A primeira apresentação foi de Roberto Jank Jr., da Agrindus S.A., o 2o maior produtor de leite do país. Com produção de 14,8 milhões de litros de leite em 2010, Roberto falou da intensificação e verticalização da empresa, e dos desafios da produção de leite no país.
O sistema de produção que se iniciou em pasto com suplementação em 1945, mudou para o confinamento total em 1984, piquete com feed line até 1991 e alojamento em free stall desde 1992. As mudanças, segundo Roberto, trouxeram enormes benefícios em termos de produtividade e eficiência na produção, mas destacou o processo de intensificação como "uma importante maneira de garantir a sustentabilidade e preservação do meio. É possível aumentar produção e produtividade sem que haja derrubada de matas". O novo projeto para os próximos 5 anos é de construir outro free stall que possam abrigar mais de 2.000 animais em lactação.
A verticalização teve inicio com o processamento em laticínio próprio e desenvolveu-se para uma marca própria, a Letti. A marca produz leite tipo A, iogurtes e creme pasteurizado com certificação Kosher - uma planta processadora de queijo já está sendo construída -, de aproximadamente 65% do leite produzido na fazenda, sendo o restante vendido como leite fluído. O processo de verticalização veio da necessidade de agregar valor ao leite e diversificar a atividade, devido as dificuldades da macroeconomia brasileira. Por essa razão a Agrindus diversificou sua atividade também para a produção de suco de laranja, produção de aves para corte e venda de gado holandês PO - o grupo possui o maior rebanho desse tipo do país.
Outro ponto interessante levantado por Roberto Jank Jr., que apareceu em uma das perguntas feitas durante o debate, foi a possibilidade de implantação de um grande projeto de produção de leite no Nordeste. "O projeto já existe e estamos procurando investidores. O Nordeste é uma região em crescimento e que o consumo de derivados irá aumentar bastante acompanhando o crescimento de renda da população".
Depois Ron St. John, produtor norte-americano com rebanho de 16.500 animais em 3 propriedades, comparou a produção de leite a pasto irrigado com a em confinamento. Jon mostrou números e benefícios interessantes do sistema de irrigação a pasto analisados sob a ótica da sustentabilidade e do "retorno sobre o investimento".
Em termos econômicos, John explicou as vantagens de ter menos capital mobilizado no sistema a pasto e concluiu que o retorno sobre capital seria maior, que permite que consiga financiamento para expansão. Ele já possui 2 fazendas a pasto e colocará a terceira, mas disse também que se tiver um confinamento com um bom desconto, irá comprar.
O retorno sobre investimento (ROA, em inglês) foi de 14,4% no sistema de confinamento e de 24% no sistema a pasto em 2011, onde as vacas representam maior percentagem do patrimônio. Na comparação utilizando-se como base o litro de leite, o custo foi de US$ 0,380/litro no sistema de confinamento e US$ 0,304/litro no sistema a pasto, o que garantiu um lucro líquido de US$ 0,143/litro e US$ 0,153/litro, respectivamente.
Slide traduzido da apresentação de Ron St. John durante o Interleite 2011

Por fim, Jeremy Casey, produtor na Nova Zelândia e sócio do projeto Leite Verde no Oeste da Bahia fez uma comparação de duas fazendas com 600 vacas em lactação, uma situada na Nova Zelândia (Craigellachie) e outra no Brasil (Leite Verde). Ele fez uma comparação do ambiente físico, performance financeira e análise de SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) de ambas as localidades (veja os slides a seguir).
Slides da apresentação de Jeremy Casey durante o Interleite 2011 comparando sistemas de produção de leite na Nova Zelândia e Brasil.
A conclusão de Jeremy é de que é mais vantajoso o investimento na produção de leite no Brasil, com um retorno sobre o investimento de 16,6% frente a 8,1% para a Nova Zelândia. Sendo os custos de capital investido na NZ significativamente mais altos do que no Brasil, devido principalmente ao preço da terra, o que compensam os custos de produção mais caros, 22% acima do da NZ. O preço do leite no Brasil também é mais alto (R$ 0,70 x R$ 0,87/litro, segundo ele).
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