América do Sul: disputa EUA-China pode reduzir área de milho

A demanda da China por soja em meio à guerra comercial com os EUA deve reduzir o interesse dos produtores sul-americanos pelo plantio de milho na próxima safra e elevar o cultivo do grão nos EUA, tradicional produtor da commodity.

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A demanda da China por soja em meio à guerra comercial com os EUA deve reduzir o interesse dos produtores sul-americanos pelo plantio de milho na próxima safra e elevar o cultivo do grão nos EUA, tradicional produtor da commodity. A avaliação é de Sol Arciodiácono, analista da ED&F Man Capital Markets. “A situação externa requer um protagonismo maior da América do Sul. O mundo e a China querem que a América do Sul concentre seus recursos para a produção de soja”, afirmou a analista nesta terça-feira durante o Bloomberg Agri Vision.

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No caso da Argentina, ela estima plantio de 20 milhões de hectares com soja na safra 2018/19. O número é bem superior aos 18 milhões de hectares projetados pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires para o ciclo 2017/18.

Para o Brasil, Arciodiácono espera pouca mudança na oferta de milho, uma vez que a maior parte do plantio se dá durante a safra de inverno ("safrinha"), realizada sobre área de soja. Nos EUA, onde o cenário é inverso, a analista estima plantio de 40 milhões de hectares com milho no ciclo 2019/20 ante 36 milhões de hectares apontados pelo Departamento de Agricultura do país (USDA) para a safra atual, a 2018/19.

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A analista lembrou que, este ano, os EUA semearão mais soja do que milho pela primeira vez em mais de três décadas — cenário que se desenhou antes da guerra comercial com a China. “Essa linha vai se romper totalmente e o agricultor americano vai querer sair da disputa comercial entre China e Trump e retomar o plantio de milho no próximo ano”, disse ela.

Segundo a analista, o pacote de ajuda anunciado pela Casa Branca para os agricultores americanos deve contribuir para conter vendas a preços muito baixos, mas não deve evitar que esses produtores migrem de cultura no próximo ano-safra. “O subsídio foi algo bom por não deixar o agricultor sozinho, mas ele terá a chance de escolher o que vai plantar a partir de março e deve se voltar para o que for mais competitivo e estiver mais distante dessa disputa comercial”, avaliou.

Se confirmado esse cenário, a maior oferta americana de milho poderá pressionar as cotações do grão no próximo ano, uma vez que os cortes da América do Sul não seriam capazes de cobrir a maior produção nos EUA. “Isso seria muito baixista para os preços porque os EUA têm um rendimento médio de milho que é o dobro do da Argentina e o triplo do Brasil”, concluiu.

As informações são do jornal Valor Econômico.

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