Concentração de empresas marca nova fase do setor

O setor de leite começa a seguir o caminho dos frigoríficos. Há uma consolidação maior da indústria por meio da concentração de empresas. Mais um passo foi dado na semana passada, quando a gaúcha Bom Gosto adquiriu a catarinense Laticínios Cedrense. As empresas estão se consolidando para a cadeia ficar mais forte, segundo Wilson Zanatta, diretor-presidente do laticínio gaúcho. "Faz parte do jogo, embora não seja fácil."

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O setor de leite começa a seguir o caminho dos frigoríficos. Há uma consolidação maior da indústria por meio da concentração de empresas. Mais um passo foi dado na semana passada, quando a gaúcha Bom Gosto adquiriu a catarinense Laticínios Cedrense. Quarta colocada no ranking nacional, a Bom Gosto passa a industrializar 1,2 bilhão de litros de leite por ano, segundo a empresa, atrás de Nestlé (2 bilhões), Perdigão (1,6 bilhão) e Itambé (1,3 bilhão).

As empresas estão se consolidando para a cadeia ficar mais forte, segundo Wilson Zanatta, diretor-presidente do laticínio gaúcho. "Faz parte do jogo, embora não seja fácil." Os laticínios chegam a essa concentração um pouco mais tarde do que os frigoríficos, mas esse é o caminho a ser seguido, diz ele.

Maria Helena Fagundes, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), diz que a concentração já fica evidente até nas estatísticas. Há cinco anos, as empresas com SIF (Serviço de Inspeção Federal) somavam 1.700. Hoje, estão perto de 1.500. Esses números mostram que há o desaparecimento das pequenas e médias, "mas as atuais são mais bem organizadas e com escala maior".

Mas não são apenas as pequenas empresas que diminuem suas atividades no mercado. Assim como ocorreu com os frigoríficos, muitos laticínios apostaram no setor antes da crise do ano passado, fazendo grandes investimentos. A falta de crédito e o enxugamento do mercado trouxeram dificuldades financeiras para muitos. Um dos exemplos é a própria Bom Gosto, que, além da compra da semana passada, já havia adquirido uma unidade da Parmalat em Garanhuns (PE) no início do ano. Recentemente, adquiriu também a fábrica da Nestlé em Barra Mansa (RJ).

Assim como ocorre com várias commodities, o Brasil também será um dos grandes participantes do mercado mundial de leite. Competitividade nos custos, área disponível e avanço na tecnologia vão colocar o país na rota do mercado internacional, segundo a analista da Conab. Um dos gargalos, no entanto, é a qualidade do leite.

O país ainda necessita investir mais em qualidade, concorda Aline Barrozo Ferro, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Mas a concentração que vem ocorrendo eleva a qualidade do leite porque as grandes empresas passam a exigir matéria-prima melhor.

O setor de laticínios segue os passos dos frigoríficos também no avanço ao setor externo. A Bom Gosto, que pretende se fortalecer ainda mais com a abertura de capital, está a caminho do Uruguai, onde tem um projeto ousado de abertura de uma nova indústria. "Vamos aproveitar a qualidade e o reconhecimento deles no mercado externo", diz Zanatta.

A matéria é de Mauro Zafalon, publicada na Agrofolha, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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Marcos Almeida Junqueira Reis
MARCOS ALMEIDA JUNQUEIRA REIS

LEOPOLDINA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/12/2009

Nos mercados mundiais organizados, COOPERATIVAS dominam o mercado. Não enormes conglomerados que acentuam o caráter oligopsônico do mercado.

E como prova disso, de se dizer que no movimento de concentração experimentado atualmente pelo mercado, era de se esperar que os ganhos logísticos e de sinergia fossem sentidos, com aumento de rentabilidade do negócio.

Você produtor experimentou este ganho?

Somente o bolso dos donos dos laticínios tem experimentado estes ganhos, e com auxílio do governo, que financia esta concentração (O BNDESpar tem 25% da Bom Gosto, até onde sei, por exemplo).

Enquanto não tivermos estruturas cooperativas profissionalizadas, ficaremos cada vez mais na mão desta oligopsonia. Mas esta profissionalização somente virá quando a legislação impeça que os diretores se encastelem indefinidamente, e exijam regras de governança similares aos das SA. Chegado este dia, certamente o governo financiará os produtores, via cooperativas PROFISSIONALIZADAS, e não mais os aventureiros que se enriquecem à custa do sacrifício e da bancarrota de milhões de brasileiros Brasil afora.

Paremos de falar e lutemos por uma reforma legislativa urgente do setor cooperativo, para que haja a profissionalização do setor. Sem isso, os Zanatas continuarão enriquecendo e rindo de nós, cambada de amadores.

