Os alimentos lácteos têm uma longa história de oferecer nutrientes importantes para a saúde e o bem-estar, associado a um excelente sabor (1). Ao longo dos anos, a indústria de lácteos vem oferecendo uma crescente variedade de opções de alimentos lácteos para suprir as demandas dos consumidores em termos de sabor, nutrição e saúde. Esses alimentos lácteos incluem leite desnatado, leite com sabor, leite sem lactose, iogurtes variados e mais de 300 variedades de queijos, incluindo queijos com sal e sódio reduzido (1). Como o leite e os alimentos lácteos são fontes concentradas de nutrientes de uma forma econômica e conveniente, eles têm uma posição importante em um grupo separado no guia dietético do Governo dos Estados Unidos (2-4). Várias evidências científicas indicam que o consumo de porções recomendadas de alimentos lácteos com baixo teor de gordura está associado com melhores ingestões gerais de nutrientes e com a melhora na qualidade da dieta, o que pode ajudar a reduzir o risco de certas doenças crônicas (5-7). No entanto, a maioria dos americanos não consome a quantidade recomendada de alimentos lácteos (8,9), limitando, dessa forma, sua ingestão de nutrientes presentes nesses alimentos e, possivelmente, aumentando os riscos de algumas doenças crônicas. No Brasil, embora o consumo de lácteos tenha crescido de forma expressiva nos últimos anos, chegando a 161 litros per capita em 2010, o consumo per capita de lácteos ainda está bem abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, de 200 litros per capita ao ano (http://www.milkpoint.com.br/mercado/giro-lacteo/alb-consumo-de-lacteos-cresce-60-em-30-anos-69881n.aspx).
Com a atual prevalência alta de sobrepeso e obesidade nos Estados Unidos (10,11) e as deficiências no consumo de nutrientes essenciais entre os americanos (2,3,7,12,13), está sendo dada atenção ao consumo de alimentos densos em nutrientes (ou seja, alimentos que fornecem quantidade significante de nutrientes com relação a calorias) (3,14). O guia dietético do Governo norte-americano de 2010 encoraja o consumo de alimentos e bebidas densos em nutrientes e reconhece que os produtos lácteos com baixo teor de gordura como alimentos densos devem ser consumidos (3).
Diferença entre o consumo e a recomendação de ingestão de lácteos
O Guia Dietético para Americanos de 2010 (3) e o MyPlate (www.choosemyplate.gov), nova ferramenta de educação e gráfica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para ajudar os consumidores a fazerem escolhas de alimentos saudáveis consistentes com o guia, recomenda 3 copos de leite desnatado e produtos lácteos por dia para pessoa de 9 anos de idade ou mais; 2 copos e meio para crianças de 4 a 8 anos; e 2 copos para crianças de 2 a 3 anos de idade. Pesquisas sobre o consumo indicam que a maioria das crianças e adultos não está consumindo quantidades adequadas de leite e produtos lácteos (8,9,15). De acordo a Pesquisa Nacional de Avaliação de Saúde e Nutrição (NHANES, sigla em inglês) de 2007-2008, em média, a maioria dos grupos etários, com exceção do grupo de 2-3 anos, não cumprem o número recomendado de porções de lácteos por dia (15, Tabela 1). Os americanos com 2 anos ou mais estão consumindo em média cerca de 2 (1,7) porções de lácteos por dia (15).
Tabela 1. Porções diárias médias de lácteos consumidas comparado com as porções recomendadas (15)

* Porções em equivalentes em copos de leite: 1 copo de leite ou iogurte, 45 gramas de queijos naturais ou 56,6 gramas de queijos processados. Incluem lácteos em misturas de alimentos feitos com lácteos (como molhos, sanduíches, pizza).
A adição de uma porção a mais de lácteos por dia pode ajudar a suprir as recomendações do guia dietético de 2010 e ajudar a preencher algumas lacunas nas dietas dos americanos (16). No geral, o consumo de leite e produtos lácteos é menor entre as mulheres do que entre os homens e declina com a idade (2,15). O Comitê Conselheiro do Guia Dietético dos Estados Unidos reportou que mais de 90% a 95% de todas as mulheres e meninas, com exceção das meninas de 9 a 13 anos de idade, consomem menos do que a quantidade recomendada de leite e produtos lácteos e mais de 75% a 90% dos homens adultos consomem menos que a quantidade recomendada de leite e produtos lácteos, comparado com mais de 50% dos meninos com idade de 9 a 18 anos (2). As tendências no consumo de bebidas de 1977 a 2006 mostram que o consumo de leite entre as crianças e adultos dos Estados Unidos declinou, enquanto o consumo de bebidas ricas em energia e pobres em nutrientes, como refrigerantes e sucos de fruta, aumentou (17,18).
