Expectativa é de em 2015, número de produtores passe de 1,2 milhão para pouco mais de 600 mil

O setor de lácteos no Brasil parece mesmo tender a uma maior concentração da produção de leite nos próximos anos. A expectativa é de que até 2015 o número de produtores caia 50%, passando do atual 1,2 milhão para pouco mais de 600 mil. Com isso, as médias e grandes propriedades rurais que já dominam o setor com 81% do volume produzido, mas representam apenas 11% dos criadores brasileiros de gado leiteiro, passam a representar mais de 50%. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil).

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O setor de lácteos no Brasil parece mesmo tender a uma maior concentração da produção de leite nos próximos anos. A expectativa é de que até 2015 o número de produtores caia 50%, passando do atual 1,2 milhão para pouco mais de 600 mil. Com isso, as médias e grandes propriedades rurais que já dominam o setor com 81% do volume produzido, mas representam apenas 11% dos criadores brasileiros de gado leiteiro, passam a representar mais de 50%. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil).

Em 1996, o número de médios e grandes produtores de leite no Brasil não ultrapassava a casa de 96,9 mil propriedades, ou 5,3% do total. Em 2009 esse volume saltou para mais de 11%, que equivalem a 141,8 mil produtores, ou seja, uma alta de 46% nesse período. Há quinze anos, as médias e grandes propriedades produziam 45,7% do leite brasileiro, montante que subiu para 81,1%, conforme dados apresentados pela Leite Brasil com base em estudo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite).

Segundo Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, esse crescimento das médias e grandes propriedades leiteiras advém da busca por melhora da qualidade do produto e da profissionalização do setor em busca de resultados mais eficientes, reduzindo o custo de produção e ampliando a oferta do produto. "Muitos fatores fazem com que o setor de lácteos se profissionalize. Um deles é que, ao melhorar a qualidade do leite, o produtor pode receber mais por isso, pois as grandes indústrias pagam melhor pelo leite de ótima qualidade. Isso fez com que nós saíssemos desses 5% de 1996 para 11,7% em 2009", garantiu Jorge Rubez.

A tese de Rubez é reforçada pelo estudo desenvolvido pela Clínica do Leite (USP), que em amostras de 32 mil produtores analisadas nos últimos três anos verificou que 35% dos que forneceram a laticínios adequados ao Programa de Valorização da Qualidade tiveram uma melhora considerável de seu produto. Deste universo, 66% alcançaram índices de contagem máxima de microorganismos semelhantes aos da União Europeia, onde se observam os mais exigentes índices de qualidade do mundo inteiro.

O estudo ainda mostrou que o produto recebido pelas indústrias que pagam por qualidade apresentou menor contagem bacteriana em relação ao de outros compradores. Apenas 8% do leite coletado estavam fora dos padrões oficiais no ano passado, enquanto que nos estabelecimentos que não dispunham do programa de qualidade esse número chegou a 25%. Rubez contou que já existe uma medida provisória que na teoria classificaria o leite pela qualidade; entretanto, com a falta de fiscalização e laboratórios para estudos, ela nunca foi obedecida. "Existe a Medida Provisória n. 51, que obriga a propriedade a produzir um leite com determinadas características de qualidade. Só que, sendo sincero, o Brasil está muito aquém de conseguir isso. Aliás, não há qualquer esforço em buscar essa qualidade. As grandes propriedades priorizam a qualidade, mas os pequenos, que não têm como investir em sua propriedade, até porque o leite não é sua atividade principal, nem estão preocupados", disse.

Contudo, Rubez acredita que até 2015 a busca por qualidade será uma realidade no setor, e os produtores que não investirem não terão como comercializar seu leite. Com isso, a expectativa é que o número de propriedades caia do 1,2 milhão visto hoje para 600 mil. "Esse pessoal é muito mais profissional que os pequenos produtores, o que gera uma melhor qualidade. Precisamos fazer um trabalho sério em relação a isso, para aumentar a fiscalização e as cobranças. Acredito que até 2015, se compararmos países que já passaram por uma fase parecida com o Brasil, a tendência é esses pequenos produtores crescerem ou formarem cooperativas", frisou o presidente.

Além disso, o presidente da Leite Brasil acredita que o volume de grandes e médias propriedades passe de 11,7% para mais de 50% daqui a quatro anos, com uma produção acima dos 95%. "Esse movimento representa uma profissionalização do setor, pois quem investe cresce, e quem para no tempo acaba sucumbindo ao mercado, que está cada vez mais exigente", contou ele.

A matéria é de Daniel Popov, publicada no jornal DCI, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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walter Luiz Birk
WALTER LUIZ BIRK

ESPUMOSO - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 23/06/2011

Também sou a favor da melhoria na qualidade do leite. Assim conseguiremos ser competitivos com a exportação e também o consumidor brasileiro exige, e com razão, produtos com qualidade.

Mas não vejo com solução para isso, excluir o pequeno produtor. O mesmo deve ser incentivado a alcançar os resultados.

Por mais que ele não tem muita produção ( menos de 20% da produção), acaba sendo a maioria dos produtores ( 89% dos envolvidos na atividade leiteira). A atividade leiteira na maioria das vezes é a única fonte de renda da agricultura familiar.

