.000 toneladas. Em contraste, entre outros importantes importadores e diante dos maiores preços e esforços para estimular a produção nacional, as compras da Argélia deverão estagnar em cerca do mesmo nível do ano anterior, enquanto as compras da Venezuela poderão cair. Apesar de a UE continuar sendo o segundo maior fornecedor mundial de LPI, bem atrás da Nova Zelândia, as ofertas limitadas deverão manter os envios quase no mesmo nível do ano anterior. Ao contrário, a maior expansão no comércio deverá depender das maiores vendas da Argentina e da Nova Zelândia. As vendas da Bielorrússia, principal fornecedor da Rússia, também deverão aumentar.

Figura 3


Os preços do LPD aumentaram fortemente durante o primeiro trimestre desse ano e ficaram em US$ 3.807 por tonelada em maio de 2011, um aumento de 9% comparado com maio de 2010 e janeiro de 2011. As exportações mundiais de LPD deverão continuar aumentando pelo quarto ano consecutivo e poderão alcançar 1,599 milhões de toneladas em 2011, 8,3% a mais que no ano anterior. UE, Nova Zelândia e Estados Unidos são os três principais fornecedores ao mercado. A UE deverá enviar 13% mais, embora as exportações devam ser bastante dependentes dos produtos processados ao longo do ano, à medida que os estoques públicos estão baixos. Nova Zelândia e Estados Unidos deverão exportar 7% e 5% a mais, respectivamente, do que no ano anterior. Por outro lado, o crescimento limitado da produção e os baixos estoques restringirão os aumentos nas vendas de LPD da Austrália. A demanda de importação permanece firme na China, Indonésia, Malásia, México e Filipinas, que, juntos, são responsáveis por metade do comércio mundial. As importações dos países africanos poderão cair em 2011, como resultado de compras menores do que a média pela Argélia, segundo maior importador mundial, devido a esforços do governo para aumentar a produção nacional. As fortes importações do Egito irão, em alguma extensão, compensar isso.

Em outubro de 2010, os preços internacionais da manteiga ultrapassaram os recordes históricos vistos no final de 2007. Os preços continuaram progredindo fortemente até março de 2011, quando alcançaram um novo recorde de US$ 4.883 por tonelada. Os preços caíram um pouco em abril e maio, mas permaneceram em níveis excepcionalmente altos. O comércio de manteiga deverá aumentar para 917.000 toneladas em 2011, apenas 3,7% a mais que no ano anterior, uma indicação de ofertas relativamente baixas globalmente para comércio. No caso da UE, os baixos estoques de intervenção e privados deverão limitar qualquer aumento nas exportações para 3%, ou 5.000 toneladas, para 155.000 toneladas. A Nova Zelândia, que agora abastece quase 50% do mercado internacional de manteiga, deverá aumentar os envios em 10.000 toneladas. Austrália, Bielorrússia e Estados Unidos também podem vender mais manteiga nesse ano. De forma geral, a disponibilidade de exportação não deverá aumentar substancialmente em curto prazo, devido ao comprometimento do uso do leite para a produção de queijos. Os preços da manteiga durante o restante de 2011 dependerão da extensão pela qual a produção local poderá substituir as importações, especialmente na Rússia. Nesse ano, a Rússia, que enfrentou escassez após fortes perdas de vacas no ano passado, foi um importante elemento por trás do recente aumento nos preços e comércio mundiais de manteiga. A crescente demanda de países do sudeste da Ásia e Oriente médio também contribuiu para esses aumentos.

Figura 4


Os preços dos queijos aumentaram em 12% entre maio de 2010 e maio de 2011, quando ficaram em US$ 4.500 por tonelada. Diferentemente dos outros produtos lácteos, não ficou evidente nenhum enfraquecimento dos preços a partir de abril. O comércio de queijos deverá crescer em 6% em 2011, para 2,307 milhões de toneladas. A principal demanda de importação por queijos é de países de renda relativamente alta, como Japão, México, Coréia e Rússia, onde o mercado tem crescido há alguns anos. Além disso, as importações da China estão aumentando, mesmo que os queijos ainda não tenham ganhado a mesma ampla aceitação que o leite entre os consumidores chineses. As ofertas ao mercado mundial vêm principalmente da UE, seguida por Nova Zelândia, com Austrália, Estados Unidos e Arábia Saudita também sendo fontes importantes. As exportações de todos esses países mencionados, com exceção da Austrália, deverão crescer em 2011. A forte demanda e a lucratividade dos queijos no mercado internacional deverão reduzir a produção de manteiga e LPD para exportação.

Figura 5


Figura 6
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As informações são da FAO (http://www.fao.org/docrep/014/al978e/al978e00.pdf), traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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Murilo
MURILO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2011

O Brasil tem muita realmente possui muita capacidade para expandir o mercado externo!
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2011

É preciso considerar que provavelmente o leite de bufalos, ovelhas e cabras estao considerados nesta analise.
Qual a sua dúvida hoje?