EUA: pequenos produtores de leite lutam para sobreviver

Os pequenos produtores de leite estão tendo dificuldades para sobreviver em um mercado globalizado e em um ambiente com rígidas regulamentações. "Meu pai começou com duas vacas. Nós fomos lentamente aumentando nosso negócio, de forma que podemos empregar mais pessoas e dar a todos um salário de classe média. Não é que queríamos ser grandes, mas tivemos que crescer para sobreviver", diz um operador de uma grande fazenda leiteira, Dale Stein.

Publicado por: MilkPoint

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Os pequenos produtores de leite estão tendo dificuldades para sobreviver em um mercado globalizado e em um ambiente com rígidas regulamentações.

O operador de uma grande fazenda leiteira em Le Roy, Dale Stein, disse que seu coração está com os pequenos produtores de leite, mas que sabe que eles precisam tomar algumas decisões difíceis para permanecer no negócio. "Eu tenho grande simpatia pelos pequenos produtores de leite. Nós já fomos uma pequena fazenda de leite uma vez. Meus irmãos e eu fazíamos a ordenha, enquanto meu pai trabalhava no campo. Ele passou 20 anos sem um dia de férias".

Um artigo publicado no New York Times que dizia que os pequenos produtores de leite do Estado estavam com dificuldades. O artigo, que pode ser acessado no link: http://www.nytimes.com/2012/03/11/magazine/dairy-farming-economy-adam-davidson.html?_r=1&pagewanted=all tem o seguinte parágrafo:

"Como pode dois irmãos - que produzem mais leite que seu pai - terminarem fazendo menos dinheiro? Existe uma série de razões, algumas óbvias, outras nem tanto. O leite vem de uma indústria local para uma nacional e, então, se torna internacional. Os avanços na tecnologia que tornaram uns mais produtivos também ajudaram todas as outras fazendas leiteiras, o que levou a uma competição ainda mais intensa. Porém, na última década, os produtos lácteos e os alimentos das vacas se tornaram commodities globalmente comercializadas. Consequentemente, os produtores modernos tem sido efetivamente forçados a se tornar comerciantes de derivativos financeiros".

Stein disse que sua fazenda é grande o suficiente para administrar as flutuações nos preços das commodities, mas os pequenos produtores simplesmente não podem fazer isso. "As margens são pequenas e se tornam menores a cada ano. A única forma de sobreviver é vender mais produtos e se o tamanho do seu rebanho é limitado, menos você tem para vender".

As regulamentações da Agência de Proteção Ambiental (EPA) define uma pequena propriedade leiteira como de 199 cabeças ou menos. Se um produtor quer ordenhar a 200ª vaca, a quantidade de equipamentos, tecnologia e infraestrutura requerida para cumprir com as regulamentações do Governo custariam pelo menos US$ 250.000, disse Stein.

Poucos são os pequenos produtores que querem assumir esse risco. Especialmente no mercado de trabalho de hoje, com menos trabalhadores qualificados disponíveis. "É muito difícil para eles competir por trabalho e por terra. Começamos pequenos. Meu pai começou com duas vacas. Nós fomos lentamente aumentando nosso negócio, de forma que podemos empregar mais pessoas e dar a todos um salário de classe média. Não é que queríamos ser grandes, mas tivemos que crescer para sobreviver".

John Gould, dono da Har Fo Farms, em Pavilion, decidiu seguir uma direção diferente em seus esforços para manter uma fazenda comprada por seu pai em 1956. É uma decisão que muitos pequenos produtores têm que tomar para sobreviver. Devido à dificuldade de crescer com sua pequena fazenda leiteira, Gould tomou a decisão igualmente assustadora de transformar sua fazenda em certificada como orgânica.

A mudança para orgânica, que começou em 2005, demorou três anos. Envolveu construção de cercas (porque as vacas ficariam no pasto ao invés de serem confinadas), a colocação de linhas d'água e a construção de estradas. Leva tempo para que o rebanho se ajuste à dieta diferente - milho e soja cultivados sem pesticidas e herbicidas -, de forma que a produção de leite pode cair por um tempo. Os campos que antes dependiam de químicos para serem produtivos foram lentamente transformados em campos que removem mecanicamente as ervas daninhas e que podem tolerar algumas pragas.

"Você precisa pensar nessas coisas e planejar como vai lidar com isso", disse Gould. Porém, ele disse que conseguiu o que queria ao se transformar em um produtor de leite orgânico: ter uma pequena fazenda leiteira lucrativa e viável. "Essa parece ter sido uma boa decisão para nós. É certamente um estilo de vida diferente do tipo de produção que estávamos acostumados, mas continuamos fazendo leite de qualidade muito alta, que é muito importante para nós e para nossos clientes".

Isso ajudaria bastante a indústria de lácteos de Nova York, disse Stein, se fosse mais fácil para as pequenas fazendas leiteiras crescerem e ajudassem a suprir a maior demanda. "Temos todos que proteger o meio-ambiente, mas as atuais regulamentações ambientais estão impedindo o crescimento da indústria de lácteos de Nova York. O leite da Pepsi pode muito bem ter que vir de Michigan, porque eles têm leite suficiente e nós não, o que é uma vergonha".

A reportagem é do The Batavian, traduzida e resumida pela Equipe MilkPoint.
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