Se acabar com o pequeno produtor leiteiro, vai aumentar o êxodo rural e veremos mais familias passando fome nas favelas do Brasil.
euzebio j neuls
EUZEBIO J NEULS

NÃO-ME-TOQUE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/06/2011

Aqui no sul a maior dificuldade é conseguir colaboradores para este trabalho, nos temos que nos enquadrar  a IN51, não sinto muita dificuldade com algum descarte, e manejo adequado, tenho certeza que vamos conseguir. Pequenas ou grandes propriedades vão ter seus problemas.
Vagner Alves Guimarães
VAGNER ALVES GUIMARÃES

VOTUPORANGA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/06/2011

Vanessa, parabens, pelo seu arigo, ´´ A qualidade do leite é um processo de melhoria contínua´´. Uma grande maioria dos produtores não atentam para estes detalhes, principalmente aos que entregam suas produções em cooperativas e tanques comunitários,fogem da I.N. do ministério da agricultura, transporte / horário / higiêne inadequados, leite com qualidade comprometida.


Precisamos revitalizar este sistema aos que ficam, educando , reeducando para o seu enquadramento no processo produtivo, sua falência irá gerar problemas sociais de grandes proporções.





André Gonçalves Andrade
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/06/2011

rsrsrsrsrsrsr...............





"Nostradamus" não conseguiria prever o futuro da pecuária leiteira nacional. Nem pra 2015 e nem pra ano nenhum. Não conseguimos prever o que vai acontecer no ano que vem... . Basta os preços dos insumos subirem pra diminuir a produção por parte dos grandes, ou o preço do leite baixar pra desestimular os pequenos e vice versa. Aí nossa produção aumenta ou diminui... e as consequencias nos anos seguintes acontecem. Ou o raio da importação que é favorecida com o câmbio e com o aquecimento do mercado doméstico, o que faz com que oportunistas do setor de atacado e varejo façam uso dessa ferramenta.


Como não temos políticas públicas de planejamento, incentivo e de certos mecanismos de proteção, vamos continuar vendo o que temos visto nas últimas décadas. Um processo de transformação lento... meio que sem rumo... nos levando sabe lá Deus pra onde...


Na minha opinião, sua diversidade é o fator principal.


Em algumas regiões a redução de produtores já aconteceu, mais por oportunidade de uso da terra com outras atividades mais cômodas (aluguel da terra pra atividade açucareira por exemplo) e "mais lucrativas" (aqui ganho sem trabalhar), do que por que a atividade é ruim. Os exemplos de que não é ruim já foram citados.


Em outras regiões o processo de aumento do número de produtores ainda é uma realidade. Existem bacias leiteiras em formação por esse Brasil a fora.


Nas regiões mais desenvolvidas ocorre sim uma concentração, o que não se aplica as demais regiões.


Uma coisa é certa. Precisamos da qualidade, se quisermos um dia ocupar uma posição real de destaque no setor lácteo mundial. Todos sem excessão têm condições pra alcançar a qualidade preconizada na IN51, os pequenos principalmente. Condições pra isso nós temos de sobra, mas acho que falta vontade. Aqui atribuída a todos os elos da cadeia produtiva do leite, mas principalmente dos governantes que não têm uma proposta clara para os setores produtivos tanto do leite como para os demais produtos agropecuários. E olha que somos idealistas de sermos o "celeiro do mundo". Que irônico isso!


Duvida?


Jeferson Eidt
JEFERSON EIDT

ITAPIRANGA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/06/2011

Até concordo com a seleção natural.... afinal, é a realidade, não a podemos omitir.

E assim, naturalmente, ............ teremos o sistema em funcionamento. Aqui cada um que queira, use do seu mínimo de imaginação, lógica ou a forma que melhor desejar, para definir o sistema. E então, quando o envelhecimento estiver estabelecido, os envelhecidos ainda estarão a produzir leite? Quando esses envelhecidos quiserem descansar. Quem continua? Caríssimos, quem não entende um fato isolado,  tampouco entende  uma conjuntura.

A hora é agora, ou anda ou desanda!!! Direitos iguais, e que todos possamos e consigamos produzir com RENTABILIDADE, SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE.

Vanessa Alcoléa
VANESSA ALCOLÉA

SOROCABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/06/2011

Acredito que os pequenos produtores estão deixando mercado não por conta dos investimentos financeiros mas sim por não compensar a relação mão de obra x remuneração x volume. Exemplos como o projeto balde cheio e kit embrapa de ordenha manual nos mostram que é possivel diminuir drasticamente os niveis de cbt  com baixissimos custos, inclusive em assentamentos, onde tanto infraestrutura como investimentos são limitados. Com relação a ccs ví poucos casos de altas contagens nos pequenos produtores, onde a maior parte realiza ordenha manual. Acho que esta "seleção natural" é inevitável.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/06/2011

