FAO: preços internacionais se recuperam, mas há cautela

A FAO - Organização para a Agricultura e a Alimentação - traz em seu mais recente relatório <i>Food Outlook/December 2009</i>, um panorama sobre o setor lácteo, abordando preços, produção e comércio global.

Publicado por: MilkPoint

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A FAO - Organização para a Agricultura e a Alimentação - traz em seu mais recente relatório Food Outlook/December 2009, um panorama sobre o setor lácteo, abordando preços, produção e comércio global.

Preços

O índice de preços internacionais de produtos lácteos, FAO Dairy Price, tem subido rapidamente nos últimos meses, e em novembro alcançou o valor de 209, um aumento de 82% desde o seu valor mais baixo (114), em fevereiro de 2009. Somente em novembro o índice aumentou 32%, trazendo de volta especulações sobre uma nova alta de preços conforme ocorreu há 3 anos, deixando os mercados surpresos.

Segundo o relatório, todos os produtos estão mostrando significativa recuperação de preços, em níveis não vistos desde agosto de 2008. Os maiores aumentos têm sido na manteiga - que teve seu preço duplicado desde fevereiro. Contudo, os preços do leite em pó integral e desnatado também aumentaram cerca de 90%, para US$ 3.525/tonelada e US$ 3.375/tonelada, respectivamente. As causas do rápido aumento de preços não estão totalmente claras, segundo o relatório, particularmente devido ao grande estoque governamental de manteiga e leite em pó desnatado disponível na União Europeia.

No entanto, com a produção de leite reduzida na União Europeia e Estados Unidos, menor crescimento do que o esperado na produção da Oceania, e recuperação da economia principalmente em países Asiáticos e países exportadores de petróleo, a demanda por lácteos pode se equilibrar com os estoques existentes, proporcionando aumento das exportações. A sustentabilidade dessa onda de aumentos de preços ainda é incerta, sendo dependente da resposta da União Europeia e outros países exportadores em desovar seus estoques.

Produção

A produção mundial de leite em 2009 deve alcançar 701 milhões de toneladas, um leve aumento de 1%, com a produção crescendo mais rapidamente em países em desenvolvimento. Essa diferença no padrão de crescimento deve aumentar ainda mais em 2010, com forte crescimento em países em desenvolvimento (4%) e uma estagnação na produção de países desenvolvidos. A produção de leite em 2010 deverá crescer perto de 2%, para 714 milhões de toneladas.

A produção de leite na Ásia deve crescer 3% em 2009, para 255 milhões de toneladas. Para 2010, está previsto um crescimento de 4% na produção asiática, alcançando 265 milhões de toneladas.

Na Europa, a produção dos países da União Europeia deve se manter inalterada, em 154 milhões de toneladas, apesar da intervenção governamental no mercado e do aumento das cotas de produção. Em 2010, a produção deve permanecer estagnada, refletindo os baixos preços de 2009 e o crescente aumento dos custos de produção.

América do Norte: nos Estados Unidos, a produção em 2009 deve cair 1%, para 85,5 milhões de toneladas. Em seus programa de abate, o Cooperatives Working Together retirou 250 mil vacas, contribuindo para essa redução na produção. Um novo recuo de 1% na produção é esperado em 2010.

Na América do Sul, onde os baixos preços e a seca prolongada afetaram os sistemas predominantemente a pasto, a produção em 2009 deve ficar estagnada em 57,7 milhões de toneladas. No Brasil, a produção deverá permanecer estável, em 28 milhões de toneladas, segundo o relatório. Para a Argentina, prevê-se um leve aumento de 1%, atingindo 10,4 milhões de toneladas. No Uruguai, o aumento da produção deve ser de 2%, totalizando 1,6 milhões de toneladas. A produção do Chile deve cair 5%. Assim, a produção da América do Sul, em 2010, deve chegar a 59,1 milhões de toneladas, um aumento de 2,5%.

