Estoque de queijo dos EUA atingiu recorde histórico

Os Estados Unidos acumularam seu maior estoque de queijo dos últimos cem anos de produção, desde que os reguladores começaram a controlar, o que foi resultado da crescente produção doméstica de leite e do baixo interesse dos consumidores por leite.

Publicado por: MilkPoint

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Os Estados Unidos acumularam seu maior estoque de queijo dos últimos cem anos de produção, desde que os reguladores começaram a controlar, o que foi resultado da crescente produção doméstica de leite e do baixo interesse dos consumidores por leite.

O estoque de 630,5 milhões de quilos, registrado pelo Departamento de Agricultura na semana passada, representa um aumento de 6% em relação ao ano passado, e um aumento de 16% desde que o excedente anterior provocou uma compra federal de queijo em 2016.

Segundo os analistas, os estoques de armazéns comerciais aumentaram porque os processadores têm muito leite em suas mãos, e o leite é armazenado mais facilmente como queijo. Outro fator que também diminui a demanda são as férias escolares de verão, à medida que os refeitórios fecham e os restaurantes deixam de oferecer os doces especiais que oferecem no inverno e início da primavera.

Alguns se preocupam com o fato de que os estoques se acumularão ainda mais se as tensões comerciais com a China e o México reduzirem as exportações de queijos. “Os preços dos queijos caíram acentuadamente”, dizem eles, erodindo as já estreitas margens dos produtores de leite.

Figura 1

Os excedentes de queijo tendem a crescer a cada ano. As vacas são mais produtivas na primavera, quando os dias são mais longos e a alimentação é melhor. Ao mesmo tempo, os americanos tipicamente comem menos queijo agora do que durante as férias, o ano letivo e a temporada de esportes de inverno.

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Mas os excedentes de verão estão crescendo mais. Melhor genética significa que as vacas produzem mais leite, e consolidação significa que as fazendas mantêm mais vacas. Não conseguindo vender o leite em litros ou galões - que os americanos estão abandonando, também em número recorde -, os processadores o transformam em queijo, manteiga e leite em pó.

"A produção de leite continua aumentando e o leite precisa encontrar um destino", disse Lucas Fuess, diretor de inteligência de mercado da HighGround Dairy, uma empresa de consultoria. "A questão deste ano é que, com tanta oferta, será difícil para muitos produtores serem lucrativos".

"Acredito que continuaremos estabelecendo esses registros", disse John Newton, diretor de inteligência de mercado da American Farm Bureau Federation. "Estamos produzindo mais leite. É inevitável. Esse leite precisa ser transformado em algo armazenável”.

Mas a enorme quantidade de queijo armazenado pode estar causando problemas. De acordo com Fuess, os preços dos queijos caíram nas últimas semanas, uma resposta tanto ao superávit quanto às crescentes preocupações comerciais.

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“Essa queda é problemática”, disse Mark Stephenson, diretor de análise de políticas de produtos lácteos da Universidade de Wisconsin, em Madison, porque o preço do queijo é um fator importante na equação usada pelo USDA para definir o preço que os produtores recebem pelo leite. O preço atual - US$ 33,86 por 100 quilos - está cerca de um dólar abaixo da média de 2017 e bem abaixo do preço que muitos produtores dizem que precisam para cobrir os custos.

"Quando os estoques ficam muito grandes, há queda nos preços”, disse ele. "E sim, isso recai sobre os produtores de leite".

Grupos de lácteos ainda não estão pedindo ao USDA para comprar o excedente - uma prática comum que Newton chama de “cheesing quantitativo”. Em 2016, os produtores de leite solicitaram que a agência comprasse mais de 40,8 milhões de quilos de queijo para reduzir a “montanha” de excedente de lácteos do país.

Michael Dykes, presidente da International Dairy Foods Association, afirmou que, embora os estoques estejam altos, ele está confiante de que os norte-americanos consumirão os produtos. Isso porque as proporções estoque-uso, uma medida da quantidade de queijo retirada do armazenamento, permaneceram constantes mesmo nesses níveis mais altos.

Além disso, alimentos com queijo continuam sendo uma característica da dieta dos EUA. Este recorde atual foi impulsionado por um acúmulo de queijos não-americanos, não suíços - em grande parte mozzarella, especialistas suspeitam - que poderiam ser atraídos pelas fortes vendas de pizza no verão.

No entanto, há um porém em seu cálculo, admite Dykes: o aumento das tensões comerciais. No ano passado, os Estados Unidos exportaram mais de 341 mil toneladas de queijo para países como o México e a China. Se esses países se voltarem para a Europa para comprar queijos, o estoque americano poderá crescer para níveis de crise. O USDA já começou a documentar tais preocupações entre os grandes fabricantes de queijos.

"Um dia de ordenha por semana vai para o mercado de exportação", disse Dykes. “Há muita incerteza agora. Eu não acho que nós realmente sabemos o que vai acontecer ainda”.

As informações são do The Washington Post, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

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