A Espanha enfrentou o mês de abril mais quente e seco da história. Entre a falta de forragem e o aumento dos preços dos alimentos, os criadores não têm escolha a não ser descapitalizar.
O país atravessa atualmente uma seca histórica, agravada em abril por uma onda de calor precoce. Do centro ao sul do país, a escassez de forragens é tanta que os criadores se veem obrigados a reduzir drasticamente seu rebanho. “Existem milhares de vacas para serem abatidas por falta de comida”, explica Ángel Santiago Garcia Garcia, criador de Charolês em Salamanca. “Estamos em plena campanha de forragem, mas há muito pouco e a preços excessivos. A palha também está escassa." Segundo a EFE Agro, agência de notícias espanhola especializada em informação agrícola, a produção de forragens secas deverá cair para metade na próxima campanha.
20 dias de espera para o abate
A descapitalização atingiu tal escala que os matadouros espanhóis estão sobrecarregados. O jornal espanhol El Mundo anuncia mais de "20 dias de espera" para o abate devido ao "congestionamento" das estruturas. “A maioria das fazendas manteve os rebanhos como estavam até o final de abril para se beneficiar da ajuda do Pac”, disse o produtor. O mês de maio corresponde, portanto, a um verdadeiro período de corte de carga para o setor.
Se os espanhóis estão habituados a variações no tamanho dos rebanhos, o criador de Charolês acredita que nunca viu uma “crise de tamanha magnitude”. Por falta de forragem, alguns criadores chegam a se desfazer de vacas jovens e animais inacabados.
“Os abates de machos e fêmeas aumentaram 14%” na semana passada, lê-se no relatório de mercado da Binéfar, no Nordeste de Espanha. “Alimentar os animais com a seca atual parece inviável para muitas fazendas.”
Alguns abatem 50% do rebanho
Assim como seus colegas, Angel Santiago Garcia Garcia planeja reduzir seu rebanho. A fazenda, que tem 170 animais da raça Charolês, em breve deverá ter apenas 120. Um corte significativo certamente, mas em menor escala em relação a alguns de seus vizinhos. “Há muitos que abatem 50% do rebanho”.
Especializado na venda de animais reprodutores, este estabelecimento permite uma “margem econômica levemente superior” que o ajuda a ultrapassar crises. Sua relativa autonomia alimentar também ajuda: “Eu produzo um pouco da forragem e da palha. Muitos, não”, continua o criador.
Forragem no centro dos debates
A ausência de palha e forragem desencadeia debates no país. O presidente da Asaja (Associação Agrária de Jovens Agricultores), Pedro Barato, pediu ao governo que redirecione a palha utilizada para a produção de energia para “enfrentar a escassez de alimentos para o gado”. O preço do coproduto dobrou por causa da estiagem.
As informações são do Agri Mutuel, traduzidas pela Equipe MilkPoint.