"Teremos alguma quebra de safra, mas não é possível estimar quanto", afirmou Marcelo Garrido Moreira, economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná. O Estado é segundo maior produtor da oleaginosa no país, depois de Mato Grosso, com uma participação superior a 15% no volume total.
De acordo com os últimos dados do Deral, 80% das lavouras paranaenses estavam em boas condições e 3% em condições ruins até o último dia 17 de dezembro. Nessa situação, o órgão estimava a colheita estadual em 19,1 milhões de toneladas, mesmo patamar registrado na temporada passada (2017/18).
Conforme Moreira, há algum nível de escassez hídrica em aproximadamente 30% da área semeada no Paraná, sobretudo nas regiões oeste e sudoeste. "Tem alguns lugares onde não chove há mais de um mês", afirmou ele ao Valor na semana passada. De acordo com o analista Luiz Fernando Roque, da consultoria Safras & Mercado, em Mato Grosso do Sul o cenário é mais complicado.
"No Paraná a situação não está tão crítica, porque as chuvas estão voltando. Mas há problemas em quase todo o Mato Grosso do Sul", disse. As perdas no Estado do Centro-Oeste do país podem chegar a 20%, calculou Roque. Na safra 2017/18, a produção sul mato-grossense somou 9,6 milhões de toneladas. Há mais chuvas previstas para esta semana, mas algumas perdas já são inevitáveis As lavouras mais afetadas em ambos os Estados são as que foram semeadas com cultivares de ciclos precoces. "Em Mato Grosso do Sul, cerca de 80% das lavouras estão em fase de maior necessidade de chuvas", acrescentou o analista da Safras & Mercado.
O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, pondera, entretanto, que não haverá quebra generalizada no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Em vídeo divulgado a clientes, disse que as chuvas que estão retornando possibilitará uma "melhora considerável das lavouras". Além disso, as condições das lavouras nos demais Estados produtores é, em geral, positiva. "Para o restante do país o desenvolvimento da safra segue satisfatório", reforçou Roque, da Safras. Em seu último levantamento sobre a atual safra de grãos, divulgado em dezembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou a colheita de soja no Brasil em 120,1 milhões de toneladas, um recorde. Se confirmado, o volume será 0,7% superior ao do ciclo 2017/18.
Vale a pena ler também > Conab estima que a safra de grãos será 4,6% maior que a passada
As informações são do jornal Valor Econômico.