Crescem vendas de alternativas ao plástico, mas preço é o maior desafio

Claudio Bastos começou a pensar em alternativas para o plástico muito antes de empresas começarem a abandonar os canudos feitos com o material. Em 2002, o engenheiro decidiu procurar saídas sustentáveis para diminuir o volume do lixo -e acabou criando um negócio.

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Claudio Bastos começou a pensar em alternativas para o plástico muito antes de empresas começarem a abandonar os canudos feitos com o material. Em 2002, o engenheiro decidiu procurar saídas sustentáveis para diminuir o volume do lixo —e acabou criando um negócio. 

A solução estava na mandioca-brava. Fonte renovável, tem uma fécula que é matéria-prima ideal para copos, bandejas e bowls 100% biodegradáveis. “Eu queria fazer um produto bacana, investi anos nisso. Nunca me preocupei em vender”, afirma. Mesmo assim, o negócio deslanchou. 

Desde 2012, sua empresa, a CBPak, cresce quase 100% ao ano. Hoje opera na capacidade máxima —fabrica 1 milhão de unidades por dia— e tem clientes como Google e Uber, que veem sentido em pagar R$ 0,80 num copo biodegradável contra os R$ 0,10 de um de plástico.

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Segundo o empresário, é difícil competir em termos de custo com a indústria petroquímica e nem todo o mundo está disposto a pagar mais caro. Empresas de perfil mais moderno, porém, costumam ver o valor agregado na alternativa ao plástico.

Figura 1Claudio Bastos com os copos que faz na CBPak, em seu laboratório no Rio.

Ele agora busca maneiras de fomentar políticas públicas para incentivar a produção de opções biodegradáveis no setor de embalagens, que movimenta R$ 71,5 bilhões por ano e é dominado pelo plástico, fonte de um terço das embalagens. “Precisamos de medidas decentes para promover o consumo consciente. As pessoas ainda discutem o preço, enquanto vendemos valor”, diz.

Trabalhar a conscientização também é um dos desafios de Patrícia Ponce, sócia de Natália Naime na Bio & Green.

Figura 2Patrícia Ponce (à esq.) e Natália Naime, sócias da empresa Bio & Green, em seu escritório em SP

Nascida de uma pesquisa na USP, em 2011, a empresa faz vasos biodegradáveis a partir do bagaço da cana de açúcar, um dos resíduos da agroindústria. “Ainda explico muito o que é ser biodegradável e as diferenças entre nosso produto e um convencional”, conta.

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Enterrado, um vaso da marca se decompõe em 30 dias e vira adubo —o plástico pode levar até 200 anos. Em cima de uma bancada, ele não tem prazo de validade. O vaso é cerca de sete vezes mais caro que um de plástico. “Clientes que visam exclusivamente o lucro optam pelos produtos de origem petroquímica, não tem jeito. O bem-estar do planeta fica em segundo plano”, analisa. Localizada no Ipiranga, zona sul de São Paulo, a empresa produz 300 mil vasos por mês e em breve fabricará bandejas. As vendas têm crescido a cada ano, diz Patrícia, que não informa o faturamento.

Seus produtos podem ser comprados pelo site da empresa, em lojas de produtos sustentáveis e, a partir deste mês, na rede de lojas para animais Petz. Mesmo assim, as vendas ainda não são suficientes para que a empresa caminhe sozinha.  Patrícia depende de sócios investidores. 

Plásticos solúveis são outra alternativa explorada por empresas brasileiras. Criada em 2013 em Ribeirão Preto, a Hidrossolúvel comercializa um plástico biodegradável que desaparece na água. O material pode ser utilizado na construção civil, na indústria têxtil e na hospitalar. Segundo Mateus Breda, gerente administrativo da empresa, serão vendidas 50 toneladas do material neste ano e a meta é dobrar o número até 2023.

Nas universidades, há estudos com potencial de virar negócio. A química Bianca Maniglia desenvolve desde 2010 um plástico feito a partir de resíduos de açafrão e babaçu que se degrada em até 40 dias. Hoje, ela estuda resistência e rigidez do material em seu pós-doutorado na USP. 

O produto ainda não está pronto, mas testes comprovam que tem potencial de uso na indústria farmacêutica e em embalagens ativas, que interagem com o alimento e ajudam na sua conservação. “Ele precisa ter melhores propriedades mecânicas para ser competitivo”, conclui Bianca.

As informações são do jornal Folha de São Paulo.

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