ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Efeitos benéficos da gordura do leite nos níveis de ômega-3

POR JULIANA SANTIN

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 11/01/2005

7 MIN DE LEITURA

1
0
Até recentemente, acreditava-se que a gordura do leite era ruim porque contém colesterol e gordura saturada, que aumentam os níveis de colesterol do sangue. Em contraste, os óleos vegetais são considerados bons para a saúde do coração porque não contêm colesterol e são ricos em ácidos graxos monoinsaturados e ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs), que reduzem o colesterol sangüíneo. Entretanto, existe uma crescente evidência de que a situação é mais complexa e de que a gordura do leite pode ter efeitos importantes nos níveis corpóreos de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa ômega-3 (n-3 LCPUFASs) - principalmente ácido eicosapentanóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), principais ácidos graxos que compõem o grupo ômega-3.

Ômegas são ácidos graxos poliinsaturados com estrutura semelhante a uma cadeia. O comprimento, o número e a posição das duplas ligações das cadeias fazem com que os ácidos sejam diferenciados entre si. Os ácidos graxos da família ômega-3, possuem a ligação rígida na terceira posição. O principal representante desta família, oriundo de fontes vegetais, é o ácido alfa-linolênico. No organismo, este ácido se converte em seus metabólitos de cadeia longa e insaturada, o EPA e o DHA, em um processo altamente complexo e limitado (11).

Importância dos ácidos graxos ômega-3 para a saúde humana

Os ácidos graxos ômega-3 pertencem a uma das duas famílias de PUFA importantes para o homem. A outra é composta pelo ômega-6 (Figura 1). Os ômega-3s são derivados do ácido α-linoléico (ALA) da dieta e os ômega-6s do ácido linoléico (LA) da dieta; entretanto, existem algumas fontes naturais de EPA e de DHA, incluindo leite materno, carne, ovos e peixes. Tanto o EPA como o DHA são importantes para a saúde humana em diferentes graus. O DHA, componente vital das membranas fosfolipídicas (particularmente na retina e no cérebro), é importante para bebês durante a gestação e a lactação, enquanto o EPA é mais importante em adultos. O EPA tem um papel na prevenção e administração de uma série de condições, incluindo doença cardíaca coronariana. Além disso, a maioria das pessoas pode se beneficiar de níveis maiores de ômega-3s. Atualmente, o aumento do consumo de peixes, óleos de peixes e alimentos fortificados com EPA/DHA tornou-se a forma mais fácil de se obter esses nutrientes. Entretanto, é possível aumentar a síntese endógena de EPA e DHA a partir do ALA aumentando a ALA da dieta ou através de outros mecanismos.

Alguns estudos indicam vários benefícios de uma dieta rica em ômega-3 (EPA e DHA) para a saúde de uma forma geral e, particularmente, para a manutenção da saúde cardiovascular, com efeito protetor ao coração. Ela atua reduzindo a agregação plaquetária, mantendo a saúde das paredes dos vasos sangüíneos, contribuindo para a regulação dos batimentos cardíacos, reduzindo os níveis de triglicérides no sangue e aumentando a taxa de HDL (colesterol bom), melhorando, assim, a proporção HDL/LDL - altas taxas de LDL aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A ingestão diária de EPA + DHA sugerida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 1 g (11).

Estudos apontam também benefícios dos ácidos graxos poliinsaturados para a saúde dos bebês. No caso, o ácido araquidônico - AA (da família ômega-6) e o ácido docosahexaenóico - DHA (ômega-3). Estes nutrientes são essenciais para o perfeito desenvolvimento do cérebro, olhos, coração e vasos sangüíneos dos bebês, reduzindo o risco de que nasçam de forma prematura ou abaixo do peso normal. Para tanto, é necessário que a mãe tenha reservas de ácidos graxos essenciais antes de engravidar, de forma a ter quantidade suficiente de AA e DHA disponível para o embrião já desde o início. Também durante a lactação, a mãe deve ingerir quantidade suficiente de ácidos graxos para que possa fornecê-los adequadamente ao seu bebê, por meio do seu leite, já que o organismo não produz quantidades adequadas destes nutrientes. Para crianças que não estão sendo amamentadas, recomenda-se o consumo de produtos industrializados adicionados de DHA e AA, como algumas fórmulas infantis presentes no mercado. Esta recomendação é sustentada por diversos organismos internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization - FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que sugerem que todos os alimentos processados para crianças devam conter estes nutrientes (11).

O ALA e o LA usam as mesmas enzimas para produzir ômega-3 e ômega-6 (Figura 1). O processo de dessaturação e alongamento da cadeia ocorre lentamente e de forma reduzida devido à competição pelas mesmas enzimas, de forma que a proporção de LA com relação à ALA na dieta pode influenciar a quantidade de ômega-3s produzidos. Uma série de estudos tem mostrado que a relação entre a proporção LA/ALA e os níveis de EPA e DHA é curvilínea. Inicialmente, quanto mais ALA é adicionado mais aumenta a conversão em ômega-3s, chegando a um platô, quando esse processo entra na fase inibitória na presença de altos níveis de ALA.

Figura 1. Conversão de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), ácido α-linoléico (ALA) e ácido linoléico (LA) em ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LCPUFA) do tipo ômega-3 e ômega-6.


