Diferentes sistemas de produção e comparativo entre Brasil e Nova Zelândia são destaque do 2o dia do Interleite 2011

O segundo dia do Interleite 2011, realizado de 6 a 8 de julho em Uberlândia (MG), contou com ótimas palestras que abordaram diferentes sistemas de produção e o comparativo entre a produção de leite no Brasil e na Nova Zelândia. A primeira apresentação foi de Roberto Jank Jr., da Agrindus S.A., o 2o maior produtor de leite do país. Com produção de 14,8 milhões de litros de leite em 2010, Roberto falou da intensificação e verticalização da empresa, e dos desafios da produção de leite no país.

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O segundo dia do Interleite 2011, realizado de 6 a 8 de julho em Uberlândia (MG), contou com ótimas palestras que abordaram diferentes sistemas de produção e o comparativo entre a produção de leite no Brasil e na Nova Zelândia. Segue um resumo do que os palestrantes falaram para o público de 915 participantes.

A primeira apresentação foi de Roberto Jank Jr., da Agrindus S.A., o 2o maior produtor de leite do país. Com produção de 14,8 milhões de litros de leite em 2010, Roberto falou da intensificação e verticalização da empresa, e dos desafios da produção de leite no país.

O sistema de produção que se iniciou em pasto com suplementação em 1945, mudou para o confinamento total em 1984, piquete com feed line até 1991 e alojamento em free stall desde 1992. As mudanças, segundo Roberto, trouxeram enormes benefícios em termos de produtividade e eficiência na produção, mas destacou o processo de intensificação como "uma importante maneira de garantir a sustentabilidade e preservação do meio. É possível aumentar produção e produtividade sem que haja derrubada de matas". O novo projeto para os próximos 5 anos é de construir outro free stall que possam abrigar mais de 2.000 animais em lactação.

A verticalização teve inicio com o processamento em laticínio próprio e desenvolveu-se para uma marca própria, a Letti. A marca produz leite tipo A, iogurtes e creme pasteurizado com certificação Kosher - uma planta processadora de queijo já está sendo construída -, de aproximadamente 65% do leite produzido na fazenda, sendo o restante vendido como leite fluído. O processo de verticalização veio da necessidade de agregar valor ao leite e diversificar a atividade, devido as dificuldades da macroeconomia brasileira. Por essa razão a Agrindus diversificou sua atividade também para a produção de suco de laranja, produção de aves para corte e venda de gado holandês PO - o grupo possui o maior rebanho desse tipo do país.

Outro ponto interessante levantado por Roberto Jank Jr., que apareceu em uma das perguntas feitas durante o debate, foi a possibilidade de implantação de um grande projeto de produção de leite no Nordeste. "O projeto já existe e estamos procurando investidores. O Nordeste é uma região em crescimento e que o consumo de derivados irá aumentar bastante acompanhando o crescimento de renda da população".

Depois Ron St. John, produtor norte-americano com rebanho de 16.500 animais em 3 propriedades, comparou a produção de leite a pasto irrigado com a em confinamento. Jon mostrou números e benefícios interessantes do sistema de irrigação a pasto analisados sob a ótica da sustentabilidade e do "retorno sobre o investimento".

Em termos econômicos, John explicou as vantagens de ter menos capital mobilizado no sistema a pasto e concluiu que o retorno sobre capital seria maior, que permite que consiga financiamento para expansão. Ele já possui 2 fazendas a pasto e colocará a terceira, mas disse também que se tiver um confinamento com um bom desconto, irá comprar.

O retorno sobre investimento (ROA, em inglês) foi de 14,4% no sistema de confinamento e de 24% no sistema a pasto em 2011, onde as vacas representam maior percentagem do patrimônio. Na comparação utilizando-se como base o litro de leite, o custo foi de US$ 0,380/litro no sistema de confinamento e US$ 0,304/litro no sistema a pasto, o que garantiu um lucro líquido de US$ 0,143/litro e US$ 0,153/litro, respectivamente.

Slide traduzido da apresentação de Ron St. John durante o Interleite 2011

Figura 1


Por fim, Jeremy Casey, produtor na Nova Zelândia e sócio do projeto Leite Verde no Oeste da Bahia fez uma comparação de duas fazendas com 600 vacas em lactação, uma situada na Nova Zelândia (Craigellachie) e outra no Brasil (Leite Verde). Ele fez uma comparação do ambiente físico, performance financeira e análise de SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) de ambas as localidades (veja os slides a seguir).

Slides da apresentação de Jeremy Casey durante o Interleite 2011 comparando sistemas de produção de leite na Nova Zelândia e Brasil.



A conclusão de Jeremy é de que é mais vantajoso o investimento na produção de leite no Brasil, com um retorno sobre o investimento de 16,6% frente a 8,1% para a Nova Zelândia. Sendo os custos de capital investido na NZ significativamente mais altos do que no Brasil, devido principalmente ao preço da terra, o que compensam os custos de produção mais caros, 22% acima do da NZ. O preço do leite no Brasil também é mais alto (R$ 0,70 x R$ 0,87/litro, segundo ele).

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Michel Kazanowski
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 10/11/2011

Caro Rafael,

É complicado dar palpite sobre algo que não se conhece na pratica. Como sabemos, os rebanhos americanos tem a maior média mundial. No entanto, existem la rebanhos acima de 18.000lts/vaca/ano, e rebanhos muito abaixo da média nacional. Não ha uma uniformidade nacional em 10.000lts/vaca/ano. Nem tudo por la é mar de rosas, ainda mais num rebanho deste tamanho.

