Faesc contra a farra da importação de leite do Uruguai

A farra da importação maciça de leite em pó de países do Mercosul em prejuízo dos produtores rurais brasileiros foi duramente criticada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).

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A farra da importação maciça de leite em pó de países do Mercosul em prejuízo dos produtores rurais brasileiros foi duramente criticada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).

O presidente da FAESC, José Zeferino Pedrozo, disse que o governo deve investigar o expressivo e suspeito crescimento das importações de lácteos em janeiro deste ano, conforme denunciado ao Ministério da Agricultura pela Câmara Setorial do Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Em janeiro as importações de lácteos dispararam e atingiram o equivalente a 200 milhões de litros de leite: somente as importações de leite em pó do Uruguai somaram 6.280 toneladas, volume 67% acima das 3.750 importadas em janeiro do ano passado.

Figura 1

José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc


Pedrozo suspeita da triangulação nas vendas por países vizinhos e parceiros do Mercosul. Outros países poderiam estar utilizando o Uruguai como escala para entrar no mercado brasileiro, aproveitando-se da tarifa zero no comércio dentro do Mercosul.

"É uma concorrência predatória, que desestrutura a produção nacional", argumenta o dirigente. Ele afirmou que o crescimento expressivo na importação ainda não teve pressão sobre os preços internos por causa da redução da captação de leite provocada pela estiagem no sul do país e excesso de chuvas em Minas Gerais.

O presidente da FAESC rafirma que não pretende qualquer tipo de proteção ao mercado interno, mas coibir as práticas desleais de comércio, que trazem graves prejuízos aos produtores de leite catarinenses.

Esta não é a primeira vez que a Faesc protesta contra o surto de importações de leite em pó proveniente do Uruguai. A Federação alerta que, acrescidas a entrada de produtos lácteos de terceiros mercados, essa importação inviabilizava a competitividade dos produtores de leite brasileiros, que não conseguiam concorrer com o volume de subsídios aplicados aos produtores desses países.

O presidente lembra que os demais exportadores considerados competitivos no mercado mundial, a exemplo da Argentina e do Uruguai, adotaram práticas desleais de comércio para continuar exportando seus excedentes.

Em 2009, uma crise semelhante envolveu Brasil e Uruguai. Na ocasião, além de subfaturamento, os parceiros do Mercosul realizavam pagamentos diretos aos seus produtores, ou seja, também subsidiavam a produção. A Faesc e a CNA chegaram a solicitar o cancelamento das importações de leite em pó do Uruguai e de outros países para a redução das distorções do mercado internacional do leite.

Pedrozo lembra que o leite é o principal produto de grande parte dos estabelecimentos rurais. Santa Catarina produz 2,2 bilhões de litros/ano gerados por 60.000 estabelecimentos rurais e processados por 23 indústrias de laticínios. O Estado ocupa a sexta posição nacional como maior produtor, concentrando 72% da produção no Oeste, onde a maioria dos produtores é vinculada às cooperativas. As pequenas propriedades (com menos de 50 hectares) respondem por 82% do leite produzido.

A matéria é da Assessoria da FAESC, adaptada pela Equipe MilkPoint.
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darlani  porcaro
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/02/2012

Não está faltando leite nas prateleiras dos mercados, então, para o governo que logicamente tem um grupo que leva vantagem, está tudo bem. Temos é que fazer um movimento  de ação mesmo, como o colega acima disse,   se não, não leva à nada.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/02/2012

Prezados Senhores: O grande problema de tudo isso é que todo mundo denuncia, mas ações efetivas ninguém as vê praticadas. Há anos (basta ler as reportagens publicadas aqui mesmo, no Milk Point) estamos nós, os produtores de leite, denunciando este estado de coisas, esta já dezenas de vezes comprovada (não a mera suspeita) triangulação de leite vindo da Europa e da Oceania, este descaso com o cidadão brasileiro que produz alimentos. Concordo com as palavras do Sebastião Paulo Costalonga, de Cariacica - ES, acrescentando que, em face da grande retirada de gordura e do acréscimo de soro e outros componentes menos nobres, nem mesmo o "valor nutritivo" é possível de ver agregado ao leite.


Quando ao que diz o companheiro Herculano Filho, do Rio de Janeiro, RJ, de nada adiantam políticas de fomento à produção, sem que haja a necessária e criticada "reserva de mercado", eis que o leite que é triangulado, pelos hermanos do Mercosul, não possui qualidade, representa sobra ou refugo do que foi consumido em outros países e, por isso, seu preço será, sempre, menor que o nosso. É, de forma indene de dúvidas, uma "concorrência predatória", que não deve e não pode continuar. Todavia, admito que o Governo Federal deve parar de visar tanto às urnas e passar a adotar uma política eficiente de preços mínimos para o leite ou, mesmo, a necessária reserva de mercado (muitos dos países desenvolvidos a adotam, por que nós, também, não podemos?) ou veremos a importação passar a ser a única saída para o mercado interno consumidor, eis que não haverão mais produtores no Brasil.


Finalmente, importando ou reservando o mercado, o que temos visto é que "quem paga a conta é o consumidor", que adquire produtos de qualidade baixíssima e, é isso que tem que mudar. Por isso, lutei tanto pela implantação da antiga Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, infelizmente, sem sucesso.


Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG


=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
ERNANI LUIZ ZORTEA
ERNANI LUIZ ZORTEA

CAMPOS NOVOS - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/02/2012

Enquanto nosso governo for incompetente para controlar as cotas de importação de lacteos da Argentina e Uruguai, os produtores brasileiros ficam vivendo sempre numa corda bamba.
Herculano Filho
HERCULANO FILHO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/02/2012

Penso que os produtores teriam que pedir ao Governo é um planejamento para a produção nacional com linhas de créditos e uma política de incentivo a modernização de sua produção, agora criticar a importação para mim e querer uma reserva de mercado onde quem paga a conta é o consumidor!!!
sebastiao paulo costalonga
SEBASTIAO PAULO COSTALONGA

CARIACICA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/02/2012

Que vergonha, infelizmente o único valor que o leite possui é o " nutritivo", pois comercial não tem valor algum!
Qual a sua dúvida hoje?