Prezados Senhores: Muito se tem defendido a não aplicação da Instrução Normativa 51, em face da sua rigidez no controle de qualidade do leite produzido, o que, por falta de recursos para tanto, penalizará ao pequeno produtor. Todavia, os apologistas deste esquecimento legal esquecem-se que produzir leite de qualidade é problema, inclusive, de saúde pública, eis que envolve o consumidor comum, que nada tem a ver com a incapacidade de dezenas de produtores em se adaptar às normas legais. Se não há condições de os mesmos asumirem a necessária higiene e conservação de seu produto, infelizmente, que mudem de ramo, mas, alimento é coisa séria e clama profissionalismo. Por lado outro, como bem alertou o colega Jeferson Eidt, a referida Instrução não é nenhum "bicho de sete cabeças" e, com vontade e dedicação, qualquer produtor, mesmo o menos tecnificado, pode promover a higiene básica em seu sistema produtivo. É hora de arregaçar mangas e trabalhar com seriedade na pecuária leiteira nacional, se quisermos, realmente, ser autosuficientes neste tipo de produção.


Um abraço,





GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Ademar Schneiders
ADEMAR SCHNEIDERS

SÃO JOÃO DO OESTE - SANTA CATARINA

EM 15/06/2011

Na verdade a atividade leiteira passará por uma fase de transição semelhante, mas não igual às atividades de suinos e aves. O que quero dizer é que há uma tendencia natural de aumento de produção e redução de produtores. A exclusão maior será por fatores que não estão relacionados com a qualidade ou IN 51. Sabemos que os nossos agricultores estão envelhecendo, teremos falta de mão de obra no campo, e principalmente, para alguem se manter com a atividade leiteira, terá que, impreterivelmente, produzir mais volume e qualidade. Teremos em futuro proximo muitos minifundios sendo negociados com produtores vizinhos, para que estes possam aumentar sua produção. A velocidade dessa transformação no campo é dificil de prever exatamente, mas ela acontecerá naturalmente.
Leonardo Freitas Maciel
LEONARDO FREITAS MACIEL

MÉDICO VETERINÁRIO

EM 15/06/2011

Qual foi o critério utilizado para se classificar as propriedades em pequenas, médias  ou grandes?



Obrigado.
Leonardo Freitas Maciel
LEONARDO FREITAS MACIEL

MÉDICO VETERINÁRIO

EM 15/06/2011

Gostaria de saber qual foi a definição utilizada para a classificação das propriedades em pequenas, médias ou grandes.
Darlani de Souza Porcaro
DARLANI DE SOUZA PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/06/2011

Desde  que  tenha  uma  opção melhor  para se  ganhar dinheiro  na  roça, tudo bem, acho viável , o produtor  partir  para  outros tipos de negócios. Em minha  região  , não temos  muita  opção, e muita  gente já está  saindo  desse  setor. Agora, o governo precisa  ampliar  o índice de emprego na zona urbana , senão a violência só tende  a aumentar.
Jeferson Eidt
JEFERSON EIDT

ITAPIRANGA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/06/2011

Muito bom o artigo,



ressaltando que a bovinocultura leiteira representa, nos minifúndios a principal renda real ao produtor, e igualmente nos pequenos municípios do "interior"do Brasil dependentes dos valores oriundos da produção agrícola, onde são muito famosas as integrações em aves e suínos, temos que a moeda oriunda da atividade leiteira representa a principal renda circulante no comércio local. Uma vez que o percentual sobre o valor movimentado com venda de leite, é muitas vezes superior ao advindo de suínos e aves em integração. Sem esquecer é claro da aposentadoria rural, que igualmente representa boa fatia da moeda circulante.

A IN 51, não é um "bicho de sete cabeças", produzir leite de qualidade deve ser a missão de cada produtor, indiferente da escala, pequeno, médio ou grande, todos tem condições de produzir leite de qualidade. Muito discutida a capacidade do pequeno produtor em se adequar, afirmo que, com instrução e vontade do próprio produtor muito se melhora. Igualmente, os demais órgãos, indústria, laboratórios e fiscalização deverão fazer sua parte, possibilitando a inclusão de todos. Aqui, o pequeno produtor, organizado em cooperativas conseguirá seu espaço. E assim, espera-se que não desapareçam da atividade, uma vez que não podemos permitir isso, afinal os problemas sociais estão aí, batendo na porta.
CLAUDIA MATILDES LEITE
CLAUDIA MATILDES LEITE

DOURADOQUARA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 14/06/2011

Concordo, que estão em busca de melhorias na qualidade de produção do leite, mas um fator importante está sendo deixado de lado, que são os pequenos produtores rurais, pois para que eles possam entrar no mercado de acordo com as exigências que estão sendo feitas e que são muitas, é preciso capital para investimento e como eles não obtem, e cada vez mais os custos estão aumentando (ração, remédios etc), a tendência é que eles vendam suas propriedades que lutaram tanto tempo para conseguir, para poder pagar sua dividas e começar a trabalhar de empregados para os novos "fazendeiros" .....





Acredito que o nosso governo vai interferir neste fator, nem que seja para abrir mais mercados de créditos e diminuir tantos impostos e deveres que são atribuido aos pequenos produtores....


pois caso contrário coitado deles....





Esta é minha opinião...
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