Na Oceania, a produção da estação 2008/09 chegou a 26 milhões de toneladas, um aumento de 6%. Na Nova Zelândia, o volume produzido foi de 16,6 milhões de toneladas, alta de 8%, devido à recuperação na produção após grave seca na estação anterior. Na Austrália, apesar das condições metereológicas favoráveis, a produção aumentou apenas 2%, para 9,4 milhões de toneladas. Para a estação 2009/10 é esperado um crescimento moderado da produção na Nova Zelândia, de 2%, e queda de 2% na Austrália.

A produção de leite na África em 2009 deve crescer pouco mais de 1%, atingindo 36,6 milhões de toneladas. Para 2010, a produção deve aumentar 2%, para 37,4 milhões de toneladas.

Mercado internacional

Apesar de uma recuperação nas exportações da Nova Zelândia e América do Sul, as exportações dos principais produtos lácteos em 2009, em equivalente-leite, devem cair cerca de 5%, para 38,6 milhões de toneladas. Esta queda se deve principalmente a uma redução de 3% nas exportações da União Europeia e Estados Unidos.

Do lado das importações, o mercado mundial mostrou-se fraco em demanda e preços, com uma notável contração das importações de alguns países. A Venezuela, por exemplo, reduziu suas importações, de 2,5 para 1,7 milhão de toneladas. Contudo, com a redução de estoques e produção reduzida em vários países, o final de 2009 é caracterizado por preços mais firmes, e as perspectivas para 2010 são de um retorno aos níveis de comércio de 2008, ou um aumento de 5%. Com preços mais elevados, e o recuperação da economia mundial, renova-se o interesse dos traders com as exportações, principalmente para a Ásia.

As exportações da Oceania, o maior fornecedor mundial de lácteos com 15 milhões de toneladas em equivalente-leite, deve crescer 10% em 2009, com a Nova Zelândia expandindo em 9% suas exportações, para 11,3 milhões de toneladas. As exportações do 3º maior exportador mundial de lácteos, a Austrália, devem ficar em 3,7 milhões de toneladas em equivalente-leite, um aumento de 12%.

Na União Europeia - segundo maior exportador mundial, atrás somente da Nova Zelândia - as exportações em 2009 devem cair 12%, para 8,4 milhões de toneladas. A queda se deve principalmente à formação de estoques e da produção de leite estagnada. Em 2010, as exportações devem ter novo recuo de 4%, mas dependerá muito da evolução dos preços no mercado mundial.

Para os Estados Unidos, espera-se uma queda de 2 milhões de toneladas em equivalente-leite, resultando na exportação de 2,3 milhões de toneladas em 2009.

As informações são da FAO - Food Outlook, December 2009 - adaptadas e traduzidas pela Equipe MilkPoint.
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DARLANI  PORCARO
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/12/2009

Nós produtores brasileiros de leite, ficamos refém de algum problema na cadeia produtiva do leite internacional, como vemos o preço do leite em pó , que é o que comanda este mercado lácteo. Caso contrário não acontece nada no Brasil , os produtores ficam lastimando , quebrando, e não tem um movimento nacional. Na França e outros paises europeus, o produtor é respeitado, as suas reinvidicações são aceitas, temos muito á aprender com eles.
Aroldo Augusto Martins
AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/12/2009

Amigos produtores, este artigo mostra o quanto os produtores brasileiros são refens dos laticinios e supostas cooperativas.
Visto que quando tem uma queda no mercado internacional, eles baixão os preços imediatamente p quem produz.
Já faz 3 meses que os preços internacionais vem subindo valores expressivos; no entanto nosso preços vem caindo, valores absurdo 0,10 centavos no mes passado e 0.04 nesse mes.

Acho que para realçar nossa participação na cadeia produtiva só falta colocarmos o nariz de palhaço, pois é assim que somos visto pelos laticinios. Passou da hora de unirmos a classe. Mão a chão...
feliz natal e um ano novo melhor a todos que carregam a cadeia do leite nas costas.
Qual a sua dúvida hoje?