É a minha opinião.
Luciano Paiva Nogueira
LUCIANO PAIVA NOGUEIRA

SETE LAGOAS - MINAS GERAIS

EM 02/12/2009

Em mercado não há coincidência. Os grandes grupos engolindo os pequenos sem nenhum fechamento de usina significa dizer que, ao menos para os grandes, produzir derivados do leite dá muito dinheiro. E como bem observou o Guilherme, dará ainda mais, com o leite mais barato ainda. Minas Gerais é um exemplo claro disso: não há concorrência entre grandes laticínios, mas sim um "acordo de cavalheiros". Onde um está, o outro não entra, para não "inflacionar" o mercado.
Laércio Barbosa
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/12/2009

Duas obsevações:
A diminuição do número de empresas sob fiscalização do SIF vem facilitar e não dificultar o trabalho da fiscalização, pois como a quantidade de fiscais é limitada, fica mais fácil fiscalizar um menor número de empresas, mesmo que em plantas maiores.
Por outro lado, o volume do leite sob inspeção tem aumentado, e não diminuido.

Seguem os dados: o volume sob inspeção subiu de 16,6 bilhões de litros em 2006 para 19,2 bilhões em 2008. Já o leite sem inspeção caiu de 8,7 bilhões para 8,3 bilhões de litros no mesmo período.
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/12/2009

Prezados Senhores: Vejo com muito maus olhos esta "concentração de empresas" eis que a mesma representa, em verdade, uma cartelização do mercado lácteo, com o poder de compra e decisão sobre o leite restrito a poucos grupos, o que tolhe, de forma indene de dúvidas, à concorrência saudável e pode manter o preço em patamares muito aquém do que deveria estar (pior do que atualmente se encontra). Isto, num mercado tão injusto como o do leite, será, a longo prazo, um verdadeiro cataclismo. Lado outro, a diminuição do volume de laticínios vinculados ao Sistema de Inspeção Federal é sinal vermelho por dois aspectos: o primeiro, de que o número de laticínios caiu consideravelmente nestes últimos anos e, o segundo, de que a qualidade do produto, também, ante a não fiscalização de muitas plantas. Este poder concentrado pode, ainda, causar o desaparecimento do pequeno produtor - ou mesmo, acelerar seu desaparecimento que, a meu ver, é inevitável em face das condições do meio ambiente lácteo brasileiro. Finalmente, discordo do nosso companheiro Carlos Antônio Serafim, posto que entendo que o prejuízo não é do consumidor final, blindado que se encontra pela lei da oferta e da procura, mas, sim, do produtor que não terá condições de barganha - hoje, já tão reduzidas - para auferir um preço mais digno por sua produção.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
Paulo Marcos Ribeiro da Veiga
PAULO MARCOS RIBEIRO DA VEIGA

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/12/2009

A concentração das indústrias de laticínios não é boa para o produtor de leite, pois diminui a concorrencia e consequentemente haverá uma tendencia de diminuição dos preços pagos aos produtores como ocorre em setores onde há concentração da indústria.
Um bom exemplo e o que ocorre na citricultura paulistas, onde um pequeno número de esmagadoras estão deprimindo o preço da laranja pago ao produtor, fazendo com que muitos pequenos e médios citricultores abandonem a citricultura, e os conseguem ficar estão em grandes dificuldades financera.
Claudio Winkler
CLAUDIO WINKLER

CARAMBEÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/12/2009

É preciso lembrar também que há muitas empresas que, mesmo não trabalhando sem inspeção, tem apenas inspeção estadual, visto que atendem apenas ao mercado local, intra-estadual. Isto também pode acabar maquiando, de certa forma, os dados. Mas a tendência de aglutinação existe, isto está claro, e de fato acompanha o que acontece no mercado dos frigoríficos (na verdade, no caso de empresas como a Vigor, os dois setores acabam se misturando, não é mesmo?).
CARLLOS ANTONIO SERAFIM
CARLLOS ANTONIO SERAFIM

CAMPO BELO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/12/2009

Olha, este processo de concentração muitos acreditavam que ja poderia ter acontecido a mais de 05 anos, mas a cada ano que se passa esta tendência é adiada, sera por que isto acontece? Bom ao meu ver continuo acreditando que o setor de lacteos do Brasil é um dos mais atrasados do mundo, com relação a tecnologia, investimentos, mercado interno e externo, falta de politicas voltada para o setor, custo caro de produção, entrada de produtos importados, concorrência desleal, enfim, estamos atrasados do resto do mundo pelo menos uns 20 anos.

Eu vejo com certa preocupação esta diminuição de SIF conforme informado na materia publicada pela Agrofolha, sabe porque? Deve ter aumentado consideravelmente o leite não inspecionado em nosso pais, que ja é um numero excessivo. Também vejo com certa preocupação tanta concentração pois numa economia em desenvolvimento como a nossa e sem estratégia podemos penalizar ainda mais o nosso pobre consumidor que no final é quem paga a conta.
Qual a sua dúvida hoje?