Pacote único de nutrientes dos lácteos e contribuição para a dieta
Teor de nutrientes do leite e produtos lácteos. O grupo de alimentos lácteos contribui de forma substancial com muitos nutrientes da dieta que são importantes para uma boa saúde, incluindo cálcio, potássio, fósforo, magnésio, zinco, proteínas, vitamina A, vitamina D, vitamina B12 e riboflavina (19). Esse pacote único de nutrientes não é encontrado em muitos outros alimentos.
Os produtos lácteos são fontes excelentes (isto é, fornecendo 20% ou mais do valor diário recomendado nos rótulos dos alimentos) ou boas (isto é, fornecendo 10% a 19% ou mais desse valor diário) de uma variedade de nutrientes (21). Por exemplo, uma porção de leite fortificado com vitamina A e D é uma excelente fonte de cálcio, vitamina D, riboflavina, fósforo e vitamina B12 e uma boa fonte de proteína, potássio e vitamina A (21). Muitos queijos são excelentes fontes de cálcio e boas fontes de proteínas e fósforo, uma porção de muitos iogurtes podem ser fontes excelentes de cálcio, fósforo, riboflavina e proteína e uma boa fonte de potássio e zinco (21).
Os alimentos lácteos são também uma fonte econômica de nutrientes. Uma análise recente que classificou os alimentos de acordo com seu teor de nutrientes e dados dos preços dos alimentos do USDA mostrou que o leite e os produtos lácteos estão entre as fontes de menor custo de cálcio, proteína, vitamina A, vitamina B12 e riboflavina (22).
Contribuição de nutrientes dos alimentos lácteos à oferta de nutrientes dos EUA. Desde 1909, o USDA tem reportado as quantidades de nutrientes per capita nos alimentos disponíveis para o consumo (23). Estimativas de nutrientes per capita são usadas para avaliar o valor e a adequação da oferta de alimentos para suprir as necessidades nutricionais dos americanos. Durante os anos, esses dados consistentemente mostraram que o leite e outros produtos lácteos fazem uma contribuição significante para a oferta de nutrientes do país. Como estimado em 2005, os alimentos lácteos (excluindo manteiga) contribuíram com somente 7,6% das calorias totais disponíveis (23). Além disso, esses alimentos fizeram uma contribuição significante para a disponibilidade de nutrientes essenciais, incluindo 70% de cálcio, 30% de fósforo, 25% de riboflavina, 18% de vitamina B12 e proteína, 16% de potássio e vitamina A, 15% do zinco e 14% do magnésio (23).
Apesar de os padrões de consumo de leite e produtos lácteos serem menores do que as quantidades recomendadas, mesmo os atuais níveis de consumo de lácteos fazem uma importante contribuição para a ingestão de nutrientes essenciais entre os americanos de 2 anos ou mais (19, Figura 1). De acordo com dados de ingestão de nutrientes do NHANES 2003-2006, o consumo de alimentos lácteos contribui com somente 10% das calorias diárias da dieta dos americanos em média, embora contribua com uma porcentagem significante de muitos nutrientes essenciais (19).

Com relação a alimentos lácteos específicos, dados do NHANES 2003-2006 mostram que o leite contribui com somente 5% das calorias da dieta dos americanos, ainda que contribua com uma porcentagem significante de nutrientes essenciais (19, Figura 2). Os queijos contribuem com 21% do cálcio, 11% do fósforo, 9% de vitamina A, 8% de proteína e 7% de zinco, enquanto contribuem com somente 4% das calorias nas dietas dos americanos (19).
Referências bibliográficas
1. International Dairy Foods Association. Dairy Facts 2010. Washington, DC: International Dairy Foods, November 2010.
2. Dietary Guidelines Advisory Committee, 2010. Report of the Dietary Guidelines Advisory Committee on the Dietary Guidelines for Americans, 2010, to the Secretary of Agriculture and the Secretary of Health and Human Services. Washington, DC: U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, May 2010. www.cnpp.usda/DGAs2010-DGACReport.htm. Accessed April 15, 2011.