Gordura do leite e ômega-3

Antes, acreditava-se que a única forma de aumentar os níveis de DHA era aumentar a ingestão de DHA na dieta. Entretanto, existem algumas exceções com a gordura do leite. O efeito nos níveis de DHA quando se inclui a gordura do leite é maior do que o esperado com relação a níveis comparativamente baixos de ALA total. A proporção dietética ótima de LA/ALA para síntese de EPA e DHA parece ser de aproximadamente 2:11. Essa proporção ocorre naturalmente na manteiga, embora com baixos níveis de PUFAs. A manteiga contém cerca de 1,5% de LA e 0,7% de ALA de ácidos graxos totais2. Mesmo com esses baixos níveis, dietas baseadas em gordura do leite produzem um efeito mais favorável no status de EPA e DHA do que dietas baseadas em óleos vegetais. Além disso, fórmulas baseadas em produtos lácteos produziram um maior nível de DHA nas células vermelhas do sangue do que fórmulas baseadas em óleos vegetais em bebês. Os bebês alimentados com leite materno produziram os maiores níveis de DHA3,4. Esse "efeito manteiga" foi confirmado em adultos. Lasserre et al descobriram que o consumo de gordura do leite produz maiores níveis de EPA e DHA do que o consumo de óleo de girassol (Figura 2)5.

Figura 2. Aumento de síntese de EPA e DHA pela ingestão de gordura do leite comparado com a ingestão de óleo de girassol5


Certamente ocorre um aumento nos níveis de colesterol com uma dieta rica em gordura láctea; entretanto, o colesterol não é necessariamente tão mal quanto se pensa. O Colesterol também tem efeitos positivos nos ácidos graxos ômega-3; não em sua síntese, mas em sua incorporação. Um estudo japonês comparou o efeito de bebês alimentados com duas fórmulas balanceadas para energia, ambas contendo 0,2% de DHA, mas somente uma contendo colesterol. No grupo que recebeu o colesterol, houve um aumento de 30% na incorporação do DHA dietético (6). Além disso, um dos muitos efeitos do ácido linoléico conjugado (CLA) é aumentar a síntese de DHA (7).

Conclusões

Existe uma série de formas pelas quais as gorduras do leite podem favoravelmente influenciar o status de EPA e de DHA. Conseqüentemente, dietas baseadas em manteiga podem ser tão efetivas quando a suplementação dietética com baixos níveis de óleo de peixe na melhora do status de ácidos graxos ômega-3 (8). O nível de colesterol aumenta, mas há um aumento similar no colesterol HDL e no LDL, de forma que a proporção HDL/LDL não se modifica (9).

Os alimentos lácteos representam a melhor fonte de cálcio e são muito importantes na infância para garantir uma ótima disposição de cálcio e fósforo nos ossos. Embora os alimentos lácteos com teor reduzido de gordura tenham ganhado a preferência dos consumidores nos últimos tempos, até que questões referentes aos potenciais benefícios da gordura do leite sejam respondidas, não se deve eliminar totalmente a gordura do leite da dieta.

Referências bibliográficas

1. Blank C, Neumann M, Makrides M, Gibson R. Original unpublished data.
2. Jensen RG. Handbook of milk composition. 1995. Academic Press. San Diego.
3. Sanders TA, Naismith DJ. Br J Nutr 1979; 41; 619-23.
4. Makrides M, Neumann MA, Byard RW, Simmer K, Gibson RA. Am J Clin Nutr 1994; 60: 189-94.
5. Lasserre M, et al. Lipids 1985; 20: 227-33.
6. Katoku Y, et al. Am J Clin Nutr 1996; 64: 871-77.
7. Sebedio JL, et al. Lipids 2001; 36: 575-82.
8. Mantzioris E, Cleland L, Gibson R. Neumann M, Demasi M, James M. Am J Clin Nutr 2000; 72: 42-8.
9. Sanders K, Johnson L, O'Dea K, Sinclair A. Lipids 1994; 29: 129-138.
10. The National Nutrition Survey - 1995.
11. Varella, R. Rev Leite & Deriv, set-out 2003. Publicado em: https://www.aleitamento_materno.blogger.com.br/2004_07_01_archive.html.
Fonte: Baseado em revisão apresentada por Dr Robert Gibson, diretor do Child Nutrition Research Centre, Adelaide, Austrália, durante o "Advances in Dairy Nutrition", organizado por Australian Dairy Corporation e Dairy Research and Development Corporation em 2002.

JULIANA SANTIN

Médica veterinária formada pela FMVZ/USP. Contribuo com a geração de conteúdo nos portais da AgriPoint nas áreas de mercado internacional, além de ser responsável pelo Blog Novidades e Lançamentos em Lácteos do MilkPoint Indústria.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

MARISTELA NEVES DA CONCEIÇÃO

MIRACATU - SÃO PAULO

EM 31/01/2005

É impressionante, se quisermos seguir todas as tendências e todas as descobertas científicas, no que diz respeito a alimentação, com certeza morreremos mais cedo. Na minha opinião os cientistas, principalmente quando o assunto é saude humana, deveriam ser um pouco mais responsáveis na divulgação de seus resultados. O que é comprovadamente bom e saudável hoje, amanhã deixa de sê-lo.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures