Dados mostram mudanças no hábito de consumo dos lácteos

Enquanto as vendas de leite comum estão em declínio há anos e a produção de iogurte dos EUA caiu após o pico em 2014, novos dados mostram o crescimento contínuo do consumo de queijos, manteiga, café pronto para beber, iogurtes de beber e bebidas proteicas com produtos lácteos. Isso sugere que o crescente interesse por produtos de origem vegetal não levou a uma 'fuga em massa' dos consumidores de lácteos, mas que os hábitos de consumo estão mudando.

Publicado por: MilkPoint

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Enquanto as vendas de leite comum estão em declínio há anos e a produção de iogurte dos EUA caiu após o pico em 2014, novos dados mostram o crescimento contínuo do consumo de queijos, manteiga, café pronto para beber, iogurtes de beber e bebidas proteicas com produtos lácteos. Isso sugere que o crescente interesse por produtos de origem vegetal não levou a uma ‘fuga em massa’ dos consumidores de lácteos, mas que os hábitos de consumo estão mudando.

De acordo com dados do IRI para o ano civil de 2017, as vendas varejistas nos EUA de leite fluído caíram 2,4% nos canais medidos, enquanto as vendas de alternativas vegetais subiram 4%. No entanto, as vendas de leite aromatizado cresceram 1,8%, as vendas de leite sem lactose aumentaram 13,6%, as vendas de iogurtes subiram 19,2% e as vendas de café refrigerado pronto para consumo - que muitas vezes é misturado com leite - aumentaram 22,8%.

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"De manhã, enquanto as pessoas podem não estar mais colocando leite junto dos cereais, elas estão obtendo leite de diferentes maneiras", disse Paul Ziemnisky, vice-presidente executivo de parcerias globais de inovação da Dairy Management, uma organização financiada pelos produtores de leite dos Estados Unidos e importadores e responsável pelo direcionamento do consumo.

Figura 1

“Talvez eles estejam tomando iogurte grego com granola, latte da Starbucks, Dunkin Donuts com 70-80% de leite, frappé do McDonalds McCafé ou um leite com proteínas de sabor chocolate ou morango. Vale destacar que quando falamos em leite, muitos consumidores pensam em fonte de cálcio, mas, há uma grande oportunidade para a indústria lembrá-los que o produto também possui proteína de alta qualidade. É interessante pensar em maneiras de como o leite pode ser disponibilizado, pois já estamos vendo dados sugerindo que o leite com sabor, por exemplo, está direcionando o consumo de leite nas escolas”.

Produtos integrais estão ganhando força

Os produtos lácteos integrais também vêm ganhando força, já que os compradores buscam opções de 4% de gordura láctea nas categorias leite, iogurte, requeijão, queijo natural, queijo cottage, creme azedo e novidades congeladas, segundo dados do IRI, com participação percentual no total de leite aumentando de 33% em 2012 para mais de 40% nos primeiros cinco meses de 2018. Isso é um possível sinal de que provavelmente as vendas de leite desnatado e com baixo teor de gorduras estão ‘perdendo terreno’.

Figura 2

O setor de lácteos também tem investido em campanhas que promovam os lácteos como alimentos pouco processados comparado por exemplo, com as opções vegetais. No corredor dos spreads (produtos cremosos, como o requeijão e a manteiga, por exemplo), o posicionamento como ‘comida de verdade’ está realmente destacando a manteiga, que continuou ganhando força sobre as margarinas à base de óleo vegetal. A opção está sendo vista como mais natural e menos processada. Também, apresenta um rótulo mais simples e limpo, fato que – para os consumidores - também está associado à saúde. Segundo Ziemnisky, os lácteos com mais gorduras estão ganhando força visto que o paladar é mais agradável e eles saciam mais.  Na categoria de sorvetes, marcas como Halo Top, Enlightened e Arctic Zero estão se destacando devido a menor lista de ingredientes e menos calorias.

“Tudo isso serve como um lembrete de que os consumidores têm diferentes preocupações dependendo da categoria e dependendo da ocasião de uso, e que gosto, estados de necessidade emocional e outros fatores são tão importantes quanto a nutrição e a sustentabilidade na tomada de decisões”, disse Ziemnisky.

Outras categorias

As vendas de leite com chocolate estão crescendo tanto por causa do sabor, como também, por várias marcas disponibilizarem opções para recuperação esportiva, como a Fairlife. Ela atende a demanda por mais proteínas e menos açúcar e atingiu US$ 250 milhões em vendas no ano passado.

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Em vez de se concentrar obstinadamente em cessar o declínio das vendas de leite comum, a nova campanha "Undeniably Dairy", nos Estados Unidos, abrange uma ampla gama de categorias de lácteos que refletem a mudança nos padrões alimentares. "Há muito mais opções ao leite do que apenas o galão branco. Por isso, estamos realmente empenhados em atender aos estilos de vida em evolução dos consumidores".

Lácteos versus bebidas vegetais

Questionado sobre os desafios específicos na categoria de leite fluido, onde o leite está perdendo terreno para as bebidas de amêndoas, caju, coco e outras alternativas à base de plantas, o diretor científico da National Dairy Council, Greg Miller, disse: “Há muita desinformação na internet sobre nutrição e saúde e as vozes mais altas parecem estar vindo do setor vegano. Isso é lamentável, porque os consumidores não percebem que um copo de leite tem 8g de proteína, enquanto um copo de leite de amêndoa tem 1g. A soja tem mais proteína, mas suas vendas estão diminuindo. O leite também contém outros nutrientes que as bebidas à base de plantas não têm, e mesmo quando as fortificam, apenas adicionam cálcio e vitamina D, enquanto o leite contém potássio, iodo, fósforo e vitaminas B2 e B12, além de cálcio [encontrado naturalmente no leite] e a vitamina D [que é adicionada ao leite]. Também sabemos que o cálcio nas bebidas à base de plantas não é tão bem absorvido”.

Segundo Greg,  as recomendações atuais de proteína se baseiam em necessidades mínimas, mas dados mais recentes indicam que as pessoas necessitam de uma ingestão mais alta, especialmente à medida que envelhecem e começam a perder massa corporal magra. "Portanto, a ingestão ótima é maior do que a recomendada atualmente. A outra coisa que eu diria é que a qualidade da proteína em bebidas à base de vegetais não é a mesma proteína completa que se obtém no leite de vaca”.

Crianças e leite de vaca

Quanto às crianças, disse ele, alguns especialistas em nutrição infantil, como a Canadian Pediatric Society, também começaram a alertar os pais que nem todas as opções de leite à base de plantas são equivalentes ao leite. “Os profissionais de saúde continuam recomendando que as crianças recebam leite suficiente em suas dietas e a Academia Americana de Pediatria está impulsionando e disseminando o consumo do produto nas refeições”.

As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e resumidas pela Equipe MilkPoint.

Figura 3

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