De qualquer forma, pensando em ganhar dinheiro com leite, o fator mais importante na formação do lucro obtido da atividade é a precisão na alimentação das vacas. Melhorar o conforto dos animais é muito importante e reduz perdas, aumenta a capacidade produtiva, evita até morte de animais. E nesse contexto entra os sistemas confinados, que por concentrarem os animais numa densidade maior tem se a oportunidade de dar a eles conforto nesse reduzido espaço.

No entanto, vacas que não vivem num spa, mas que sejam bem alimentadas irao produzir alto volume de leite. De nada adianta conforto sem alimentação de qualidade. Por isso a maior preocupação de um produtor deveria ser dar o melhor alimento possivel, e na quantidade necessaria. E nesse alimento, o mais importante é o volumoso. Pasto, silage, pré-secado, feno... não importa, desde que tenha alta qualidade. Isso maximiza consumo, reduz o uso de concentrados e reduz custo de produção.

Ja disseram aqui, que vacas que produzem 40 litros no confinamento não chegam a 20 no pasto. Tenho vacas produzindo mais de 50 no pasto. Elas produziriam mais de 100 no confinamento? Duvido que passassem de 60. Desde que bem alimentadas e com o minimo de conforto elas podem produzir muito. O grande desafio de produzir a pasto é fazer as vacas comerem. No verão, das 10 da manha até as 04 da tarde elas não saem da sombra, enquanto no confinamento estão no cocho se alimentando. Tem como reverter isso? O que lhe impede de alimenta-las com capim colhido, silage, feno, etc, em uma area sombreada, um barracão com ventiladores, ou qualquer outro ambiente confortavel nessa hora?

Portanto, nesse exemplo pode ser que os animais no pasto tenham um manejo muito correto e se alimentam muito bem, proporcionando uma boa média. No entanto este rebanho pode não ter uma capacidade produtiva tão alta. Mesmo colocando em um confinamento a média não subiu muito. Com esse resultado, o confinamento não se mostrou atrativo diante do investimento feito.

Mas podem ocorrer muitas variaveis dependendo de rebanho, clima, mão-de-obra, capacidade gerencial... Não dá pra tomar o resultado de um unico produtor como referencia para o seu sistema. Isso que torna essa atividade tão apaixonante. O resto é conversa pra boi dormir.



Abraço



Michel Kazanowski
RAFAEL
RAFAEL

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/11/2011

Michel seu comentario faz muito sentido, mas o interessante é que esse produtor começou com o confinamento, por lógica imaginariamos que os animais tenham vindo de tal!

Será qual o detalhe que provoca essa diferença baixa entre as produções? Isso é no minimo incomum!
Michel Kazanowski
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 20/07/2011

Um dado importante na comparação dos dois sistemas pasto x confinamento:

Periodo de Jan/Mai - 151 dias

Média das vacas confinadas: 29/dia

Média das vacas pasto: 25/dia

Sabe-se que o que aumenta o custo em sistemas confinados é o alojamento dos animais. A média das vacas a pasto esta otima. Pela média das confinadas supoe-se que são as mesmas vacas alojadas em um confinamento.

É isso que muitas veses produz resultados que favorecem um ou outro sistema. Estas vacas são excelentes para sistema a pasto mas sao inadequadas para bons resultados financeiros em confinamento. Há um custo elevado por animal alojado no confinamento. Aumentando a produtividade das vacas é a forma mais eficaz de diluir os custos de alojamento e aumentar o lucro desse sistema.

Portanto na hora de optar por um ou outro sistema é imprecindivel analisar as particularidades de cada um. O que faz um sistema a pasto ou confinado ser lucrativo e avaliar qual a sua situação e em qual desses sistemas sua propriedade melhor se adequa.

Eficiencia e profissionalismo é a chave do negócio. Quanto ao amadorismo, a falta de renda sempre sobrepoe a paixão pelo sistema.
Renato Alexandre Borges
RENATO ALEXANDRE BORGES

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/07/2011

Esta matéria mostra que o Brasil tem a possibilidade de ser viavel ambos os sistemas de produção, seja confinamento ou mesmo a pasto, mas os dois exigem um detalhe importante nos dias de hoje, a profissionalização do setor. Acredito que a profissionalização do setor será sem duvida o maior peso para os produtores de leite trabalharem não mais como "tiradores de leite" e sim como empresarios rurais, buscando e acreditando nas tecnologias apresentadas, seja em confinamento, seja em pastagens. Nos dois casos, o investimento e o controle do custo, que basico mas poucos utilizam deste recurso para controle e planejamento da atividade, devem ser direcionados para o aumento da produção de leite de forma sustentavel.
Franco Ottavio Vironda Gambin
FRANCO OTTAVIO VIRONDA GAMBIN

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/07/2011

É,voce compara numeros  e ai fica louco  e sem saber como  fazer mais nada. Segundo materia do Ron  comparando confinamento /pasto a alimentação tem omesmo custo, se nossa mão de obra é mais barata então os processos se equivalem.....    , já segundo os dados do Geremy: o gado de leite custa menos na NZ  e segundo  o" línformatore agrario.it "   na região de  Milão o produtor recebe 0,3938 euros por litro isto é R$ 0,92  por litro  ( na Alemanha 0.40 ,na França 0,41 EUROS, menos que paga a COOPER São José dos Campos SP. Como  os produtores de lá fazem não sei , mas uma novilha  gravida de 7 meses vale R$ 3400,00 ou 1480 Euros    a soja vale R$ 1,26 por  Kg  e o milho na Holanda importado dos USA   R$ 0,52 por quilo.. quem quiser fazer contas tem um bom prato cheio.


Creio que no nosso caso  e de minha região os custos altos dos insumos de devam ao chamado custo BRASIL,em Jambeiro 40- Km de SãoJosé dos Campos o milho custa R$60,00 por 60Kg.


De vemos ser eficientes e ousar mais ou     ...............?
Qual a sua dúvida hoje?