Durante os depoimentos do primeiro dia de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada em Minas Gerais para apurar discrepâncias na composição do preço do leite, os produtores defenderam o tabelamento do leite. O presidente da Comissão Nacional de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Paulo Roberto Bernardes, afirmou ser contra qualquer tipo de intervenção do Governo na economia, mas ressalvou que somente um tabelamento poria fim ao desequilíbrio entre o valor pago ao produtor - cerca de R$ 0,30 - e o valor de venda do produto - que varia de R$ 0,99 a R$ 1,45.

Bernardes atribuiu "às margens de lucro absurdas de operação dos supermercados" o elevado preço ao consumidor, apesar de ter-se verificado, neste ano, a queda do preço ao produtor, em plena entressafra. Ele condenou que cerca de 5 redes controlam 50% do setor supermercadista.

Na opinião de Bernardes, a alternativa ao tabelamento seria explicitação pública de documentação contábil, pelos supermercados, dos preços de compra do leite, para que haja transparência na composição do preço do produto. Segundo ele, as indústrias "não têm coragem" de brigar com os supermercados, temendo que seus produtos sejam alijados das prateleiras.

Segundo o deputado estadual João Batista de Oliveira, presidente da CPI, os representantes dos supermercados serão chamados para depor ainda este mês.

O diretor-secretário da Faemg, Roberto Simões, também defendeu a transparência como instrumento de recomposição equilibrada do preço em todos os níveis da cadeia produtiva de leite, da produção à ponta do comércio. Ele disse que a CPI já registrou efeito psicológico, motivando a queda do preço de oferta do leite em um supermercado onde, há algumas semanas, o preço era de R$ 1,45, e agora está em torno de R$ 1,05.

Fonte: Hoje em Dia/MG (por Tânia Araújo), adaptado por Equipe MilkPoint