3. U.S. Department of Agriculture and U.S. Department of Health and Human Services. Dietary Guidelines for Americans, 2010. 7th Edition. Washington, DC: U.S. Government Printing Office. December 2010. www.dietaryguidelines.gov. Accessed April 15, 2011.
4. Weaver, C.M. Physiol. Behav. 100: 63, 2010.
5. Huth, P.J., D.B. DiRienzo, and G.D. Miller. J. Dairy Sci. 89: 1207, 2006.
6. Huth, P.J., V.L. Fulgoni, III, D.B. DiRienzo, et al. Nutr. Today 43: 226, 2008.
7. Nicklas, T.A., and M. Van Loan. J. Am. Coll. Nutr. 28: 69s, 2009.
8. Krebs-Smith, S.M., P.M. Guenther, A.F. Subar, et al. J. Nutr. 140: 1832, 2010.
9. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, Beltsville Human Nutrition Research Center, Food Surveys Research Group. Fluid Milk Consumption in the United States: What We Eat in America, NHANES 2005-2006. Food Surveys Research Group Dietary Data Brief No. 3, October 2010. http:/ars.usda.gov/Services/docs.htm?docid=19476. Accessed June 26, 2011.
10. Ogden, C.L., M.D. Carroll, L.R. Curtis, et al. JAMA 303: 242, 2010.
11. Flegal, K.M., M.D. Carroll, C.L. Ogden, et al. JAMA 303: 235, 2010.
12. Moshfegh, A., J. Goldman, and L. Cleveland. What We Eat in America, NHANES 2001-2002: Usual Nutrient Intakes from Food and Water Compared to Dietary Reference Intakes. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, 2005.
13. Moshfegh, A., J. Goldman, J. Ahuja, et al. What We Eat in America, NHANES 2005-2006: Usual Nutrient Intakes from Food and Water Compared to 1997 Dietary Reference Intakes for Vitamin D, Calcium, Phosphorus, and Magnesium. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, 2009.
14. The Naturally Nutrient Rich Coalition. Live Well! Enjoy Nutrient-Rich Foods Tool Kit. www.nutrientrichfoods.org (under Health Professionals). Accessed July 21, 2011.
15. Dairy Research InstituteT Proprietary NHANES 2007-2008 analyses. Data Source: Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Health Statistics, National Health and Nutrition Examination Survey Data. Hyattsville, MD: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, 2007-2008. www.cdc.gov/nchs/nhanes.htm.
16. Fulgoni, V., III, D.R. Keast, E.E. Quann, et al. FASEB J. 25: 993.2 (abstr.), 2011.
17. Popkin, B.M. Physiol. Behav. 100: 4, 2010.
18. Smith, T.A., B.-H. Lin, and J.-Y. Lee. Taxing Caloric Sweetened Beverages: Potential Effects on Beverage Consumption, Calorie Intake, and Obesity. ERR-100. U.S. Department of Agriculture, Economic Research Service, July 2010. http://tinyurl.com/38s6276. Accessed May 6, 2011.
19. Dairy Research InstituteT, Proprietary NHANES 2003-2006 analyses, Ages 2+years. Data Source: Centers for Disease Control and Prevention, National Center for Health Statistics, National Health and Nutrition Examination Survey. Hyattsville, MD: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, 2003-2004; 2005-2006. www.cdc.gov/nchs/nhanes.htm. Accessed April 15, 2011.
20. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service. USDA National Nutrient Database for Standard Reference. Release 23, 2010. Nutrient Data Laboratory Home Page. www.ars.usda.gov/ba/bhnrc/ndl. Accessed April 15, 2011.
21. Dairy Research InstituteT. Quick-Reference Guide. Nutrition Claims for Dairy Products. 2011. www.innovatewithdairy.com/Pages/Quick-ReferenceGuide.aspx. Accessed July 14, 2011.
22. Drewnowski, A. Am. J. Clin. Nutr. 91: 1095s, 2010.
23. Hiza, H.A.B., L. Bente, and T. Fungwe. Nutrient Content of the U.S. Food Supply, 2005. U.S. Department of Agriculture, Center for Nutrition Policy and Promotion, Home Economics Research Report No. 58. March 2008.
Baseado no artigo " Dairy Foods: A Major Nutrient Contributor to Americans' Diets", do National Dairy Council (http://www.nationaldairycouncil.org) - Dairy Council Digest Archives, Volume 82, Número 5 setembro/outubro de 2011.