A gente mal percebe aquela fresta da porta ou da janela até que chega o dia que a água ou o vento tentam invadir nossas casas. Porém, muitas moradias precárias, feitas de tapumes e lonas, são cheias dessas aberturas indesejadas. Por isso, o projeto Brasil Sem Frestas usa caixinha de leite reciclada para revestir as paredes e o teto dessas residências.
Como resultado, além de fechar os buracos, elas criam um efeito de isolamento térmico, que traz mais conforto a quem está do lado de dentro. O projeto surgiu no Rio Grande do Sul, mas foi em Curitiba que cresceu e se instalou de vez.
Voluntários – que hoje chegam a 130 – coletam as embalagens longa vida, separam por tamanho, abrem e as costuram umas nas outras, para formar as placas de revestimento. Em dias determinados, eles levam todo o material necessário para a casa selecionada. E assim cobrem tudo com as placas, usando grampeadores de pressão.
Uma típica embalagem de leite longa vida é formada por camadas de papel cartão, polietileno e folha de alumínio. Segundo o site do projeto, o papel cartão proporciona estabilidade e resistência. É sobre sua superfície que os fabricantes imprimem o nome e as informações sobre os produtos. Além disso, o polietileno protege da umidade extrema. E o alumínio abriga o produto do oxigênio e da luz, preservando sabor e valor nutricional.
Da mesma forma, nas placas costuradas pelo projeto, o lado com o alumínio fica para dentro, o que traz melhor impermeabilização e um clima mais agradável. O isolamento térmico chega a 8ºC, afirma o projeto. O Brasil Sem Frestas já atuou em 86 casas. Há postos de coleta em Curitiba, para arrecadar as caixas e outros materiais, como grampos, luvas e tesouras. Quem não é de Curitiba também pode colaborar, enviando o material pelo Correio.
O projeto está crescendo, e hoje conta com “multiplicadores” em outros municípios do país, como São Paulo (SP), Santos (SP), Caxias do Sul (RS), Chapecó (SC) e Salvador (BA). Além de melhorar o ambiente no interior das casas, o Brasil Sem Frestas ainda contribui para evitar que essas embalagens terminem em lixões.
As informações são da Catraca Livre.